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Exploração de cães: cruzamentos desmedidos criam filhotes doentes

Criadores originaram indústria de mistura de raças com promessas de beleza, saúde e não alergia. Índice de procedimentos mal sucedidos fazem com que animais sejam abandonados doentes em abrigos

23 fev 2014 - 13h36
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Filhotes têm alta procura e são criados em larga escala em fazendas e centros de criação
Filhotes têm alta procura e são criados em larga escala em fazendas e centros de criação
Foto: Getty Images

Nos últimos cinco anos, uma revolução canina tem sido vista em parques, ruas e jardins da Grã-Bretanha. Junto com as raças conhecidas de cães – como os labradores, spaniels e retrievers - dezenas de novos cruzamentos apareceram, de mistura entre chihuahua e yorkshire, de maltês com poodle e pinscher miniatura com pug. Os amantes de cães chegam a gastar R$ 8 mil, para fazer cruzamentos de raças. As informações são do Daily Mail. 

A popularidade do ato foi impulsionada anda mais pela noção que algumas misturas dão origem a cães que não causam alergia em humanos, além de serem mais saudáveis e terem o sistema imunológico fortalecido. Mas os efeitos negativos já começaram a surgir e cruzamentos estão criando cachorros vulneráveis, doentes crônicos e sujeitos a infecções.  

Com isso, são abandonados. Hoje, milhares de cães “usados” pelos homens estão largados em gaiolas apertadas, em galpões imundos, à espera de um novo dono. Muitos sofrem com parasitas, problemas renais, doenças cardíacas e respiratórias. 

No início deste mês, o australiano criador do primeiro labrador cruzado com poodle expressou pesar: "Frankenstein". Wally Conron contou que ao criar o primeiro cão da mistura já havia diagnosticado uma série de problemas. Ele tentou cruzar um labrador com poodle para ajudar uma mulher cega, cujo marido era alérgico à maioria dos cães-guia. O gesto “amável” alimentou uma indústria lucrativa e profundamente prejudicial. 

O “labradoodle” se tornou popular e até a atriz Jennifer Aniston chegou a ter um. Enquanto a experiência continua sendo um dos cruzamentos mais bem sucedidos, alguns sofrem de defeitos congênitos, incluindo distúrbios oculares e problemas no quadril. “Para cada um perfeito, você vai encontrar um monte de doentes. Há uma grande quantidade de cães abandonados lá fora", afirmou Conron. 

A raiz do problema está na falsa ideia de que, através do cruzamento de raças, acontece o vigor híbrido: a de que uma maior mistura genética produz um animal saudável. "Pode ser muito perigoso", disse o veterinário Marc Abraham, que fundou a instituição de caridade Pup Aid, e lançou uma petição online para banir os cruzamentos irresponsáveis no reino Unido. A proibição será debatida no Parlamento no próximo mês.

"Labradores são propensos a problemas no quadril, e poodles a falhas na visão. O cruzamento fará com que os filhotes tenham propensão para ambos os problemas”, explicou Abraham. Quanto a eles não causarem alergia, o veterinário disse que é uma ideia falsa. Além disso, a criação dos pets em “larga escala”, faz com que sejam cuidados de qualquer jeito, mal socializados e separados das mães o que pode tornar os filhotes agressivos. 

O Doodle Trust, que resgata labradoodles indesejados e outros cruzamentos de raças  com poodle, também expressou a preocupação de que os proprietários simplesmente não são capazes de lidar com a exuberância de tais cães, que são energéticos e facilmente ficam entediados.

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Fonte: Terra
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