Futuro grisalho: pesquisa revela hábitos dos idosos na internet
99% das pessoas com mais de 60 anos usam a internet todos os dias para ler notícias, falar com familiares e amigos ou produzir conteúdo
Um novo momento histórico bate à porta: pela primeira vez, teremos mais pessoas acima de 60 anos do que jovens nos próximos 30 anos, segundo levantamento do National Institute of Aging (NIH) dos Estados Unidos. Portanto, é fundamental compreender a relação de pessoas na terceira idade com a tecnologia, qual a sua rotina de uso e quais são as dificuldades em relação à adesão da internet.
Este foi o desafio da pesquisa “Design de futuros: internet na terceira idade”, que ouviu mais de 200 idosos, entre 60 e 92 anos, de diversos perfis e regiões do Brasil.
O mapeamento realizado pela consultoria Tuia, especializada em design e experiência do usuário, também contou com a participação de especialistas da área de Design e Tecnologia, além de análises de artigos e relatórios, para mapear soluções digitais que beneficiam não somente os idosos atuais, mas também os que chegarão nas próximas décadas.
“O Design de Futuros é uma estratégia de mercado que auxilia empresas de todos os setores a repensarem produtos, se adequarem a novas tendências e tecnologias e também a entender uma necessidade ou novidade comportamental dos consumidores, possibilitando a criação de um produto ou serviço inédito”, explica Gilmar Gumier, fundador da Tuia.
Preferências na internet
De acordo com a CNDL (Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas), houve um aumento de 12% no uso de internet por pessoas da terceira idade durante a pandemia da Covid-19, já que as pessoas idosas eram o público de maior risco.
Mesmo com o cenário pandêmico controlado, o hábito não mudou e a frequência de acesso é alta: 99% das pessoas com mais de 60 anos usam a internet todos os dias, sendo que 78% deles afirmam não precisar da ajuda de terceiros para navegar na rede; 44% contaram com a ajuda de familiares e conhecidos para começar a usar a internet, enquanto 26% aprenderam sozinhos e uma média de 21% aprendeu durante o trabalho.
Cerca de 59% entrevistados disseram que começaram a utilizar a internet para se manter informados, falar com amigos e familiares (55%), aprender a utilizar novas tecnologias (52%) e trabalhar (42%). Assim como a internet, o número de pessoas com mais de 60 anos que possui um telefone celular para uso pessoal, principal meio de conexão, também aumentou de 66,6% para 71,2%.
Em relação ao sistema operacional, o Android é o mais utilizado entre a população da terceira idade e as marcas de celulares mais populares são Samsung e Motorola.
As principais dificuldades citadas pelos mais velhos ao usarem a internet são a falta de familiaridade com as ferramentas e a linguagem online (26%), o bloqueio ou perda de senhas (15%), apagar documentos por engano (7%) e limitações motoras, visuais ou de memorização (7%).
Eles são muito ativos nas redes sociais
As redes sociais também são fortemente acessadas por 81% dos respondentes, seguido por atividades como ler notícias (68%) e enviar mensagens de texto instantâneas (57%), nas seguintes redes: WhatsApp (92%), Facebook (85%), YouTube (77%) e Instagram (69%). Outras atividades frequentes são: fazer videochamadas, assistir vídeos, filmes e séries por streaming, pesquisar preços e promoções, além de utilizar serviços bancários digitais.
Atualmente, as atividades preferidas dos idosos na internet são: obter informações, assistir lives, shows, aulas de atividades físicas e meditação com o objetivo de se manterem ativamente saudáveis, segundo um levantamento da Unati/UEM (Universidade da Terceira Idade - Universidade Estadual de Maringá). Mas há também os que utilizam a internet para produzir e compartilhar conteúdo como influenciadores digitais.
“Como tenho diabetes há anos, comecei a fazer lives para ajudar as pessoas e compartilhar informação. Então o meu instagram passou a ter vários seguidores, mas não dou muita atenção para esta rede, prefiro utilizar a minha conta no Instagram”, diz Carmen Wills, 92 anos.
(*) HOMEWORK inspira transformação no mundo do trabalho, nos negócios, na sociedade. É criação da Compasso, agência de conteúdo e conexão.