Kate e William gastariam cerca de R$ 10 mil mensais com babá 24 horas
Tradição na família real, cuidadora pode ganhar mais de R$ 172 mil por ano e precisa saber primeiros-socorros, desenvolver criatividade e preparar refeições saudáveis
Em abril de 2011, no dia 29, o casamento entre o príncipe William e Catherine Middleton, no Reino Unido, foi assunto no mundo inteiro nos veículos de comunicação, redes sociais e, claro, entre os britânicos. No final de 2012, a duquesa de Cambridge, que ganhou destaque por ser uma princesa moderna, anunciou a gravidez, e mais uma vez chamou a atenção por sair do tradicional: ela preferiu não contratar uma babá 24 horas para os primeiros anos de vida do filho e assumir a maternidade em tempo integral. O salário de uma babá poderia custar mais de R$ 10 mil mensais à família real, segundo agências especializadas no Reino Unido.
Mãe de primeira viagem, ela, porém, terá a italiana Antonella Fresolone como ajudante para quando precisar comparecer a eventos, segundo a agência de notícias Ansa. Antonella será a governanta do palácio de Kensington, onde moram Kate e William, foi recomendada pela rainha Elizabeth II e trabalhou por 13 anos no palácio de Buckingham. De acordo com a Ansa, a profissional receberá um salário anual de cerca de R$ 73 mil, não muito significativo se comparado aos R$ 21,4 mil gastos só com a primeira noite de internação em suíte de luxo no Hospital de St. Mary, onde Kate fez o parto, segundo o The Sun.
Solteira e sem filhos, Antonella, 42 anos, nasceu em Lamporecchio, perto da cidade toscana de Pistoia, fez um curso de babás e passou em um concurso para trabalhar no palácio de Buckingham. Ela passou anos como uma das principais empregadas domésticas da rainha e ficou famosa por sua ética, dedicação e talento para culinária. Entre as atribuições de Antonella, estão limpar os cômodos, arrumar as roupas da família, cozinhar e cuidar do cachorro do casal. Ela trabalhará em média de 37 horas semanais, com horas extras quando necessário, e receberá alojamento gratuito, segundo o site Express.
Antes de o casal anunciar a dispensa de uma cuidadora em tempo integral, a expectativa para o nascimento do bebê real movimentou as escolas de babás no Reino Unido. O interesse pela vaga não é à toa, para famílias comuns, uma babá no país pode cobrar mais de R$ 679 por dia, de acordo com a agência Royal Nannies, mais de R$ 172 mil por ano, segundo a Norland Agency – escola de babás da elite inglesa onde se formou Olga Powell, que cuidou de William e Harry -, e profissionais da agência Imperial Nannies já receberam ofertas de mais de R$ 400 mil anuais de russos, chineses e xeiques, informou o The Wall Street Journal.
Peneira de babás
Mas para entrar no mercado de "nannies" não é tão fácil. Na Royal Nannies, por exemplo, a profissional precisa ter cinco anos de experiência com crianças, não ter problemas com a Justiça e ter conhecimento em primeiros-socorros. Na agência Norland, é necessário passar por um curso sobre habilidades criativas – com foco em jogos e brincadeiras para crianças - e práticas – fundamentadas nas necessidades físicas do bebê e da criança -, economia doméstica – baseada em conhecimentos nutricionais - e um ano de estágio sujeito a avaliações.
A equipe da agência Norland informou que o processo de seleção de uma babá para uma família comum e a Real não tem diferenças nas etapas, mas apenas nas exigências de cada uma. “O procedimento para escolha de uma babá geralmente consiste em entrevista com a família pela equipe da Norland e depois a recomendação de uma profissional”. Segundo porta-voz da Tinies Childcare, Kristen Harding, cada família tem necessidades diferentes, como tempo de dedicação à função, viagens e tarefas. “Checamos as referências, fazemos uma entrevista e a apresentamos à família. Se a família for da alta sociedade, a babá deve assinar termo de confidencialidade”, disse.
“Para tempo integral, o salário pode chegar a R$ 2,7 mil por semana”, segundo Kristen, em troca da responsabilidade sobre tudo que está relacionado à criança. De acordo com agências do Reino Unido, as babás são responsáveis por preparar refeições saudáveis, dar banho, lavar e passar as roupas, limpar e organizar os brinquedos, promover atividades para o desenvolvimento da criança, acompanhar em viagens de férias, levar e buscar na escola, preparar festas de aniversário e cuidar caso haja adoecimento. A profissional tem direito a quarto privativo e alimentação na casa, geralmente.
As babás Reais
Kate e William abriram mão de uma tradição que segue por anos na monarquia britânica, o pontapé inicial da mudança ocorreu com a princesa Diana, a favor de uma participação maior dos pais na educação dos filhos. William e o irmão Harry tiveram babás, mas a presença da princesa e do príncipe Charles II foi constante, segundo o jornal Huffington Post. Nos anos 1980, quem cuidava dos dois era a babá-chefe Barbara Bames e Olga Powell, que ficou com a Família Real por 15 anos e morreu em 2012, segundo o Daily Mail. Além de Ruth Wallis e Tiggy Legge-Bourke.
De acordo com o jornal Huffington Post, as babás de Harry e William tinham participação coadjuvante na educação e cuidados, situação inédita na história da família Real. Uma das atribuições da profissional era ensinar os filhos de Diana e Charles II a se comportarem de acordo com a etiqueta da monarquia, bem como ajudar na formação de personalidade e repreender erros.
Do príncipe Charles II, cuidaram as babás Mabel Anderson – que deu suporte emocional a ele quando os pais ficaram longe por seis meses e ele estava apenas com três anos - e Helen Lightbod que acompanhou uma série de viagens da família. As duas passaram anos cuidando dos filhos da rainha Elizabeth II, segundo o Daily Mail. Na época, a vida pessoal de uma babá era restrita às atribuições profissionais e questões pessoais ou contatos além dos limites da realeza eram desencorajados.
A majestade, por sua vez, também foi cercada por babás na infância, entre elas, Clara Knight e Marion Crawford, de acordo com informações do Huffington Post. Era esperada a dedicação total das babás à família e, embora a maioria fosse solteira, eram tratadas pelo título de senhora como forma de respeito. As profissionais tinham a responsabilidade de elaborar rotinas rígidas para as crianças com estudo, descanso, exercícios e lazer, informou o jornal.
