Leite materno dura 15 dias congelado e 12 horas na geladeira
Todas as entidades de saúde nacionais recomendam a amamentação exclusiva até os seis meses do bebê. Organização Mundial de Saúde, Sociedade Brasileira de Pediatria e Ministério da Saúde são as principais delas. A tarefa, no entanto, não é fácil, principalmente para as mães que trabalham e precisam voltar ao mercado logo depois do parto. Dependendo do cargo e da empresa em que se trabalha, é possível conciliar. Mas nem todas têm a mesma sorte.
Quando isso não ocorre, a melhor opção é extrair o leite, armazená-lo e dar ao bebê quando ele sentir fome, uma preparação que deve ocorrer 15 dias antes da mãe voltar ao trabalho. As bombinhas podem ser utilizadas, mas o melhor é retirar manualmente o leite, que dura até 12 horas na geladeira e 15 dias congelado. O descongelamento deve ser feito em banho-maria, sem fervê-lo diretamente.
O uso de mamadeiras deve ser evitado, já que normalmente o bebê desmama rapidamente quando ela é introduzida. “No peito, ele tem de coordenar movimentos de sucção, da língua, das mandíbulas. Mamar na mamadeira é mais simples, mais fácil. Uma vez testada, o bebê prefere essa forma de se alimentar”, diz o integrante do Departamento Científico de Aleitamento Materno da Sociedade Brasileira de Pediatria e especialista em lactação Jefferson Pereira Guilherme. O uso de leites artificiais também não é recomendado. Por serem mais doces do que o leite materno, eles incentivam o desmame.
Lei garante amamentação
Além da licença-maternidade, que varia entre quatro e seis meses, a extração do leite também pode ser feita quando as mulheres estiverem no trabalho: a lei brasileira garante meia hora pela manhã e meia hora à tarde para as mães fazeem isso. “É muito importante que a mulher consiga retirar o leite, porque o mecanismo que faz a produção é o esvaziamento da mama. Quanto mais tempo o seio ficar cheio, menos leite ele produz”, diz Guilherme. O ideal é que as empresas ofereçam às funcionárias salas exclusivas, um ambiente tranquilo para fazer essa extração e armazenar o leite para que a criança consuma mais tarde.
“A sociedade ocidental tenta resgatar a cultura da amamentação. Nos anos 1960 e 1970, pensávamos que era possível a substituição com o leite artificial, só que os níveis de mortalidade infantil aumentaram, e a ciência teve de rever essa prática”, explica Guilherme. Desde o fim da década de 1970, o Brasil tenta, por meio de políticas públicas e incentivos dos profissionais de saúde, aumentar o número de mães que amamentam. Segundo o especialista, de cada 10 crianças com até seis meses no País - que deveriam estar se alimentando exclusivamente de leite materno -, apenas quatro são amamentadas.
O processo de amamentação é natural, mas também é um aprendizado para mãe e para o bebê. Voltar ao trabalho e continuar a amamentação é ainda mais desafiante. “Não é simples, exige bastante empenho e disposição, mas é totalmente possível”. O apoio da família, dos amigos, da empresa e de colegas de trabalho faz a diferença nessa hora. Os laços mantidos entre mãe e filho e, principalmente, a saúde do bebê recompensam o esforço.