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Mãe de Isabella Nardoni não queria participar de documentário da Netflix, mas voltou atrás; entenda

'Isabella: O caso Nardoni' irá retratar o crime que chocou o País em 2008; produção estreia nesta quinta, 17

16 ago 2023 - 09h44
(atualizado às 09h57)
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O documentário Isabella: O caso Nardoni, que irá relembrar o crime que chocou o País, estreia nesta quinta-feira, 17, com depoimentos importantes de Ana Carolina Oliveira, mãe de Isabella Nardoni. A entrevista de Ana, porém, poderia não estar na produção. Ela chegou a recusar a participação, mas voltou atrás por pensar que casos como este "não devem ser esquecidos".

Ana Carolina Oliveira, mãe de Isabella Nardoni, diz que relutou em participar de documentário da Netflix sobre caso
Ana Carolina Oliveira, mãe de Isabella Nardoni, diz que relutou em participar de documentário da Netflix sobre caso
Foto: Netflix/Divulgação / Estadão

"Vi uma oportunidade de contar essa história para que a minha filha não fosse nunca esquecida, apesar de que, por mim, ela nunca será", afirmou, em entrevista ao UOL, nesta quinta-feira, 15. Ana relatou que o principal motivo de ter relutado em participar foram os dois filhos: Miguel, de 7 anos, e Maria Fernanda, de 3.

"Liguei para o Claudio [Claudio Manoel, codiretor do documentário] falando que achava que era muito delicado, que isso ia mexer com feridas, porque hoje isso envolve meus filhos", disse. "Tenho um filho de 7 anos que sabe que tem uma irmã mais velha, mas não sabe a realidade dos fatos."

Ana Carolina Oliveira, mãe de Isabella Nardoni, diz que relutou em participar de documentário da Netflix sobre caso.
Ana Carolina Oliveira, mãe de Isabella Nardoni, diz que relutou em participar de documentário da Netflix sobre caso.
Foto: Netflix/Divulgação / Estadão

Ana contou sobre como lidou com o luto ao longo de 15 anos e ressaltou que "a dor é branda, mas existe". "A justiça foi feita, um ciclo se encerrou para mim, mas hoje fico com o meu sofrimento, a minha dor", comentou.

Conforme o relato, ela disse que poder se casar, ter filhos e reconstruir sua vida foi "encerrar um ciclo e recomeçar outro". "Eu sempre sonhei em ser mãe de novo. [...] Foi um conjunto de coisas que foram se reconstruindo", afirmou.

Ana ainda comentou achar injusta a progressão da pena de Anna Carolina Jatobá, condenada a 26 anos e oito meses pelo assassinato de Isabella, para o regime aberto. A madrasta foi solta em junho para trabalhar durante o dia e dormir na Casa do Albergado [estabelecimento destinado ao cumprimento do regime aberto].

"Não acho justo ela estar voltando para casa. Daqui a pouco, pode ser ele [Alexandre Nardoni]. A minha filha nunca vai voltar para casa. Repito: a minha filha nunca vai voltar. [...] Acho que, se a minha filha não volta para casa, eles também não têm que voltar", ressaltou a mãe de Isabella Nardoni.

Relembre o caso Isabella Nardoni

Isabella Nardoni morreu com apenas 5 anos após cair do sexto andar de um prédio em São Paulo em março de 2008. A versão inicial apresentada pelo pai, Alexandre Nardoni, e pela madrasta, Anna Carolina Jatobá, que estavam no local no momento do ocorrido, foi a de que a menina havia caído por acidente ou, ainda, que havia sido vítima de um suposto ladrão que teria invadido o apartamento.

Em 2010, os dois foram considerados culpados por júri popular. Conforme as investigações, depois de uma discussão, Anna Carolina teria asfixiado a enteada e Alexandre teria jogado a filha, ainda com vida, da janela do prédio.

O pai cumpre a pena na penitenciária Dr. José Augusto César Salgado, a P2, na cidade de Tremembé, interior de São Paulo. Ele foi condenado a 31 anos e um mês de prisão.

A madrasta também cumpria pena na cidade de Tremembé, mas na Penitenciária Feminina I. No final de maio, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) pediu para que a Justiça de São Paulo analisasse o pedido de progressão para o regime aberto, que foi concedido.

Em 2012, Anna Carolina chegou a conseguir migrar para o regime semiaberto, mas perdeu o direito após ter sido flagrada conversando com os filhos por meio de uma videochamada feita pelo celular de um de seus advogados. A prática é proibida em prisões.

*Estagiária sob supervisão de Charlise de Morais

Estadão
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