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"Não é caridade, quero uma família", diz casal que adotou adolescente

Professora e técnico de T.I. que adotaram adolescente em Natal (RN) defendem processo de adoção legal e incentivam pesquisa sobre o assunto

25 mai 2023 - 10h02
(atualizado às 10h07)
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Alexsandro e Luana decidiram adotar uma criança após apadrinharem uma carta no Natal
Alexsandro e Luana decidiram adotar uma criança após apadrinharem uma carta no Natal
Foto: Arquivo pessoal

A adoção de uma criança já era cogitada pela professora Luana Costa, 33, e pelo técnico de T.I. Alexsandro Costa, 36. Mas foi no natal de 2021, após ler a carta de uma criança enviada pelo projeto Acalanto, que o casal buscou os meios legais de tornar esse desejo realidade. O Grupo de Apoio à Adoção de Natal, Rio Grande do Norte, funciona como organização sem fins lucrativos dedicada a lutar pela causa.

"Foi muito tocante pra gente. Luana chorou muito, aí ela lê a carta pra mim, eu começo a chorar também e falo: 'e aí, é a nossa próxima aventura?'", conta Costa, em entrevista ao Terra, para este 25 de maio, conhecido como Dia Nacional da Adoção. Decidido, o casal deu entrada no processo legal logo em janeiro de 2022 e viu que o projeto era muito mais complexo.

"A gente tinha aquela visão, tipo, 'acho bonito adotar, vou querer adotar'. Mas quando a gente começa o processo, a primeira coisa quebrada é isso: não é um processo de caridade, 'eu quero fazer o bem pro mundo'. É mais 'eu quero uma família, um filho, uma filha e vou procurar uma pessoa que queira isso'", alertam.

Embora pedidos de adoção sejam longos, o trâmite deles correu mais rápido — em outubro iniciaram o contato com visitas e passeios, depois, em janeiro deste ano, a filha adolescente passou a viver sob a guarda provisória dos dois. Ambos acreditam que em breve o juiz oficializa a guarda.

Isso se deve à faixa etária escolhida: Luana e Costa optaram por uma criança ou adolescente entre 7 e 14 anos, recorte pouco buscado por pais e mães que desejam adotar. Segundo dados do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), consultados nessa quarta-feira (24), há 4.374 crianças disponíveis para adoção e 34.020 pretendentes. 

A longa fila se explica justamente pelo fato de que a grande maioria dos acolhidos são pré-adolescentes ou adolescentes e fazem parte de grupos de irmãos. Já a maioria das famílias no programa prefere adotar crianças menores e sem irmãos.

Para o casal natalense, no entanto, essa era justamente a faixa etária mais compatível, já que Luana trabalha até à noite e Costa costuma sair para visitas técnicas. "Sendo adolescente, ela consegue se organizar", pontua o pai.

Autoconhecimento é chave

Assim como frisa a importância de considerar as necessidades da criança, o casal destaca que é preciso atentar para as condições financeiras e emocionais antes de dar esse passo. Neste sentido, a recomendação de Luana é autoconhecimento.

Alexsandro e Luana estão na reta final do processo para pleitear a guarda definitiva da filha
Alexsandro e Luana estão na reta final do processo para pleitear a guarda definitiva da filha
Foto: Arquivo pessoal

"A gente tem que reconhecer os nossos limites, saber o que temos condição de proporcionar, o que a gente almeja com essa família pra não ir além das nossas possibilidades e haver uma frustração maior de ambas as partes", indica a professora, que recomenda acompanhamento psicológico sempre que possível.

"Não é só a criança ou adolescente que se adapta, a gente também, pai e mãe, está se adaptando, respirando fundo pra ver como lidar com determinadas situações. Isso remete a escolhas, no meu caso, o meu ideal de mãe, as minhas possibilidades de maternar, tem toda uma questão do que eu quero e posso ser como mãe, que são reflexões que precisam ser feitas individualmente".

Outra dica ressaltada por Costa é estudar. Como ele destaca, há extensa literatura sobre o assunto, além de grupos de apoio, como o próprio Acalanto, em Natal, espalhados pelo país.

Adoção legal é o único caminho

Buscar informação também pode afastar famílias dos meios de adoção irregulares. "É um atalho que não vale a pena nem pra quem vai adotar nem pra quem vai dar porque não se tem como verificar se a pessoa está apta para receber a criança", defende Costa. O técnico lembra que a Justiça já dispõe de meios para facilitar os processos que já ocorrem na sociedade, como adoção por parentesco e doação na maternidade, além do trâmite convencional que eles seguiram.

Quem segue o processo regular passa por avaliações psicológicas, físicas e financeiras que visam preparar os pais para o momento da adoção — o casal ressalta: não são só flores. Mas no que depender de Costa, a família ainda pode crescer. "Eu tento convencer Luana a adotar mais um", admite.

Como adotar uma criança

Conforme esclarece o Conselho Nacional de Justiça, o primeiro passo para quem quer adotar uma criança é procurar o Fórum ou a Vara da Infância e da Juventude da cidade ou região, munido com uma lista de documentos (confira quais aqui). Na sequência, o material será autuado pelo cartório e remetido ao Ministério Público para prosseguir com a ação.

Passada essa etapa, os postulantes serão avaliados por uma equipe interprofissional do Poder Judiciário. O objetivo é avaliar motivações e expectativas dos candidatos, a realidade sociofamiliar, orientá-los sobre o processo, entre outras coisas. Na sequência, os candidatos são obrigados a participar de um programa de preparação para adoção.

Depois disso, com base no estudo psicossocial e outros critérios, o juiz vai deferir ou não o pedido de habilitação para adoção. Uma vez aprovada, a família, enfim, ingressa no Sistema Nacional de Adoção e Acolhimento e é feita a busca por crianças e/ ou adolescentes cujo perfil corresponda ao definido pela postulante.

Encontrada a criança, começa a fase de aproximação e convivência, que pode durar 180 dias. Por fim, terminado esse prazo, os candidatos têm 15 dias para propor a ação de adoção definitiva que será avaliada pela autoridade judiciária.

Fonte: Redação Terra Você
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