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Os mitos da maternidade

Tem que dividir todos os brinquedos e precisa comer no prato, mas também tem que abraçar estranhos… É cada uma! Educar uma criança não é fácil. Vira e mexe surge alguém pronto para questionar tudo o que você está fazendo, e bater o pé no chão para afirmar que o seu jeito é o errado. […]

12 out 2024 - 08h05
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Tem que dividir todos os brinquedos e precisa comer no prato, mas também tem que abraçar estranhos… É cada uma!

Educar uma criança não é fácil. Vira e mexe surge alguém pronto para questionar tudo o que você está fazendo, e bater o pé no chão para afirmar que o seu jeito é o errado. Mas a Malu sentou com a Dra. Tatiana Cicerelli Marchini, Pediatra e Neonatologista, e com Larissa Fonseca, Psicóloga Clínica e Doutoranda Unifesp em Ansiedade, Depressão, Estresse, Sono e Sexualidade Feminina, para desbancar alguns mitos da maternidade.

Tem que dividir todos os brinquedos e precisa comer no prato, mas também tem que abraçar estranhos… A maternidade tem cada uma!
Tem que dividir todos os brinquedos e precisa comer no prato, mas também tem que abraçar estranhos… A maternidade tem cada uma!
Foto: Revista Malu

Tem que dividir todos os brinquedos!

"Não, as crianças não precisam necessariamente dividir todos os seus brinquedos, principalmente com desconhecidos. O compartilhamento é uma habilidade social importante, mas é fundamental respeitar os limites e as preferências individuais da criança. É importante ensiná-las sobre compartilhamento, consentimento e autonomia, promovendo um equilíbrio saudável entre compartilhar e respeitar seus próprios limites. Por exemplo: pense como você faria caso um outro adulto quisesse ver seu celular. É um processo de ajuste, adaptação para ambos os lados, um que terá que ceder e o outro que terá um limite, inclusive solicitar objetivamente a devolução pelos pais." - Larissa Fonseca

Coma tudo!

"Forçar uma criança a 'comer tudo o que está no prato' pode levar a uma relação negativa com a comida e afetar seus sinais naturais de fome e saciedade. Isso pode contribuir para problemas alimentares, como comer emocionalmente ou desenvolver uma relação prejudicial com a comida. É importante ensinar a criança a ouvir seu corpo e respeitar seus sinais de fome e saciedade." - Tatiana Cicerelli Marchini

Dá um beijinho no tio, filha

"Exigir que uma criança aceite beijos, abraços ou contato físico de estranhos pode ser prejudicial porque desrespeita o consentimento da criança, compromete sua segurança emocional, pode aumentar o risco de abuso e viola sua individualidade. É importante ensinar às crianças sobre respeito ao próprio corpo e

permitir que elas estabeleçam seus próprios limites em relação ao contato físico. Isso ajuda a promover sua segurança e bem-estar emocional. Por exemplo: ensinar que seu filho que deve aceitar contato físico de estranhos é um risco aos comportamentos preventivos de abuso sexual (se ela aprendeu que deve permitir toque, carinho, por que não agora?)." - Larissa Fonseca

Para de birra!

"A birra é uma forma comum de expressão para crianças pequenas, mas é importante ensinar maneiras mais saudáveis de lidar com as emoções. Permitir que a criança se expresse é importante, mas é fundamental ajudá-la a desenvolver habilidades para expressar suas emoções de forma mais construtiva, como usar palavras para comunicar seus sentimentos e encontrar soluções para seus problemas. Estabelecer limites claros e consistentes também é essencial para ajudar a criança a aprender a regular suas emoções e comportamentos." - Tatiana Cicerelli Marchini

Não foi nada, para de chorar

"Ao dizer isso após a criança se machucar, podemos desvalorizar seus sentimentos e dor, o que pode afetar sua autoestima e capacidade de expressar emoções. Isso também pode ensiná-la a reprimir suas emoções, dificultando o reconhecimento e a expressão saudável de sentimentos no futuro. É importante validar os sentimentos da criança, oferecendo conforto e apoio emocional, para promover um desenvol-

vimento emocional saudável. Quando algo assim acontece você pode dizer 'calma, mamãe sabe o que fazer, fique tranquilo(a) estou cuidando de você, vai continuar doendo mais um pouquinho'. Diga sempre a verdade." - Larissa Fonseca

Esperamos de crianças, mas não de adultos…

A Dra. Tatiana Cicerelli Marchini, Pediatra e Neonatologista, compartilha outros comportamentos que muitas vezes exigimos das crianças, mas não dos adultos:

  • Ficar quieto e sentado por longos períodos de tempo;
  • Ignorar suas próprias necessidades emocionais e físicas para atender às expectativas dos outros;
  • Controlar suas emoções sem apoio ou validação;
  • Seguir regras rígidas sem espaço para questionamento ou negociação.

"Os adultos nem sempre enfrentam as mesmas expectativas, e essa discrepância nos padrões de comportamento pode gerar desafios para as crianças e destacar a importância de uma abordagem mais equitativa em relação ao desenvolvimento infantil", afirma a Larissa Fonseca, Psicóloga Clínica.

Aprenda a lidar com mentiras e birras

  • Birras e mentiras são parte das crianças enquanto elas estão se desenvolvendo, mas é possível lidar com elas e a pediatra te ensina como.
  • Crie um ambiente de confiança: estabeleça um ambiente onde a honestidade seja valorizada e incentivada, e onde a criança se sinta segura para compartilhar a verdade sem medo de punição excessiva.
  • Converse sobre a importância da honestidade: explique por que é importante ser honesto e como a confiança é fundamental nos relacionamentos.
  • Evite reações exageradas: se a criança mentir, evite reações explosivas que possam assustá-la ou fazê-la se sentir envergonhada. Em vez disso, mantenha a calma e converse sobre o ocorrido.
  • Reforce a honestidade: reconheça e elogie a criança sempre que ela escolher ser honesta, mesmo que seja para admitir um erro.
  • Explique as consequências das mentiras: ajude a criança a entender as consequências negativas de mentir, tanto para si mesma quanto para os outros, e como isso pode afetar seus relacionamentos.

Lidando com as birras:

  • Mantenha a calma: evite reagir com raiva ou frustração, pois isso pode intensificar a birra.
  • Valide os sentimentos da criança: reconheça os sentimentos da criança e mostre empatia, mesmo que não concorde com o comportamento.
  • Ofereça alternativas: ajude a criança a encontrar maneiras mais saudáveis de expressar suas emoções, como usar palavras para comunicar seus sentimentos ou sugerir atividades para acalmar, como respirar fundo ou contar até dez.
  • Ignore o comportamento inadequado: em alguns casos, ignorar a birra pode ajudar a diminuir sua frequência, já que a criança perceberá que não está conseguindo a atenção desejada com esse comportamento.
  • Recompense o bom comportamento: reforce positivamente o bom comportamento e elogie a criança quando ela conseguir se acalmar e lidar com suas emoções de maneira mais construtiva.

Como podemos evitar agir dessa forma com as crianças?

Podemos evitar agir dessa forma com as crianças adotando algumas estratégias, de acordo com a Dra. Tatiana Cicerelli Marchini:

  1. Modele comportamentos saudáveis: demonstre como expressar emoções de forma construtiva, respeite os limites pessoais e resolva conflitos de maneira pacífica.
  2. Comunique-se de forma clara e respeitosa: explique as razões por trás das regras e limites de maneira compreensível e ouça suas preocupações e perspectivas.
  3. Empatia: reconheça e valide os sentimentos da criança, ajudando-a a entender e lidar com suas emoções de forma saudável.
  4. Ofereça escolhas: Permita que a criança tenha voz e escolha em assuntos que afetam sua vida, dentro de limites apropriados para sua idade e desenvolvimento.
  5. Estabeleça expectativas realistas: reconheça que as crianças estão em processo de aprendizado e desenvolvimento, e não devem ser esperadas para agir como adultos.
  6. Aprender e crescer juntos: reconhecer nossos próprios erros e estar disposto a aprender com eles, ajustando nossa abordagem conforme necessário para melhor atender às necessidades da criança, é a melhor forma de evoluir.
Revista Malu Revista Malu
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