Por que voltamos a valorizar tanto a magreza?
Historicamente, a magreza é associada a ideias de autocontrole, sucesso e até poder, como forma de demonstrar autossuficiência e status.
A busca pela magreza extrema volta a ganhar força em diversos ambientes, da mídia social ao universo da moda e entretenimento. Essa tendência reflete uma visão estética que muitas vezes desconsidera as diferenças naturais dos corpos.
Em entrevista ao Terra Você, a médica psiquiatra, Cintia Braga, explica que a construção desse ideal “tem raízes profundas na cultura, muitas vezes machista e misógina, que objetifica o corpo feminino, criando padrões irreais de beleza que impactam diretamente a autoestima de muitas mulheres e jovens”.
Historicamente, a magreza é associada a ideias de autocontrole, sucesso e até poder, como forma de demonstrar autossuficiência e status. Mas, na era digital, essa pressão ganha novos formatos. Através das redes sociais, celebridades e influenciadores exibem corpos magros como padrão ideal, o que reforça a ideia de que a magreza é um símbolo de valor pessoal.
“A exposição constante a esses padrões inalcançáveis pode contribuir para o desenvolvimento de distorções da imagem corporal e gerar ansiedade e baixa autoestima, especialmente entre jovens e adolescentes”, afirma a psiquiatra, destacando a importância de abordar esses impactos com seriedade.
A especialista explica que os efeitos podem ser ainda mais graves quando a obsessão pela magreza leva ao desenvolvimento de transtornos alimentares como anorexia nervosa e bulimia.
“A pressão social pela magreza cria uma relação conflituosa com a alimentação e o corpo, e em indivíduos psicologicamente vulneráveis, pode desencadear esses transtornos, marcados por um controle rígido da ingestão calórica e medo extremo de ganhar peso”, alerta Braga.
Além disso, Braga reforça que a influência das redes sociais não pode ser ignorada. As plataformas digitais, movidas por algoritmos que promovem certos padrões de imagem, intensificam a comparação entre os usuários. Essa exposição contínua eleva a necessidade de validação externa e pode minar a autoestima, especialmente entre os mais jovens.
“Os algoritmos priorizam imagens e vídeos que reforçam esses padrões, levando muitos usuários a buscar a validação baseada em aparência”, observa a psiquiatra.
Para minimizar esses impactos, a médica sugere que, tanto no ambiente familiar quanto em escolas, haja um esforço para promover a aceitação da diversidade corporal e enfatizar que corpos saudáveis variam em formas e tamanhos. Estratégias como educação sobre imagem corporal, incentivo a hábitos de vida saudáveis sem foco exclusivo no peso e o uso consciente das redes sociais podem ajudar.
“É essencial oferecer apoio psicológico para quem está em risco, especialmente adolescentes, que são mais vulneráveis à pressão estética”, recomenda a médica.
Ao final, o que está em jogo é a saúde mental e física de uma geração que precisa aprender a lidar com esses padrões, sem comprometer sua autopercepção.