Um professor queniano de uma aldeia remota que deu a maior parte de seus ganhos para os pobres ganhou um prêmio de um milhão de dólares neste domingo, 24, por seu trabalho ensinando em uma escola administrada pelo governo que tem apenas um computador e acesso à internet de má qualidade.
O anual Global Teacher Prize foi concedido a Peter Tabichi no opulento Atlantis Hotel em Dubai em uma cerimônia apresentada pelo ator Hugh Jackman.
Tabichi disse que o mais distante que ele viajou antes disso foi para Uganda, a ida para Dubai marcou sua primeira vez em um avião.
"Eu me sinto ótimo. Eu não posso acreditar. Eu me sinto muito feliz por estar entre os melhores professores do mundo, sendo o melhor do mundo", disse ele à Associated Press após sua vitória.
Tabichi ensina ciência para estudantes do ensino médio na aldeia semi-árida de Pwani onde quase um terço das crianças são órfãs ou têm apenas um dos pais. Seca e fome são comuns.
Ele disse que a escola não tem biblioteca nem laboratório. Ele planeja usar o milhão de dólares de sua vitória para melhorar a escola e alimentar os pobres.
Apesar dos obstáculos que os alunos de Tabichi enfrentam, ele é creditado por ajudar muitos a permanecer na escola, qualificar para competições internacionais em ciência e engenharia e ir para a faculdade.
"Sempre que eu reflito sobre os desafios que eles enfrentam, eu derramo lágrimas'', disse ele sobre seus alunos, acrescentando que sua vitória vai ajudar a dar-lhes confiança.
O presidente do Quênia, Uhuru Kenyatta, disse em um comunicado que a história de Tabichi "é a história da África e esperança para as gerações futuras".
Como membro da irmandade católica romana, Tabichi usava uma túnica marrom até o chão para receber o prêmio apresentado pelo príncipe herdeiro de Dubai Sheikh Hamdan bin Mohammed bin Rashid Al Maktoum.
O prémio é distribuído pela Fundação Varkey, cujo fundador, Sunny Varkey, criou a empresa GEMS Education, com fins lucrativos, que administra 55 escolas no Emirados Árabes Unidos, Egito e Catar.
Em seu discurso, Tabichi disse que sua mãe morreu quando ele tinha apenas 11 anos de idade, deixando seu pai, um professor de escola primária, com o trabalho de criar ele e seus irmãos sozinhos.
Tabichi agradeceu a seu pai por ensinar valores cristãos para ele e então apontou para o pai na plateia, convidou-o para subir ao palco e entregou-lhe o prêmio para segurar, o local se encheu de aplausos da plateia.
"Esta noite foi incrivelmente emocionante, muito comovente'', disse Hugh Jackman à AP depois de apresentar a cerimônia e tocar números musicais de seu filme The Greatest Showman.
"Foi uma grande honra, uma emoção estar aqui e a noite foi cheia de um espírito realmente puro ", acrescentou.
Agora em seu quinto ano, o prêmio é o maior desse tipo. Rapidamente tornou-se um dos mais cobiçados e prestigiados pelos professores. Tabichi foi selecionado entre dez mil candidatos.
O vencedor é selecionado por comitês compostos por professores, jornalistas, funcionários, empresários, líderes empresariais e cientistas.
No ano passado, um professor de arte britânico foi premiado por seu trabalho em um dos lugares mais etnicamente diversos no país. Seu trabalho foi apontado pelos alunos por ser responsável por se sentiremm bem-vindos e seguros em um bairro com altas taxas de homicídios.
Outros vencedores incluem um professor canadense por seu trabalho com alunos indígenas em uma aldeia isolada do Ártico, onde as taxas de suicídio são altas, e uma professora palestina por seu trabalho em ajudar crianças refugiadas na Cisjordânia traumatizadas por violência.
O primeiro vencedor em 2015 foi um professor do Maine que fundou uma organização sem fins lucrativos para desenvolver e disseminar novos métodos de ensino.
/Com a colaboração de Malak Harb, da Associated Press
Veja também: Histórias de professores que são exemplos
Professor de Gana ensina informática na lousa - O professor Owura Kwadwo dá aulas na cidade de Kumasi, em Gana, e comoveu internautas ao postar no Facebook fotos em que aparece ensinando computação para seus alunos. Por falta de infraestrutura, ele explicava informática desenhando na lousa a interface dos programas da Microsoft. "Eu amo tanto os meus alunos que eu tenho de fazer o que for necessário para que eles entendam o que eu estou ensinando", escreveu na publicação.
Foto: Facebook/hottish.owura / Estadão
Professor de Gana ensina informática na lousa - A Microsoft viu o post e prometeu enviar um computador para a escola, mas não o fez. No entanto, Kwadwo e seus alunos foram presenteados com um notebook por um professor da Universidade Leeds, do Reino Unido. Alguns seguidores dele no Facebook criticaram a ação, já que apenas um aparelho não é suficiente para suprir as necessidades da escola. A Microsoft não falou mais sobre o assunto.
Foto: Facebook/hottish.owura / Estadão
Professor acalma bebê de aluna - Está mais do que provado que ensinar não é apenas passar conteúdo para uma plateia. Uma aluna do professor Alessander Mendes, de Teresina, no Piauí, estava com o filho na sala de aula e o bebê começou a chorar. A mulher, então, resolve se retirar para não atrapalhar, mas o professor pediu para a moça ficar, pegou a criança no colo e continuou explicando a matéria para os alunos. "O que eu fiz foi aplicar a empatia, entender a outra pessoa, as dificuldades dela", disse ao E+.
Foto: Instagram/@alessander.mendes40 / Estadão
Professor desabafa após ninguém aparecer na aula - Nem sempre os alunos são recíprocos com um professor disposto a ensinar. Foi o caso de Adrian Raftery, que foi lecionar no segundo dia de aula do curso de contabilidade na Dakin University, da Austrália, mas não encontrou ninguém. “Eu não sei vocês, mas a minha geração sempre comparecia às aulas e seminários, principalmente nas primeiras semanas do semestre”, disse. “Após me preparar para dar uma boa aula, estou desapontado que nenhum aluno tenha se importado em vir”, desabafou.
Foto: Twitter/MisterTaxman / Estadão
Uma aula de gratidão e carinho - O professor da rede pública do Ceará, Bruno Rafael Paiva, emocionou internautas ao publicar o gesto de carinho e reconhecimento de seus alunos. O educador estava sem receber salário por um mês e meio, então, os estudantes promoveram uma rifa de uma cesta de chocolates, arrecadaram R$ 400 e deram o valor para Paiva. "Afundei na depressão preocupação e perdido, sem saber como ia pagar as contas e ajudar minha família, que está de mudança. Esses alunos ficaram sabendo da minha situação financeira, minha dificuldade para continuar na escola e, sem me contar nada, fizeram uma rifa", escreveu ele no Facebook. Na foto, ele é abraçado pelos alunos no momento da surpresa.
Foto: Facebook / Bruno Rafael Paiva / Estadão
Professora com câncer pede doação de material escolar - "Professora até o fim", foi assim que Tammy Waddell se definiu antes de morrer por câncer. Com a doença em estágio terminal, ela pediu que as pessoas levassem material escolar ao seu funeral, em vez de flores, para que fossem doados para crianças carentes. “Parte do que me fazia amar minha mãe era sua paixão por ser professora. Foi uma das inspirações que me fizeram seguir a mesma área dela”, contou o filho Kevin Waddell.
Foto: Twitter / @DrBradJohnson / Estadão
Professores ensinam no YouTube - Em dias como os atuais, ser professor não é mais, necessariamente, sinônimo de lecionar na escola. Walter Solla é um exemplo disso. Formado em história pela Universidade de São Paulo (USP), ele se dedica a ensinar geografia, filosofia e sociologia em vídeos do seu canal no YouTube, fundado com seus colegas professores."Existem infinitas formas de aprender, uma não precisa excluir a outra", disse ele, que já tem mais de 34 milhões de visualizações na plataforma. Na foto, ele está à esquerda, ao lado de Ary Neto, que também leciona nos vídeos.
Foto: YouTube / @Se Liga Nessa História / Divulgação / Estadão