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Renata Vasconcellos de tênis no JN: Globo faz repensar padrões ao permitir

Apresentadora viralizou na web após comandar o jornal usando o calçado esportivo; Bonner também foi fotografado de tênis

22 mar 2023 - 09h51
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A jornalista Renata Vasconcellos apresentou o "Jornal Nacional" da última segunda-feira (20) com um clássico tênis, escolha que foi evidenciada pelo próprio programa ao enquadrar o calçado em uma chamada feita pela apresentadora. O fato levou o nome de Renata aos Trending Topics do Twitter e suscitou uma série de discussões sobre a quebra de padrões.

Toda a comoção, como explica a comunicóloga e consultora de imagem Cáren Cruz, é parte do script. "A gente entende que a figura do 'Jornal Nacional', padrão Globo de Televisão, requer uma formalidade e isso está inerente às vestimentas dos apresentadores", pontua.

Renata Vasconcellos posa ao lado de William Bonner e Fátima Bernardes na redação do Jornal Nacional, da TV Globo
Renata Vasconcellos posa ao lado de William Bonner e Fátima Bernardes na redação do Jornal Nacional, da TV Globo
Foto: Reprodução/Instagram@renatavasconcellosoficial

"Então, o que é percebido é uma ruptura, um questionamento, um frisante sobre a liberdade de expressão, da identificação, de a gente vestir com liberdade, conforto e preservando nossa essência".

Para Cáren, isso deve fazer com que outros profissionais da mídia, inclusive de outras emissoras, também flexibilizem a vestimenta. "É necessário sempre que alguém faça e gere essa discussão social. Como a Globo é a líder [de audiência], quando ela dá esse tipo de 'permissão', se assim posso chamar, ela está entendendo que há um movimento novo pra que, de fato, essas coisas aconteçam e, mais ainda, fazendo que os outros repensem seus padrões", avalia.

Cáren contextualiza que tal dress code - terno, camisa social e sapatos como scarpin, por exemplo - é parte de um padrão ditador e eurocêntrico, moldado pós-revolução francesa. O cenário dividiu o modo de vestir "em dois mundos": o formal e o casual. Diante disso, com a TV adequada ao primeiro modelo, se entende o estranhamento dos telespectadores ao ver o uso de uma peça tão distante da rigidez esperada num telejornal.

A consultora  de imagem Cáren Cruz explica os signos no tênis da jornalista do maior jornal televisivo do Brasil
A consultora de imagem Cáren Cruz explica os signos no tênis da jornalista do maior jornal televisivo do Brasil
Foto: Débora Monteiro

"Qual é o problema de uma jornalista numa bancada estar semi-informal? Isso não fere as regras do programa, não fere as regras de relacionamento social e não fere as regras da profissão que está em jogo", provoca Cáren.

Tênis deve integrar dress code da TV

Antes de Renata Vasconcellos, sua xará, Renata Lo Prete, foi "flagrada" usando o mesmo calçado durante a apresentação do Jornal da Globo. A diferença é que, naquela ocasião, tudo não passou de um descuido. Rapidamente, a equipe de transmissão tirou os pés de Renata do vídeo e, quando ela reapareceu de corpo inteiro, já usava um salto.

Mas, se nos bastidores do programa o momento foi visto como um erro, a repercussão nas redes sociais foi positiva. O episódio virou até piada entre Bonner e a jornalista durante a cobertura da cerimônia de posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Pois agora o próprio editor-chefe do JN adotou a conduta. Enquanto Vasconcellos apareceu com um tênis de corrida, Bonner foi fotografado na redação do Jornal Nacional com um all star e, assim como a colega, recebeu elogios pela escolha.

Mari Palma, jornalista da CNN Brasil, comemorou o feito nas redes sociais. "Recebi um monte de mensagem aqui na DM falando sobre a maravilhosa Renata Vasconcellos de tênis no JN. muita gente dizendo que eu comecei isso lá atrás e que tá feliz de ver agora esse movimento crescer. Fico muito feliz de receber essas mensagens, mas não tenho e nunca tive a pretensão de ser pioneira em nada. Só tive a oportunidade, ciente de todos os meus privilégios, de poder me vestir de mim mesma em algum momento da minha carreira. e foi aí que eu descobri como isso pode ser libertador, principalmente pra nós, mulheres."

Dani Junco, CEO B2Mamy, escritora e palestrante, citou a libertação dos padrões que tanto aprisionam as mulheres. "Você está sorrindo ao ver ou ainda acredita mesmo que SÓ o salto alto é que demonstra capacidade intelectual? Se você é da turma só terno e salto que servem, ah…deixa de ser cafona", escreveu.

Pressão social força mudança

A consultora aponta que organizações de outros setores já flexibilizam seus códigos de vestimenta por entender que agregar casualidade às roupas não vai, necessariamente, ferir a integridade da empresa. Sem contar que já há um entendimento maior de que os estilos ditos universais não dão conta da pluralidade cultural das pessoas.

"Eu acredito muito na transição social e o acesso que temos ao conhecimento permite que mais pessoas estejam discutindo sobre o tema. Com isso, o movimento [de ruptura] acontece (...) e a gente passa a avaliar que há uma pressão do condicionamento social para que mudanças aconteçam", analisa a especialista.

Como ela pontua, a instituição de um dress code que preza pela formalidade muitas vezes recai em atitudes racistas e preconceituosas com outras minorias. Sendo assim, a quebra de padrões ultrapassados é muito bem-vinda.

Fonte: Redação Terra Você
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