Sem vergonha: saiba como usar melhor sites e apps de namoro
Ferramentas para encontrar um parceiro romântico viram moda e admitir uso deixa de ser embaraçosos: do hide ao like
“Então essa que é a menina do Tinder?”, foi a frase mais escutada pela estudante de design Lorenna Fernandes, 22 anos, do Rio de Janeiro, quando saiu pela primeira vez com os amigos do rapaz que conhecera no aplicativo de relacionamento. Ela o conhecia de vista, por ter amizades em comum, mas sem a ajudinha do programa jamais teria conversado com ele. “Moramos super perto e, assim que começamos a conversar, já combinamos de nos ver pessoalmente”, conta. Isso faz quatro meses — hoje, Lorenna acha “bonitinho” que os amigos do novo romance a reconhecessem como aquela que se destacou entre todos os likes, uma espécie de “Tinderela”. “É um jeito moderno de se sentir especial”, afirma.
As histórias de sucesso dos sites e aplicativos de namoro são parcialmente responsáveis não só pelo boom no número de usuários no país (só o Tinder tem cerca de 20 mil cadastros diariamente), mas também pela mudança na maneira de enxergar essas ferramentas. Se antes dizer que conheceu o parceiro nas sugestões de um site especializado em formar casais era motivo de vergonha, hoje utilizá-los — e admitir — está cada vez mais comum. “Com o mundo online e acelerado de hoje, os sites de relacionamentos são cada vez mais um opção para encontrar uma pessoa com um perfil compatível, principalmente quando eles têm um nicho definido, como o nosso”, diz Carlos Vinicius Buzulin, diretor-executivo do site de relacionamentos cristão Amor em Cristo. Aparentemente, quanto menos trabalho, menor. “As coisas são mais instantâneas, para agora. Mesmo os relacionamentos que não duram acabam sendo bem intensos”, fala o sociólogo Rócio Barreto, da Universidade de Brasília.
Uma geração mais acostumada a encontrar a alma gêmea online (segundo o ParPerfeito, um em cada cinco relacionamentos começa pela internet) também ajuda na popularidade dos programas. “Mesmo quem nós conhecemos pessoalmente, acabamos conversando mais online até ver como vão ser as coisas. Não existe isso de ficar sério com alguém que não está no nosso Facebook”, diz o publicitário Ricardo Reiners, 27 anos, de Curitiba. Ele também aponta a atualização na aparência dos sites como incentivo. “Um layout mais bonitinho, de certa forma, me deixa mais confiante na página.” Ricardo prefere utilizar o OkCupid, criado em 2004 nos Estados Unidos e que tem um sistema próprio de combinações entre usuários, baseando-se nas respostas a diversas perguntas (“quase infinitas”, diz o curitibano) e a importância daquelas respostas para o pretendente. Quando você se interessa por alguém, pode classificar o perfil e o sistema avisa quem receber quatro ou cinco estrelas de outra pessoa.
O OkCupid sempre permitiu diversas orientações sexuais, mas ganhou uma atenção especial do público LGBT no começo de abril. Quem tentasse acessar o site pelo navegador Firefox, no celular ou no computador, recebia uma mensagem de bloqueio. “O novo CEO da Mozilla, Brendan Eich, é um opositor dos direitos iguais para casais gays. Nós preferiríamos que nossos usuários não utilizassem softwares da Mozilla para acessar o OKCupid”, dizia o texto, que resultou no pedido de demissão de Eich. “Eu nem tinha conta, mas depois da atitude me cadastrei lá e estou saindo com um rapaz com quem tenho 90% de compatibilidade. Acho ótimo para quem quer algo mais sério”, conta o estudante de ciências sociais Raul Viana, 26 anos, de São Paulo. Para os encontros mais casuais, entretanto, o aplicativo Grindr continua favorito dos homens gays — e a versão feminina, o Brenda, também ajuda mais as mulheres que procuram casos passageiros.
“Me senti invadida”
Para os tímidos e inseguros, também existe a vantagem de começar sabendo quais as intenções das pessoas com quem interage. “É como ir a uma festa com informações privilegiadas, já sabendo quem tem interesse por você”, diz Lorenna. Outro ponto decisivo na guinada que os aplicativos e sites ganharam é o fator segurança. Você não precisa dar seus dados pessoais, se não quiser, além da cidade onde mora e a idade, e alguns deles se conectam ao Facebook. Só que isso também pode ser problemático, como no caso da social media Larissa Rainey, 22 anos, de São Paulo. Ela usava mais o Tinder, mas abandonou o aplicativo há alguns meses. Além da falta de pessoas interessantes e abordagem fraca dos homens com quem dava match, um dos caras resolveu adicioná-la no Facebook e seguir no Instagram e no Twitter, sem pedir antes, apenas por ter um amigo em comum com ela. “Eu me senti bastante invadida, porque não queria esse tipo de conexão com ele”, fala.
Mesmo com as garantias, é importante conhecer o pretendente pessoalmente, e sem demorar muito. “Dá para criar um perfil falso no Facebook ou contar quantas mentiras quiser, pela internet”, lembra a psicóloga Ana Maria Montinho, de São Paulo. “E muita gente gosta de viver o flerte platônico, tem medo de encarar a realidade e se decepcionar. Mas é preciso garantir que a pessoa do outro lado existe, para evitar decepções maiores.” Ela lembra as dicas básicas na hora de marcar o encontro: sempre em lugares públicos e bem movimentados, e sem esquecer de avisar pelo menos duas pessoas aonde você está indo.
Conheça o melhor uso para os principais sites e aplicativos (quem você pode encontrar lá)
Ferramenta | Plataforma | Perfil | Preço | Foco |
Tinder | Aplicativo para iOS, Android e, em breve, Windows Phone | Diversificado, a partir dos 18 anos. “Me surpreendi com a quantidade de pessoas acima de 40 anos”, diz Larissa | Gratuito | Encontros casuais e não duradouros. Os relacionamentos sérios são exceções, mas existem |
OkCupid | Site e aplicativo para iOS e Android | Diversificado, a partir dos 18 anos. Ganhou mais usuários jovens após a polêmica com o Firefox | Gratuito. Pode ganhar um “upgrade” com pacotes a partir de 5 dólares por mês | Relacionamentos sérios |
Tastebuds | Site | Jovem, principalmente por volta dos 20 e poucos anos | Gratuito | Amizades baseadas no gosto musical e relacionamentos casuais |
ParPerfeito | Site e aplicativo para iOS | Mais experiente. A maior parte dos usuários tem mais de 30 anos | Gratuito. Com um plano a partir de 19,99 reais por mês você tem algumas vantagens | Relacionamentos sérios |
Ashley Madson | Site | De 20 a 60 anos, sem restrições, mas em geral casados (algumas mulheres solteiras) | Gratuito | Relacionamentos extraconjugais – sim, amantes! |
Amor em Cristo | Site | Diversificado, mas exclusivamente cristãos | Gratuito | Relacionamentos sérios, casamento |
Grindr | Aplicativo para iOS, Android e Blackberry | Homens gays, bi ou curiosos, de diversas idades | Gratuito | Encontros casuais |
Brenda | Aplicativo para iOS e Android | Mulheres lésbicas, com idades entre 20 e 40 anos | Gratuito | Relacionamentos casuais e sérios também |