De dor no pênis a câncer: veja 12 mitos ligados à vasectomia
Fazer sexo sem se preocupar com uma possível gravidez indesejada é o sonho de muitos homens e, segundo os especialistas, livrar-se deste medo pode influenciar até mesmo fisicamente, com uma performance mais livre e espontânea. A vasectomia, neste cenário, pode atuar como a solução para noites a dois mais satisfatórias.
No entanto, mesmo sendo uma cirurgia simples, acaba sendo associada a diversas dúvidas, que envolvem preocupações com a vida sexual e à própria saúde do homem. A boa notícia é que a maior parte destes questionamentos não passa de mitos, segundo os especialistas ouvidos pelo Terra.
O urologista Claudio Murta, coordenador do Centro de Referência de Saúde do Homem de São Paulo, explica que a cirurgia é simples, não exige internação e muitas vezes é feita em consultório. “Dura cerca de 20 minutos e geralmente é feita com anestesia local, ou seja, o paciente fica acordado durante o procedimento. De um modo geral, a maioria dos homens suporta muito bem”, observa.
Ravendra Ryan Moniz, especialista do Núcleo de Urologia do Hospital Samaritano de São Paulo, explica que o objetivo do procedimento é interromper a passagem dos espermatozoides do testículo para o líquido seminal ejaculado. “É feita uma pequena infiltração com anestésico local e uma incisão de cerca de 1 cm em cada lado do saco escrotal para localizar os canais deferentes, por onde passam os espermatozoides. Os canais são cortados e após serem amarrados interpõe-se tecido conjuntivo entre os dois cotos para evitar a recanalização. Por fim, o urologista fecha o pequeno corte na pele”, explica.
Os riscos da cirurgia são baixos. De acordo com Murta, embora raros, existem casos de hematomas e infecções. “Mas isso acontece com uma minoria de pacientes”. Confira, abaixo, os principais mitos relacionados a este procedimento e tire suas dúvidas.
1. A vasectomia é irreversível?
Mito:
“Existe um procedimento, chamado de vaso-vasostomia que reverte o procedimento. Porém, essa cirurgia tem certas limitações em relação ao reestabelecimento da fertilidade”, informa o urologista Gustavo de Alarcon, do Hospital e Maternidade São Luiz.
Murta reforça que o homem que reverte a cirurgia em até dez anos após o procedimento tem mais chances de sucesso na tentativa de ter mais filhos. “Depois desse período, a chance é pequena porque o canal por onde sai o espermatozoide acaba entupindo”, afirma.
2. Após a cirurgia, ainda há risco de gravidez?
Verdade:
imediatamente após a cirurgia esse risco existe sim, de acordo com os especialistas ouvidos. “O paciente pode voltar a ter relações sexuais cerca de sete dias após a vasectomia. Mas vale lembrar que é importante manter um método anticoncepcional até a liberação do seu urologista, pois após o procedimento alguns espermatozoides podem permanecer vivos no canal deferente que chega ao pênis. Entre 30 e 60 dias depois da cirurgia deve-se realizar um espermograma para constatar a ausência dos espermatozoides e o sucesso do procedimento”, explica Moniz.
Respeitado esse período e feito o exame, a chance de uma mulher engravidar é bem pequena. “Estatísticas mostram que um em quatro mil casos de vasectomia falham”, acrescenta Murta.
3. A vasectomia compromete a ejaculação?
Mito:
Alarcon explica que o esperma representa apenas 10% do conteúdo do sêmen, por isso, a ejaculação continua normal. “Os testículos continuam a produzir espermatozoide, sendo reabsorvido no próprio testículo, portanto você ainda ejacula após a vasectomia, aproximadamente a mesma quantidade de líquido seminal”, afirma.
4. A vasectomia afeta a masculinidade do homem ou a ereção?
Mito:
segundo Moniz, não existe nenhum prejuízo com relação à potência ou desempenho sexual. “O procedimento da vasectomia consiste na interrupção de um canal na bolsa escrotal, muito longe, do ponto de vista anatômico, dos nervos e artérias que são responsáveis pela ereção”. Ele acrescenta que o pênis e os testículos não estão diretamente envolvidos no procedimento e, por isso, não há interferência no prazer sexual.
5. A vasectomia prejudica a libido masculina?
Mito:
“Não muda nada. Existem estudos que dizem até que ela melhora a perfomance sexual, pelo fato de o homem se sentir mais livre, menos preocupado com a gravidez. É uma questão bem ligada à parte emocional”, diz Murta.
6. O câncer de próstata está ligado à vasectomia?
Mito:
de acordo com Murta, esta era uma preocupação grande quando a cirurgia começou a ser feita, há cerca de 20 anos. Isso porque acreditava-se que, como o espermatozoide continua sendo produzido, poderia se acumular e prejudicar de alguma forma. “Grandes estudos feitos com milhares de homens mostram que essa relação não existe”, completa.
7. A cirurgia é dolorida?
Mito:
Moniz ressalta que a vasectomia é realizada na maior parte das vezes com anestesia local o que gera uma dor leve durante a aplicação do anestésico. Com isso, cada paciente apresenta sensibilidade diferente, mas a maioria considera a dor leve e tolerável. “Pacientes com histórico de maior sensibilidade à dor podem ser submetidos à vasectomia com anestesia local associada à sedação, garantindo que não sentirá absolutamente nada durante a realização do procedimento”, recomenda.
8. A vasectomia é similar ao procedimento de castração?
Mito:
a castração é um procedimento utilizado em casos de câncer de próstata e nada tem a ver com a vasectomia. “Na vasectomia, corta-se o canal que leva o espermatozoide para fora. Já na castracao é preciso tirar os testículos e, com isso, não tem mais espermatozoide e o homem para de produzir a testosterona”, explica Murta.
9. Doenças do coração e obesidade podem resultar da vasectomia?
Mito:
a vasectomia não está relacionada com nenhum destes dois problemas. Segundo Murta, o mito pode ter nascido da confusão entre castração e vasectomia: como a primeira mexe com a parte hormonal, pode sim aumentar estes riscos. No entanto, pacientes castrados têm outro tipo de acompanhamento para controlar estas consequências. Pacientes que se submetem à vasectomia não têm a parte hormonal influenciada.
10. Após fazer a vasectomia, os homens sentem dor no pênis ao fazer sexo?
Mito:
“O pênis não está envolvido diretamente nesse procedimento cirúrgico, por isso não ocorre nenhum corte que possa causar qualquer sensibilidade no órgão sexual masculino. No momento de uma relação sexual não haverá nenhum tipo de dor peniana”, informa Moniz. Murta lembra que, em alguns casos raros, pode ocorrer dor testicular nos primeiros meses, mas que é controlada com remédios e, com o tempo, acaba sumindo de vez.
11. A vasectomia só é indicada para homens férteis acima dos 30 anos?
Mito:
Murta explica que a lei de esterilização voluntária permite que qualquer pessoa maior do que 25 anos ou dois filhos pode realizar o procedimento. “É exigida a aprovação do cônjuge”, ressalta.
No entanto, os especialistas são unânimes em afirmar que a vasectomia não é indicada para jovens, solteiros ou sem filhos. “No futuro eles podem ter vontade de ter filhos e a cirurgia reconstrutiva tem certas limitações em relação ao reestabelecimento da fertilidade”, observa Alarcon.
Murta concorda, lembrando também dos casos de separação em que o homem resolve constituir uma nova família com outra parceira. “Para tomar essa decisão, é importante que ele esteja em um relacionamento estável e que tenha chegado a essa conclusão junto com a mulher, de forma consciente”.
12. O tamanho do pênis sofre alteração depois da operação?
Mito:
como o pênis não está envolvido diretamente neste tipo de procedimento cirúrgico, não existe a possibilidade de algum corte causar qualquer alteração no comprimento do órgão sexual masculino, segundo explica Moniz.
Recomendações gerais
Por se tratar de um procedimento simples, o pré e pós operatório não são tão complexos. Segundo os especialistas ouvidos, antes da cirurgia não se deve fazer grandes refeições, devido à anestesia, e, na sala de cirurgia, é feita a raspagem dos pelos.
Após o procedimento, o paciente pode sair dirigindo do consultório, mas é indicado alguns dias de repouso. Quem faz esforço físico no trabalho deve ficar afastado das atividades por dez dias; do contrário, três dias são suficientes. Gelo no local e uso de suspensório escrotal são importantes para evitar complicações locais, como inchaço.
Quanto às relações sexuais, Alarcon alerta que o homem pode sentir dor por um período de sete a dez dias. “Após esse período, recomenda-se que a pessoa faça teste de reações dolorosas antes de ter relações sexuais”, afirma. Vale lembrar que entre 30 e 60 dias os métodos contraceptivos devem ser mantidos.