Terrible twos: a adolescência dos bebês
A adolescência dos bebês (chamada de terrible twos, ou 'terríveis dois anos') é uma mudança de comportamento da criança, muito comum entre os 18 e 24 meses de idade. A partir dessa fase, ela passa a ter a consciência de que também é um ser vivo e começa a manifestar vontades e desejos. Se ela […]
A adolescência dos bebês (chamada de terrible twos, ou 'terríveis dois anos') é uma mudança de comportamento da criança, muito comum entre os 18 e 24 meses de idade. A partir dessa fase, ela passa a ter a consciência de que também é um ser vivo e começa a manifestar vontades e desejos.
Se ela era conhecida por ser obediente e boazinha, de repente começa a ter as famosas birras e a dizer bastante não. "O 'não' passa a ser muito presente na vida da criança. Isso acontece porque faz parte do desenvolvimento neuropsíquico e social da criança. Ela passa a se enxergar como um indivíduo - até então, se enxergava como um 'apêndice' dos pais. Por isso o 'não' acaba sendo mais frequente. Ela também passa a ter um conceito de egocentrismo, então, tudo vai girar ao redor dela, sem a noção do outro", explica o pediatra Marcelo Iampolsky
A fase do terrible twos é evitável?
Por mais que seja um período difícil e desgastante para os pais, é um processo importante porque vai gerar a autonomia da criança, e ela aprenderá a lidar com seus sentimentos. "Nessa fase, também ocorre a percepção de uma série de sentimentos que antes eram muito mais arcaicos. Agora, as crianças começam a sentir e interpretar emoções como insegurança, medo, ansiedade, frustração. Só que a criança não tem instrumentos de vida para entender, canalizar e lidar com isso. A forma como ela lida com isso é através dessas explosões, conhecidas como birras", completa.
Dicas de como agir
Para o pediatra, um dos pontos principais é não ignorar a criança, já que ela não está fazendo isso para punir o adulto, mas sim porque isso faz parte do desenvolvimento humano. É importante deixar o ambiente calmo, manter uma certa rotina (que ajuda bastante nessa fase) e ter calma durante esse processo. O médico ainda recomenda ao adulto abaixar, olhar na direção da criança, falar com ela, explicar o porquê de não poder ter o que a ela está sendo negada, e procurar alternativas, como 'isso nós não podemos fazer, mas que tal fazer dessa outra maneira?'.
"É bom segurá-la no colo e dizer que entende o que ela está passando, que você está lá para ajudar. Muitas vezes, é melhor apenas dar o suporte, permanecer ao lado da criança e esperar que ela se acalme, para então conversar", explica Iampolsky.
Agora como não agir durante o terrible twos?
Durante episódios de birra no terrible twos, não se deve necessariamente fazer a vontade da criança. Cabe ao adulto avaliar se é possível ceder ou não. Tanto a proibição constante quanto permitir tudo são opções ruins. "É necessário que a criança entenda que nesse início de vida social, algumas coisas serão possíveis, outras não, e outras acontecerão, mas não como ela imaginou. Os pais não devem se sentir culpados. É comum o sentimento de culpa ou o medo de que o filho não o ame, e isso não tem nada a ver. O amor não está ligado ao fato de você ter cedido ou não à uma vontade da criança. As birras são extremamente passageiras, e fazem parte de um sentimento que ocorre em um momento específico", finaliza o médico.