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Topless: brasileiros são a favor, e prática deve ser 'liberada' no futuro

Segundo especialistas, o costume que começou na década de 1960 foi um dos primeiros sinais de feminismo

7 fev 2014 - 12h21
(atualizado em 9/2/2014 às 16h47)
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Em alguns países da Europa, se deparar com uma mulher tomando sol com os seios de fora não causa tanto espanto quanto a mesma cena em uma praia carioca. O costume que, segundo a professora do curso de Design de Moda do Centro Universitário Belas Artes, Valeska Nakad, começou na década de 1960, “foi um dos primeiros sinais de feminismo”.

E a mostra dos seios ainda continua a ser vista como ato pelos direitos das mulheres, os protestos do grupo feminista Femen servem como exemplos. No Brasil, o hábito ganha adeptos aos poucos, mas segundo homens e mulheres entrevistados, a prática já é vista como “natural”. “O futuro é o topless no Brasil ser liberado”, disse Valeska.

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Em dezembro de 2013, um grupo de mulheres organizou um “toplessaço” na praia de Ipanema, no Rio de Janeiro. O evento teve cerca de oito mil confirmações de participantes no Facebook, mas no momento de tirar a parte de cima do biquíni, poucas tiveram a atitude.

De acordo com o também professor de moda do Centro Universitário Belas Artes, Otávio Lima, o pudor em relação ao topless no Brasil é fruto da proibição legal de muitos anos – o artigo 233 do Código Penal considera crime qualquer ato obsceno em público e o topless pode ser interpretado como tal. “Além disso, a glândula mamária é um símbolo da maternidade e em um País em que as tradições são muito valorizadas resta o ranço da visão da mulher recatada e coberta”, disse ele.

Outro ponto levantado pela professora de moda da Faculdade Santa Marcelina, Miti Shitara, foi a religião. “O Brasil é um dos países mais católicos que existem e também é um lugar onde os homens cultuam as ideias: ‘mulher minha não anda pelada’ ou ‘mulher com o corpo descoberto não tem valor’”, afirmou a profissional.

O catolicismo, segundo ela, coloca o corpo como pecaminoso, que deve ser coberto e preservado. Essas amarras culturais só deixam de serem “válidas” durante a festa popular mais importante do Brasil: o Carnaval. É um “momento de descontração em uma festa pagã” em que “tudo é permitido”, disse Valeska. Homens se vestem de mulher, passistas desfilam com o corpo todo nu e o pudor é esquecido por quatro dias em São Paulo e no Rio de Janeiro, e até por mais tempo em outras cidades.

No meio das famosas, os julgamentos em relação ao topless também parecem não vigorar com tanta rigorosidade. Uma das cenas assunto na mídia e entre telespectadores foi o topless feito pela BBB Clara Aguilar, na 14ª edição do reality show. Ensaios fotográficos de moda, desfiles e até mesmo as fotos “selfies” compartilhadas nas redes sociais por famosas com frequência deixam os seios à mostra.

Para Miti e Valeska, o apoio de pessoas públicas ao hábito só o fortalece. “As famosas fazem a cabeça das pessoas, são formadoras de opinião”, afirmou Miti. Assim como o biquíni fio-dental e os decotes cada vez mais ousados, Miti acredita em uma aceitação maior do topless, principalmente nas cidades praianas.  

Uma pesquisa feita pelo Terra com internautas mostra que a maioria vê o topless como um ato inofensivo, natural e que preza pela liberdade. Entre os participantes, alguns sugeriram que seja praticado em lugares específicos, para não incomodar quem é contra. Já os pronunciamentos contra o topless tiveram como motivo o temor da falta de respeito dos brasileiros em geral.

O primeiro topless

O estilista norte-ameriano Rudi Gernreich é personagem principal da história do topless, segundo Miti. A top model Peggy Moffitt, contou a professora, era a musa do estilista há 50 anos e foi a primeira a fazer um ensaio de topless, apenas com um turbante na parte de cima. Na década de 1960, Gernreich lançou o primeiro sutiã sem bojo e logo também criou blusas com transparência. “Em 1965, ele criou o monokini, que causou um alvoroço enorme nos EUA. Era a parte de baixo com duas faixas que subiam e envolviam o pescoço, mas deixando os seios de fora. Tudo isso na década da luta feminista”, contou Miti.

A mulher, que queimou o sutiã, subiu o comprimento da saia e passou a exigir valorização social na época, passou a ver o corpo como arma de sedução, afirmou Miti. Nos anos 1980, teve início o culto ao corpo “sarado” e “escultural”, “não era mais um corpo ingênuo” e as mulheres passaram a querer exibi-los cada vez mais, concluiu a professora. 

Fonte: Terra
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