Transiberiana reúne mar do Japão, budismo e túneis; conheça
Monastério budista da Rússia e vista panorâmica entre mar do Japão e o golfo de Pedro, o Grande, são algumas das belezas para quem visita o destino
Muitos viajantes que se aventuram na Transiberiana acabam abandonando a mítica ferrovia no lago Baikal e seguindo viagem rumo ao sul, para a Mongólia e a China. Mas a multiculturalidade russa ainda tem muito a oferecer nos mais de 4 mil km que ainda faltam para completar o trajeto.
Ulan Ude é uma das paradas fundamentais da Sibéria russa. A cidade é o centro do budismo russo, religião que tem entre 700 mil e 2 milhões de seguidores no país (0,5% a 1,5% da população). A cidade também se orgulha de ter a maior cabeça de Lênin do mundo, com 13,5m e 12 toneladas.
A apenas 23 km da cidade, encontra-se o mais importate monastério budista da Rússia, Ivolginsky Datsan, aberto em 1945 como o único centro desta religião na União Soviética. O local atrai peregrinos, turistas, curiosos e cientistas, interessados em ver o corpo do monje Khambo Lama Itegilov, que morreu em 1927, nunca foi embalsamado ou mumificado, e mantém-se desde a sua morte em posição de lótus, sem sinais de decomposição.
De Ulan Ude até Vladivostok, ainda há quase três dias de trilhos, mas o momento é de aproveitar a viagem dentro do trem e as paisagens das estepes russas. Uma parada na cidade de Khabárovsk é a maneira mais comum de dividr o trajeto. Khabárovsk fica a apenas 30km da China e muitas agências organizam excursões para as cidades do outro lado da fronteira. Uma outra excursão popular é a day-trip a Birobidjan, capital da Província Autônoma Judaica, fundada em 1934 durante a União Soviética de Stálin. Uma sinagoga e um centro cultural judaico são as principais atrações. Hoje, estima-se que haja pelo menos 200 mil judeus étnicos na Rússia.
A última etapa da viagem até Vladivostok é um misto de dever cumprido e saudosismo. Tantas pessoas, tantas paisagens, tantos ‘miojos’ e chás compartilhados. Vladivostok, a “governante do Oriente” debruçada no mar do Japão, é o ponto final da jornada. Cidade portuária e com alma globalizada, Vladivostok oferece um doce saber-viver que poucas cidades russas têm. Metrópole de clima provincial, seu principal ponto turístico é um funicular que conecta a cidade baixa a uma região universitária que fica em uma colina a 100m do nível do mar. O sistema foi construído em 1962 por Nikita Kruschev, que se inspirou em uma visita aos EUA e resolveu transformar Vladivostok em uma segunda São Francisco. Os residentes locais se orgulham do funicular, que oferece uma vista panorâmica da Baía Corno de Ouro, entre o mar do Japão e o golfo de Pedro, o Grande.
As 130 fortalezas construídas entre 1880 e o início do século 20, para proteger o país de um potencial ataque japonês ou americano, são outra atração de Vladivostok. Com a ajuda de uma agência é possível percorrer centenas de metros de túneis usados pelos soldados russos há mais de 100 anos. Para os claustrofóbicos ou “agênciadeturismofóbicos”, uma opção é visitar o Museu da Fortaleza de Vladivostok, com uma vasta coleção de armas, bombas e modelos de fortes.
Se o tempo permitir, um mergulho no mar do Japão vai recarregar as energias de qualquer viajante. Agora é só olhar o mapa, conferir os 9.289km percorridos e cantar alguma música russa que você deve aprendido com os locais na viagem. Com certeza o seu conhecimento da Rússia agora vai muito mais além de ursos, vodka e “Skavuska”.