Vila adaptada para pacientes com Alzheimer torna-se modelo
A Hogeweyk Village foi construída na Holanda e tem 23 casas para acolher 152 idosos portadores da doença
Em 2009, o governo de Weesp, na Holanda, construiu uma vila totalmente adaptada à realidade de pacientes com Alzheimer, doença degenerativa que causa perda de memória, fazendo com o que o local se tornasse uma referência para o resto do mundo. Chamado de Hogeweyk Village ou Vila da Demência, como ficou conhecida, o local funciona dentro do centro médico Hogewey, assemelhando-se a uma minicidade especialmente projetada com 23 casas para acolher 152 idosos que sofrem com a doença.
Para Carlos Moreno, cuidar da mãe com Alzheimer é missão
Ruas, praças, jardins e parques. O lugar tem tudo o que uma cidade comum oferece, mas com uma diferença: lá, médicos, enfermeiros e cuidadores também fazem o papel de funcionários do restaurante, da mercearia, do café, do salão de beleza e do teatro. O que os pacientes não percebem é que eles são profissionais de saúde e estão monitorando cada um deles. “A ideia foi criar um mundo que mantém, o quanto pode, sua semelhança com a vida normal, sem colocar os pacientes em risco”, diz o site do projeto.
Pessoas com Alzheimer, muitas vezes, lutam com espaços desconhecidos, cores e até mesmo decoração, por isso as casas são diferenciadas por sete estilos de vida projetados para atingir diferentes referências culturais familiares. Os moradores gerenciam suas próprias casas, juntamente com uma equipe permanente de funcionários, e realizam tarefas diárias como lavar roupa e cozinhar.
Construída pelo governo local, a vila se sustenta através da doação de outras pessoas, entidades e contribuições das famílias dos doentes. A ideia é que os habitantes tenham o máximo de privacidade e autonomia, para que possam desfrutar da vida do modo como estavam acostumados e ainda se sentirem no controle.
“Ao tratar os moradores como pessoas normais, Hogeweyk parece sugerir que não há uma diferença tão grande, lá no fundo – apenas necessidades diferentes. Ao projetar uma cidade adaptada a essas necessidades tão específicas, os residentes evitam a desumanização que a assistência médica em longo prazo pode, sem intenção, causar”, destaca o site do projeto.
Pacientes com participação ativa
Projetada pelos arquitetos holandeses Molenaar & Bol & VanDillen, Hogeweyk foi fruto da imaginação de Yvonne van Amerongen, um cuidador que trabalhou por décadas com pacientes com perda de memória. As primeiras ideias surgiram no início dos anos 1990, quando ele começou a pesquisar um tipo de casa onde os moradores pudessem participar da vida da mesma forma como faziam antes de entrarem em uma unidade de cuidados médicos.
Desde a criação de Hogeweyk, diversas outras empresas europeias já manifestaram interesse na iniciativa. Inclusive, uma vila parecida foi construída na Suíça, imitando a vida na década de 1950. Além disso, em maio deste ano, um grupo formado por corretores de imóveis, advogados, ONG’s e empreendedores americanos lançou um projeto com o intuito de conseguir fundos e apoio para a criação da Mahal Ciello Village (Vila Amor no Céu), que será construída em San Luis Obispo, nos Estados Unidos, para tratar de pacientes com Alzheimer.