Compras por impulso: entenda o que é e como evitar esse hábito
Psiquiatra comenta as causas e as consequências das compras por impulso na vida de quem sofre com a condição
Fazer compras por impulso é um problema mais comum do que se imagina. No Brasil, segundo um estudo da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas, 44% das compras realizadas pela internet são feitas por impulso. A médica psiquiatra e docente da UNIFRAN, Thaís Bassi Cardoso, conta que quem sofre de oniomania — termo científico para as compras por impulso — tem "grande dificuldade em controlar a urgência e o impulso de realizar várias compras".
"As pessoas descrevem um grande desconforto e inquietação, que diminuem e até obtêm certo alívio ao realizar uma compra. Logo em seguida, vem o sentimento de culpa pelo fracasso em resistir ao ato de comprar. A tendência é que o indivíduo compre muitas vezes secretamente um volume cada vez maior de mercadorias, sendo que a maioria é dispensável ou de pouca utilidade", explica.
O hábito, então, gera uma série de transtornos, inclusive financeiros. "O sujeito frequentemente acaba se endividando, tem tentativas frustradas de diminuir os gastos e isso acaba por trazer um grande impacto em sua vida pessoal, profissional e até mesmo nos relacionamentos interpessoais", pontua.
Quais as causas?
As compras por impulso podem ter diferentes causas, mas geralmente estão associadas a um sofrimento emocional que levam as pessoas a comprarem em busca de um conforto e alívio imediato. O problema é que esse sentimento não se sustenta por muito tempo, por isso elas sempre acabam realizando novas compras.
"Temos nos atos compulsivos um grande sofrimento associado, o que difere totalmente do ato de decidir, de forma consciente, comprar determinado item que o sujeito deseje ou necessite. Na oniomania, a compra é um comportamento compulsivo como forma de lidar com a angústia e as emoções negativas", comenta Thaís.
Como evitar?
O primeiro passo para se livrar das compras por impulso, de acordo com a especialista, é identificar e reconhecer a prática deste hábito. "Hoje, com o e-commerce, pix e a possibilidade de transações por aplicativos, isso pode se tornar ainda mais desafiador. Descadastrar cartões de crédito e tentar realizar outras atividades quando houver o ímpeto de comprar pode ser uma estratégia inicial de redução", orienta.
Além disso, ela ressalta a importância de consultar um profissional para realizar um tratamento adequado. "Existem várias terapias, como a terapia cognitivo comportamental, que são direcionadas ao controle das compulsões e comportamentos aditivos. Em algumas situações, o médico psiquiatra pode ser consultado quanto à necessidade de intervenção medicamentosa", finaliza.