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11 dúvidas ao apresentar um novo relacionamento para o filho pequeno

Voltar a namorar depois do divórcio e tendo filhos, pode parecer desafiador, mas com calma, muito diálogo e as dicas deste time de psicólogas, é possível!

30 out 2021 - 14h05
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Você já atravessou um caminho cheio de dor e tristezas com o divórcio - porque a separação, por mais tranquila e bem resolvida que seja, traz incômodos, mudanças e adaptações -, e agora está enxergando a possibilidade de um novo relacionamento.

divorcio-familia-filhos
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Foto: Arte: Bebê.com.br / Foto: Emma Bauso/Pexels / Bebe.com

Se apaixonar é mesmo lindo e todo mundo tem o direito de ser feliz e recomeçar, mas quando existem filhos pequenos na vida de uma mãe ou pai divorciado, é preciso ter cautela e atenção com este novo momento de vida.

Primeiro, é muito comum que, junto com a empolgação com o namoro, venha aquele sentimento de culpa por começar um novo relacionamento. Meu filho vai aceitar? Vai sofrer? Vai achar que está sendo deixado de lado? Se essas ou outras questões apareceram por aí, saiba que é importante, tanto para o desenvolvimento da criança, quanto para a saúde emocional dos adultos, que os pais mantenham projetos individuais. A questão é organizar a nova dinâmica familiar com muita calma, amor e espaço para o diálogo.

Afinal, quais são os cuidados necessários para que a criança se sinta confortável com esta pessoa recém-chegada na vida dos pais? Para responder esta e outras questões comuns à este período, buscamos psicólogas que dão caminhos e sinais que devemos estar atentos.

1. Quando apresentar o filho ao namorado(a)?

A psicóloga Fabíola Luciano chama a atenção para a separação dos pais: "O relacionamento novo vem depois da separação, então é importante checar, primeiro, como a criança está em relação ao divórcio. Será que ela teve algum retrocesso? É necessário avaliar também o sentimento de culpa da criança em relação à separação. Os adultos têm uma maturidade específica, uma leitura da situação, mas as crianças têm um funcionamento próprio, não conseguem entender ainda. Os pais são figuras de referência, são praticamente toda a segurança das crianças nesta fase."

Procure, então, só apresentar o pequeno quando sentir que o novo relacionamento é para valer. "Começar um namoro é delicado porém, o mais importante, é você inserir o seu filho quando a relação estiver mais madura, para que ele não participe de todas as novas experiências e fique sem boas referências ou passe a se sentir inseguro com idas e vindas em relacionamentos superficiais" indica a psicóloga Katherine Vicentim.

A psicóloga Pamela Oliveira completa que, se a intenção for um relacionamento sério, converse abertamente com o novo parceiro sobre o fato de ter filhos e a possibilidade de eles conviverem em algum momento. "Lembre-se que a felicidade e o bem-estar dos pais influenciam diretamente a saúde emocional dos filhos", diz ela.

2. Existe tempo ideal para este encontro acontecer?

Não existe uma regra quanto ao tempo, mas é importante avaliar se é uma relação sólida. "Pergunte-se: esse parceiro ou parceira tem condição de absorver uma relação com uma criança (ou com várias)? Percebo que essa relação vai evoluir? Quando é tudo muito novo, não adianta correr para apresentar a criança, como se isso fosse fortalecer o vínculo, porque acaba prejudicando", explica Fabíola.

E preste atenção ao que você sente e a sua situação atual: quer construir uma relação nesse nível de estabilidade? Tem vontade de ter uma vida familiar com esse novo relacionamento? "Às vezes você nem está nesse momento de vida, então talvez não valha à pena apresentar o filho. Faça essa introdução quando o relacionamento tem estrutura e perspectiva de ambas as partes para progredir. Fora isso, pode ser vivido como um relacionamento fora da dinâmica familiar", aconselha Fabíola.

3. Preciso contar para o outro genitor que estou namorando?

É importante que o outro responsável pela criança saiba, mas a maneira de abordar o assunto vai depender de cada um, de como é a relação com o ex, como foi a separação e como é a comunicação atual.

"Dessa forma, os adultos podem conversar sobre o manejo da situação visando facilitar a experiência da criança. Além disso, ao saber com antecedência da nova relação, o outro genitor tem a oportunidade de lidar com possíveis sentimentos que venham à tona, sem envolver o filho", orienta Pamela.

4. Como deve ser este primeiro contato?

Se você se sente pronto para apresentar a criança ao novo namorado ou namorada, a sugestão é que faça isso em um ambiente tranquilo e confortável. "O primeiro encontro pode acontecer em alguma atividade que seja prazerosa para a criança, porque naquele momento ela estará empolgada e satisfeita com a atividade, o que a deixará menos tensa", sinaliza Katherine.

Pamela lembra que "quando esse encontro acontece em um local já conhecido e realizando um programa que a criança gosta, as chances de ela se sentir confortável aumentam bastante."

5. Devo avisar a escola que estou namorando?

Para um melhor monitoramento das emoções da criança, sim, é importante avisar a escola se o pai ou a mãe estiverem iniciando um relacionamento. "Isso possibilita avaliar como a criança vai se comportar fora da presença dos pais. Será que ela vai regredir no comportamento? Será que ela vai ficar mais chorosa, demandando mais atenção? Será que ela vai comunicar, expressar de alguma forma, algum sinal de insatisfação ou de satisfação?", pontua Fabíola.

Segundo ela, é importante também que os outros cuidadores que têm acesso à criança estejam cientes e observando, não de forma tendenciosa, mas atentos para passar alguma informação relevante que, às vezes, a criança não manifesta na presença do pai ou da mãe, mas acaba levando para a escola.

6. Como lidar quando a criança demonstra ciúmes?

É comum que a criança sinta ciúmes, especialmente quando são muito pequenininhas. Elas ainda estão entendendo tudo o que aconteceu, o que é a separação em sua rotina e assimilando qual é o lugar delas. A melhor maneira de lidar com o ciúme do pequeno é amparar.

"Muito provavelmente isso é uma demanda por atenção, por segurança, por precisar entender o seu lugar, por medo de perder, por se sentir sozinha. É importante trazer essa criança para perto, envolvê-la o máximo possível na relação. Se tem ciúme, é uma relação que ela já sabe, que ela está entendendo, portanto ela precisa encontrar o lugar dela. E o adulto precisa ajudá-la nesta nova dinâmica: 'sim, eu tenho um namorado ou tenho uma namorada e isso não afeta nada a relação entre nós, filho'", orienta Fabíola.

menina chorando
menina chorando
Foto: gahsoon/Getty Images / Bebe.com

Você pode verbalizar isso também, deixando bem claro que são relações diferentes e que o amor pelo filho não muda. "Explique, na linguagem que a criança entenda, que o amor por ele nunca vai acabar, que é uma fonte inesgotável. Então se a criança precisar de um tempo e de apoio para lidar com a situação, você tem que respeitar", exemplifica Fabíola.

Agora, se o filho já demonstra ciúme e insatisfação há algum tempo ou apresenta comportamentos regredidos, é hora de buscar ajuda profissional.

7. É comum que o ex sinta ciúmes do novo relacionamento. Como não afetar os filhos?

Nem sempre a separação está bem resolvida para os dois, mas é necessário que os pais regulem as suas emoções e coloquem a criança acima de qualquer ressentimento.

"A saúde emocional da criança é mais importante do que tudo e deve ser a prioridade. Posso estar com raiva, magoado, com ciúmes, ferido, posso estar sentindo muitas coisas mas, acima disso, preciso pensar no meu filho. Procure lidar da forma mais neutra possível com a criança, não leve o que você pensa para a cabecinha dela. Tente observar o que ela traz e não coloque de acordo com o que você sente", ensina Fabíola.

8. Como lidar quando o namorado ou namorada dão pitacos na educação da criança?

Este é um tema polêmico e delicado e que precisa de bastante diálogo entre os adultos. "Se você perceber que aceita esse pitaco, se tem um parceiro maduro, que você respeita e valida, o ideal é dividir isso com ele. Falar 'olha, eu acho super legal você poder contribuir com a sua experiência e visão de mundo, mas acho que é importante a gente fazer isso longe do olhar da criança e respeitando os meus limites. Entendo que o que você colocar e é muito bem-vindo, mas não significa que eu vá seguir'", explica Fabíola.

Se, por outro lado, você não quer as sugestões do parceiro ou parceira, seja claro também. "É importante dividir o que sente. Você pode dizer 'sei que você tem vivências relevantes, mas quero me guiar sozinho, porque tem a ver com a minha relação com as crianças e preciso fazer isso de acordo com os meus valores. Se for necessário, se eu sentir que preciso desse apoio, vou te pedir, mas a princípio gostaria de fazer isso sozinho'", ensina Fabíola.

Deixe claro seus limites e converse com o namorado ou namorada, de preferência, antes do pitaco acontecer. Não leve para um momento de briga, fale assertivamente e longe da emoção. E, se tiver alguma situação que fuja ao que foi estabelecido, retome ao que foi combinado, mas sempre longe da criança.

9. O que não fazer de jeito nenhum?

Já falamos sobre ter cautela neste novo momento. E a psicóloga Katherine complementa: " não faça nenhuma mudança radical de rotina junto à inclusão desta nova relação, pois isso pode gerar muito descontentamento, o que pode levar a sentimentos de raiva e rejeição". Um exemplo claro é tirar a criança da cama que dormia com os pais para colocar o novo namorado ou namorada. O pequeno vai se sentir invadido, por isso é tão importante cultivar sempre que a criança tenha seu espaço e sua caminha, mesmo que os pais não tenham outro relacionamento.

Fabíola traz outra reflexão necessária: independente de como está se sentindo e de como saiu dessa separação, não critique o ex, porque os pais vão continuar sendo pais para sempre e os filhos vão continuar amando os dois.

"Uma coisa é eu, como homem ou mulher, estar magoado com o meu ex. Outra coisa é o meu filho, como criança, a visão que ele tem do pai e da mãe. Então não misture as coisas", diz ela. Por mais difícil que seja, busque ter um nível de maturidade e de diálogo com o outro genitor para discutir, primariamente, os interesses do filho e da filha.

10. Como harmonizar o convívio familiar quando o novo amor também tem filhos pequenos?

Parece cena de filme, mas é cada vez mais comum famílias com filhos de diferentes pais. É necessário estabelecer limites e regras para que o convívio seja harmônico. "É muita gente para administrar e é difícil mesmo. O casal precisa estabelecer regras prévias para gerenciar essas crianças. Por exemplo: como que a gente faz se eles se desentenderem? Se o meu filho fizer uma coisa errada? Quem e como chamaremos atenção? Como fazer isso de uma forma amorosa? O casal precisa se entender antes de tudo, para saber como se posicionar diante das dificuldades e acontecimentos naturais de muitas crianças juntas", explica Fabíola.

Faça uma aproximação gradual, quando o casal já se conhece e já tem intimidade. E tenha em mente que as crianças também vão precisar de um tempo de adaptação e nem sempre se darão bem logo de cara.

família se abraçando
família se abraçando
Foto: monkeybusinessimages/Thinkstock/Getty Images / Bebe.com

11. Como reagir se a criança não aceitar bem a situação?

Infelizmente, não temos como prever como cada criança vai assimilar o novo relacionamento. Mas com calma, carinho e muita conversa, tudo se resolve. De acordo com a psicóloga Pamela, quando o pequeno está descontente com o novo arranjo familiar, ele vai precisar de muito acolhimento, diálogo e suporte.

"Não indico forçar uma aproximação e nem ceder totalmente aos pedidos da criança. É importante para o desenvolvimento infantil e para a saúde emocional dos pais que estes mantenham interesses e vontades individuais. Mas, às vezes, leva um tempo até que a criança se adapte à nova configuração familiar", diz a psicóloga.

Começar um novo relacionamento pode até ser complicado e imprevisível. Você, provavelmente, vai enfrentar alguns momentos difíceis e que podem magoar, mas saiba que com amor, bastante conversa, respeito e paciência, as coisas vão se encaixando.

As crianças precisam de atenção, do olhar atento dos pais e um vínculo forte e seguro se faz com comportamentos que demonstrem esse amor. Por isso dedique tempo de qualidade com a criança, esteja aberto para ouvir e para tirar dúvidas, para que o pequeno tenha sua necessidade emocional preenchida. Assim, a criança vai perceber, no tempo dela, que essa nova pessoa veio para somar, para trazer ainda mais amor, companheirismo e felicidade para a família.

Bebe.com
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