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Afogamento de crianças cresce: boia de braço funciona? E boia circular?

A importância de ensinar noções básicas de natação para crianças em idade escolar como principais ações preventivas; 236 mil mortes

25 jul 2023 - 11h42
(atualizado às 12h37)
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Como prevenir crianças de afogamentos?
Como prevenir crianças de afogamentos?
Foto: Imagem: Leo Rivas/Unsplash

Um maior investimento global em prevenção de afogamento pode evitar a morte de até 774 mil crianças por esse tipo de ocorrência até o ano de 2050, segundo estudo da viabilidade divulgado nesta terça-feira, 25, pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Só em 2019, uma estimativa do órgão aponta para 236 mil mortes em todo o mundo relacionadas a afogamentos, o equivalente a mais de 640 casos por dia.

O relatório, publicado por ocasião do Dia Mundial de Prevenção de Afogamentos, prevê que este investimento também poderia evitar quase um milhão de afogamentos de crianças não fatais, dos quais aproximadamente 178 mil teriam causado lesões graves com impacto na qualidade de vida das vítimas.

"Aplicar medidas preventivas eficazes, aumentando investimentos e promovendo a conscientização, desta forma, podemos salvar inúmeras vidas", disse o especialista do departamento de Determinantes Sociais da Saúde da OMS, David Meddings.

De acordo com as previsões do estudo, este aumento do investimento no mundo deve se concentrar em fornecer serviços de cuidados infantis e ensinar noções básicas de natação para crianças em idade escolar como principais ações preventivas.

Meddings garantiu que ambas as medidas podem evitar prejuízos potenciais econômicos de mais de US$ 400 milhões (perto de R$ 2 bilhões) em países de baixa e média renda, onde ocorrem 90% dessas mortes por afogamento.

Ainda conforme o relatório, entre as vítimas, as crianças entre 1 e 9 anos de idade representam maiores taxas de afogamento, um fato que a OMS avalia como "alarmante" e que "destaca a necessidade de agir imediatamente para proteger as futuras gerações.

Neste dia de prevenção, a OMS também anunciou o estabelecimento da Aliança Mundial para a Prevenção de Afogamento, composta por várias agências da ONU.

A agência de saúde das Nações Unidas também já está preparando seu primeiro relatório sobre a situação mundial de afogamentos que será apresentado em novembro de 2024.

"Este relatório nos fornecerá a primeira revisão abrangente da história das intervenções que foram realizadas para evitar o afogamento", concluiu Meddings.

Na ausência de dados concretos deste relatório, a OMS estima que mais de 2,5 milhões de pessoas morreram afogadas na última década, e também neste caso 90% destes acidentes fatais são registrados em países menos desenvolvidos. Globalmente, as maiores taxas de afogamento ocorrem entre crianças de 1 a 4 anos, seguidas por crianças de 5 a 9 anos.

Em 2021, mais de 110 mil crianças foram internadas em razão de acidentes evitáveis no Brasil, como afogamentos e quedas em decorrência de acidentes, sendo 90% evitáveis por meio de ações comprovadas de prevenção. Conforme o estudo, os afogamentos são a segunda maior causa de morte e a sétima de hospitalização por motivos acidentais entre crianças com idades entre zero e 14 anos.

“As boias de braço não protegem uma criança de afogamento. Aquelas circulares são de alto risco, porque ela pode virar e a criança fica com a cabecinha para baixo, sem conseguir se desvirar na água. Tem que ter um adulto até um braço de distância dessa criança”, alerta a pediatra Luci Pfeiffer, presidente do Departamento Científico de Prevenção e Enfrentamento das Causas Externas na Infância e Adolescência da Sociedade Brasileira de Pediatria.

“Afogamento no mar é ainda mais perigoso e rápido. Ela (a criança) aspira a água e isso inunda toda a árvore respiratória. Se passa 30 segundos ou um minuto, ela já começa a ter uma lesão cerebral”, acrescenta a pediatra.

Dados sobre índices de afogamento

Nos Estados Unidos, o afogamento é a segunda principal causa de morte por lesões não intencionais em crianças de 1 a 14 anos.

No Brasil, de acordo com pesquisa realizada pela Aldeias Infantis SOS, por meio do Instituto Bem Cuidar (IBC) divulgada em janeiro deste ano, somente em 2021, foram registrados mais de 110 mil casos de internações de crianças e adolescentes no País, em decorrência de acidentes, sendo 90% evitáveis por meio de ações comprovadas de prevenção. Conforme o estudo, os afogamentos são a segunda maior causa de morte e a sétima de hospitalização por motivos acidentais entre crianças com idades entre zero e 14 anos.

“As boias de braço não protegem uma criança de afogamento. Aquelas circulares são de alto risco, porque ela pode virar e a criança fica com a cabecinha para baixo, sem conseguir se desvirar na água. Tem que ter um adulto até um braço de distância dessa criança”, alerta a pediatra Luci Pfeiffer, presidente do Departamento Científico de Prevenção e Enfrentamento das Causas Externas na Infância e Adolescência da Sociedade Brasileira de Pediatria.

“Afogamento no mar é ainda mais perigoso e rápido. Ela (a criança) aspira a água e isso inunda toda a árvore respiratória. Se passa 30 segundos ou um minuto, ela já começa a ter uma lesão cerebral”, acrescenta a pediatra.

Medidas de prevenção

Os acidentes por afogamento podem ser evitados com precauções como o uso de colete salva-vidas e a supervisão de crianças perto da água, de acordo com o Corpo de Bombeiros da Polícia Militar do Estado de São Paulo.

Na praia:

  • Independente do local adultos sempre devem supervisionar as crianças.
  • Não use boias infláveis, pois podem furar.
  • Adultos não devem ingerir bebidas alcoólicas ou drogas antes de entrar no mar.

Na piscina:

  • Nunca deixe brinquedos na beira da piscina.
  • Em casa, a piscina deve ser totalmente cercada e ter o portão sempre trancado.

No banho:

Afogamentos também podem acontecer com bebês durante o banho em banheiras. O ideal é acompanhar toda a atividade até o fim.

Em cachoeiras, rios e represas:

  • Não entre em locais com corredeiras. Se estiver embarcado, use colete salva-vidas.
  • Em rios sem corredeiras, não ultrapasse a altura do joelho, pois o nível pode aumentar rapidamente.
  • Em represas, cuidado para não enroscar partes do corpo na vegetação que pode estar no fundo.

Caso veja alguém se afogando:

Acione imediatamente o Corpo de Bombeiros pelo telefone 193. É muito perigoso tentar salvar uma vítima de afogamento sem o treinamento adequado. Não coloque em risco sua vida.

Tente jogar algum objeto para a pessoa flutuar ou uma corda.

Confira outros cuidados:

  • Procure sempre local onde exista a presença de salva-vidas ou da equipe do Corpo de Bombeiros.
  • Procure lugares seguros e sinalizados para as práticas de mergulho.
  • Fique atento e respeite as placas de advertência.
  • Não entre em águas com aviso de perigo.
  • Não faça refeições pesadas antes de entrar na água.
  • Respeite seus limites e evite arriscar sua vida.
  • As estatísticas apontam muitos casos de afogamento entre pessoas que sabem nadar.
  • Cuidado redobrado ao mergulhar em águas desconhecidas.
  • Procure conhecer a profundidade do local, principalmente em lugares que possuem pedras, como rios e cachoeiras.
  • Evite nadar próximo a barcos ou outras embarcações.
Estadão
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