Estomatite infantil: o que é a doença que causa aftas na boca
Feridas na mucosa oral, dor e febre: saiba como surge o problema, a forma de contágio e como aliviar o incômodo nas crianças
Embora remeta a estômago, a palavra "estomatite" vem do grego stoma, que significa "boca" e, assim como o nome sugere, a doença acomete a cavidade bucal. Causada por uma infecção viral, ela provoca as famosas aftas na mucosa oral - lesões pequenas, mas extremamente dolorosas, que dificultam a alimentação e podem se estender para a região da garganta.
Vale ressaltar, porém, que nem toda afta é sintoma de estomatite; a lesão pode ser decorrente de um machucado, como uma mordida no lábio, reação a um medicamento ou alimento, alterações hormonais e outros fatores.
O que causa estomatite?
Os responsáveis pelo problema são os vírus da Herpes simples (HSV-1) e o Coxsackie, sendo o primeiro muito mais comum. A prevalência da infecção tende a aumentar nos meses de outono e inverno, já que a aglomeração em ambientes fechados em períodos de temperaturas mais baixas favorece a propagação viral, que se dá pelas gotículas de saliva. É por isso, também, que o problema costuma aparecer na fase em que as crianças ingressam na escolinha e passam a conviver de perto com os colegas, trocando secreções.
Principais sintomas de estomatite
O aparecimento de feridas esbranquiçadas no centro e avermelhadas nas bordas das bochechas, na gengiva, na língua, no palato e/ou, em alguns casos, nas amígdalas. Essas aftas levam à dificuldade para engolir alimentos e até mesmo líquidos, além de fazer com que a criança babe bastante. Outra manifestação comum é a febre, que pode chegar a 39 graus.
O que fazer se a criança ou o bebê tiver estomatite?
A primeira providência é consultar o pediatra. Se for o caso, ele prescreverá analgésicos, que devem ser administrados em horários fixos para manter a dor sob controle. Se necessário, o especialista pode associar uma versão tópica, que facilita a ingestão de bebidas e de alimentos. A higiene bucal deve ser mantida com a frequência usual, sem sucumbir à carinha de sofrimento do pequeno. Esse cuidado previne infecções secundárias por micro-organismos oportunistas, que se aproveitam da fragilidade do sistema imunológico. É o caso de fungos como a cândida, que podem arrastar a crise por até 20 dias.
É possível prevenir?
Sim, a melhor forma de proteção ainda é evitar o contato com pessoas contaminadas. Os hábitos de higiene, como lavar as mãos com água e sabão frequentemente e usar álcool em gel, também ajudam a afastar não só os vírus da estomatite como outro micro-organismos nocivos. O uso de máscara, que se tornou mais comum após a Covid-19, também pode ser uma boa opção.
Há risco de complicações?
A consequência mais preocupante é a desidratação, já que a criança fica receosa em ingerir líquidos por conta da dor. Por isso, é importante insistir na oferta, variando entre água, sucos, água de coco e leite em temperatura ambiente. Observe se o seu filho fica mais de 8 horas sem urinar. Nesse caso, o melhor é comunicar o pediatra.
Como deve ser a alimentação durante o quadro?
Dê preferência a alimentos pastosos, como purês de mandioquinha e de batata, e aos líquidos mencionados acima - chás, sucos, água de coco, leite... Frutas amassadinhas também são bem-vindas. Evite alimentos quentes e ácidos, que agridem ainda mais a mucosa.
Quanto tempo as aftas da estomatite duram?
O problema costuma durar de 7 a 10 dias, o que equivale ao tempo que leva o ciclo do vírus.
Infecções de repetição são comuns?
Não. Em geral, a primeira crise é a mais agressiva, com lesões mais numerosas e muito desconforto. Depois que ela regride, porém o micróbio não é eliminado do organismo. Ele se aloja nos nervos, esperando uma nova oportunidade para entrar em ação, quando o sistema de defesa abrir a guarda. É por isso que indivíduos que tiveram estomatite na infância podem apresentar aquelas lesões características da herpes, no lábio, quando chegam à fase adulta. Mas, se o pequeno apresenta aftas em curtos intervalos de tempo, é necessário investigar outras causas, como traumas ou efeito colateral de medicamentos.
Fontes: p ediatra infectologista Marcio Caldeira Moreira, do Hospital Israelita Albert Einstein; pediatra Maria Fernanda D'Amico, do Hospital Samaritano