Estudo aponta relação entre desenvolvimento de embrião e perda gestacional
Pesquisa usou tecnologia de ponta, em 3D, para acompanhar o crescimento dentro do útero
Um novo estudo desenvolvido nos Países Baixos e publicado na Human Reproduction, uma das mais importantes publicações sobre medicina reprodutiva do mundo, apontou que embriões que terminam em perda gestacional demoram mais para se desenvolver do que embriões de gestações que resultam em nascidos vivos.
Os cientistas puderam acompanhar de que forma se dá o desenvolvimento dentro do útero com tecnologias de ponta. Usando ultrassom transvaginal 3D de alta resolução e técnicas de realidade virtual, eles conseguiram criar hologramas em três dimensões do embrião, o que possibilitou a observação completa do crescimento (braços e pernas, tamanho do cérebro, curvatura, entre outros).
O líder do estudo, dr. Melek Rousian, que é ginecologista e pesquisador na Universidade Medical Center, em Rotterdan, afirmou que quanto mais tempo o embrião demora para se desenvolver, mais provável é a perda gestacional. "Nós descobrimos que nas primeiras dez semanas de gravidez, embriões que culminaram em aborto levaram quatro dias a mais para se desenvolver do que os bebês que completaram a gestação", afirmou.
Descobertas iniciais
A pesquisa acompanhou 611 mulheres grávidas, estudadas entre a 7ª e a 11ª semanas de gestação, das quais 33 terminaram em perda. O que se observou é que os casos de interrupção da gestação estavam ligados a um menor volume embrionário e a um menor comprimento cabeça-nádegas (CNN).
"No futuro, essa possibilidade de observar o tamanho e o desenvolvimento do embrião poderá ser usada para estimar a probabilidade de que a gravidez siga até o nascimento de um bebê saudável. Isso permitirá aos profissionais de saúde o aconselhamento de mulheres e parceiros sobre o que se espera e a identificação precoce de uma perda gestacional. Isso seria útil especialmente para casais que já passaram por perdas anteriores", apontou o estudioso.
A análise genética não foi possível na pesquisa, o que seria útil para avaliar se havia alteração cromossômica nos casos de perda. Novos estudos serão necessários para complementar as informações e as descobertas sobre o assunto.