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O que é ataque de fúria infantil? Veja como lidar com a raiva da criança

A manifestação até lembra um episódio de birra, mas não é a mesma coisa! Especialistas indicam o que fazer durante e após as "explosões" do pequeno.

19 mar 2022 - 10h04
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É um sábado de manhã e vocês decidem descer até o

playground

do prédio para o pequeno brincar. Ele logo se enturma com outras crianças e está tudo calmo, até que acontece algum desentendimento durante a brincadeira e seu filho começa a gritar, chorar e atirar objetos para todos os lados.

Comportamentos agressivos como esses são comuns quando os ataques de raiva tomam conta da criança, mas nem sempre os pais sabem identificar o motivo da crise e como agir perante ela, para acalmar o pequeno e para que ele não carregue essas emoções indesejadas por mais tempo.

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Foto: Arte: Bebê.com.br / Foto: foxline/ / Bebe.com

"Devo tentar distrai-lo? Afastá-lo da turminha?". Antes de tudo, vale entender o que diferencia esses picos de fúria de outras reações que já conhecemos.

Ataque de raiva é a mesma coisa que birra?

Deitar no chão, espernear, berrar... Observando o comportamento do filho de longe, a família pode até pensar que não passa de birra, mas especialistas concordam que as manifestações não são idênticas.

" Podemos pensar na birra como sendo um movimento que faz parte do desenvolvimento da criança, na fase em que está assimilando as regras e leis da cultura e quando acontecimentos externos começam a regular o que ela internamente pode ou não fazer", explica Raul Spitz, psicanalista e consultor do Laboratório Inteligência de Vida.

Por exemplo, se a criança quer continuar assistindo à televisão, mas está na hora do banho, a birra pode aparecer. Aos poucos, porém, o pequeno vai entendendo que existe uma ordem a ser respeitada e que não pode realizar todos os seus desejos. " A birra é bem vista em alguns momentos, porque a criança está entrando em contato com suas vontades, diferenciando-se dos pais. São crises naturais e saudáveis", complementa o psicanalista.

Por outro lado, os ataques de fúria não precisam ser associados necessariamente a um entendimento de regras. Pode estar ligado a emoções intensas com as quais a criança está começando a entrar em contato, como o medo, o pavor, o ciúmes excessivo. "São sensações incontroláveis, que não consegue racionalizar e precisa colocar para fora de forma reativa esses conteúdos que não entende", pontua Raul.

O que fazer quando a "explosão" acontece

menina chorando
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Foto: gahsoon/Getty Images / Bebe.com

O primeiro ímpeto dos pais na hora do ataque de raiva pode ser de dizer o que é certo e errado para o filho, na tentativa de fazê-lo se acalmar. Porém, como esclarece Adriana Severine, psicóloga especialista em terapia cognitiva comportamental, nem sempre essa atitude é efetiva.

"Na hora da crise de raiva, os pais não devem conversar nem discutir, porque a criança está impermeável a qualquer palavra que é dita a ela", orienta. Sua dica é que os cuidadores deem tempo para o pequeno se acalmar e para sentir o que não está conseguindo expressar.

Nos casos em que a criança manifesta comportamentos agressivos com os outros - podendo colocar em risco pessoas que estão por perto - algumas medidas mais concretas devem ser tomadas.

"Pais e cuidadores precisam estar preparados, prontos para acolher o filho e por vezes construir um espaço para contê-lo", indica Raul. O ponto chave aqui é afastar o pequeno das outras crianças, mas sem isolá-lo. "Recomendo que os responsáveis fiquem junto em algum ambiente em que possam passar um tempo, para que a criança acalme os ânimos", acrescenta.

Neste momento, não existem regras a serem faladas, mas é importante que o adulto partilhe deste momento, servindo como companhia para o filho, seja propondo alguma atividade ou ficando em silêncio. Outra dica valiosa é evitar responder da mesma forma que o pequeno - tendo em vista que ele pode dizer palavras feias ou até tentar bater nos pais. 

No fim, é interessante que a criança veja que seu cuidador pôde suportar a crise e manteve-se firme diante dela. " Isso porque, como os ataques de fúria não são racionais, existe uma fantasia do pequeno de querer destruir o que está em sua volta, e ele precisa entender que o adulto conseguiu enfrentar essa fantasia de destruição", afirma o psicanalista.

Depois da tempestade...

Filho-conversando-com-a-mãe
Filho-conversando-com-a-mãe
Foto: Catherine Falls Commercial/Getty Images / Bebe.com

Quando a poeira abaixar, aí sim o diálogo pode surgir. O ideal é que a família se reúna e converse sobre o que cada um sentiu no momento do ataque de fúria, buscando entender o que deixou o pequeno tão raivoso e também como os pais receberam aquela reação.

"A criança vai poder escutar, falar e muitas vezes se sentir culpada pelo que aconteceu - a culpa e a vergonha são sentimentos absolutamente saudáveis no desenvolvimento. Os pais devem não criminalizar as crianças e nem protegê-las do sentimento", explica Raul.

Ou seja, deixar claro que o pequeno foi responsável pela situação, mas que pode fazer diferente das próximas vezes e construir novas soluções. 

A fúria pode ser algo mais grave?

Na maioria dos casos, os ataques de raiva não passam de reações comuns entre as crianças pequenas. Em algumas situações, porém, o comportamento merece uma atenção extra para verificar se não se trata de alguma condição mais séria.

"Existe, por exemplo, o Transtorno Opositor Desafiador (TOD), que costuma surgir a partir dos três ou quatro anos," lembra Adriana. Ele se caracteriza por reações emocionais extremamente exageradas, em que a criança chega a quebrar objetos da casa, fazer chantagem emocional e demonstrar reações desafiadoras perante à família e na escola, por exemplo.

"A criança com TOD não consegue elaborar bem situações em que é contrariada e o quadro não se modifica com o tempo (sem intervenção), como ocorre com a birra - pelo contrário, tende a piorar com o tempo", acrescenta.

De maneira parecida, há também o Transtorno Explosivo Intermitente (TEI), quando o pequeno manifesta comportamentos agressivos e ataques de fúria desproporcionais e com bastante frequência. "Este transtorno, por outro lado, é bem mais comum em adolescentes e adultos", esclarece Adriana.

Apesar das várias possibilidades de classificação, a psicóloga infantil e neuropsicopedagogia Deise Moraes alerta para que a família não se desespere ou tente fechar um diagnóstico por conta própria. "Não é qualquer pessoa que consegue avaliar esses tipos de comportamento, nem os pais são capazes de dizer se é apenas uma birra ou um transtorno", diz.

Caso o comportamento do filho esteja gerando sofrimento para ele e atrapalhando a dinâmica familiar, Deise indica que os pais busquem uma profissional da psicologia, que será capaz de auxiliá-los e direcioná-los ao melhor caminho para lidar com as questões da criança.

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