Seu filho fica muito no celular? Veja qual é o tempo de tela ideal para cada idade
Médica psiquiatra explica como tempo excessivo de tela pode prejudicar o desenvolvimento de crianças e adolescentes
A era digital onde os dispositivos móveis se tornaram uma extensão de nossas vidas, especialmente para as crianças e adolescentes, pode trazer consequências negativas quando o uso do celular se torna excessivo na vida dos jovens. A dependência dos celulares pode impactar o bem-estar psicológico trazendo uma série de problemas emocionais e comportamentais.
Em entrevista ao Terra Você, a médica psiquiatra Cíntia Braga explica que o excesso de telas pode contribuir para o desenvolvimento de problemas de atenção e hiperatividade.
Crianças que passam muito tempo em frente a telas podem ter dificuldade em manter o foco em tarefas que não sejam estimulantes de forma imediata, o que pode impactar negativamente seu desempenho acadêmico e suas habilidades de aprendizagem.
“Além disso, o sono pode ser diretamente afetado, assim como a capacidade em desenvolver habilidades sociais e um aumento da tendência ao sedentarismo”, diz a psiquiatra.
O tempo excessivo de tela também pode reduzir as oportunidades para a interação social presencial, analógica, e o desenvolvimento de habilidades interpessoais. A falta de interação social real pode levar a um aumento na sensação de solidão e isolamento, e prejudicar a capacidade da criança de desenvolver empatia e habilidades sociais essenciais.
A profissional destaca que os pais devem estar atentos para identificar os sinais, que podem se manifestar em diferentes áreas da vida da criança e podem indicar a necessidade de uma revisão dos hábitos de uso de tecnologia.
“A exposição a telas, especialmente antes de dormir, pode interferir no ritmo circadiano e na qualidade do sono e pode estar associada a uma maior dificuldade em regular as emoções e a um aumento da ansiedade ou depressão”, conta a especialista.
Isolamento social
A profissional aconselha perceber se a criança prefere as telas às atividades sociais, como brincar com amigos, participar de atividades extracurriculares ou passar tempo com a família. Se a resposta for positiva, é o momento de repensar a exposição permitida às telas.
Sintomas físicos
Ficar atento a queixas físicas como dores de cabeça frequentes, problemas de visão, ou dores no pescoço e nas costas também é importante. Esses sintomas podem ser resultado de posturas inadequadas e do tempo prolongado em frente a telas.
Comportamentos agressivos ou impulsivos
O uso de conteúdo violento ou agressivo em telas pode influenciar o comportamento da criança. Se você notar um aumento na agressividade ou comportamentos impulsivos, pode ser um reflexo do conteúdo consumido ou da exposição prolongada.
Desinteresse por atividades anteriores
Se a criança demonstrar desinteresse ou desmotivação para atividades que anteriormente gostava, isso pode ser um sinal de que o tempo excessivo de tela está substituindo outras formas de engajamento e prazer.
“É essencial que os pais observem esses sinais e considerem implementar limites para o tempo de tela, além de promover atividades alternativas e saudáveis. Conversar abertamente com a criança sobre o uso de tecnologia e criar um ambiente equilibrado e enriquecedor pode ajudar a mitigar esses efeitos e promover um desenvolvimento saudável”, indica a especialista.
Tempo de tela
Quanto à recomendação atual sobre o tempo de tela para crianças de diferentes faixas etárias, a psiquiatra avalia que isso varia de acordo com a idade e enfatiza a importância de equilibrar o tempo de tela com outras atividades essenciais para o desenvolvimento saudável.
Para crianças de 0 a 2 anos: “O ideal é evitar!”
Crianças de 2 a 5 anos: “Para essa faixa etária, é recomendado limitar o tempo de tela a no máximo 1h por dia de atividades de alta qualidade. Isso inclui conteúdo educativo e interativo que pode ser assistido em conjunto com os pais. É importante que o tempo de tela não substitua atividades físicas e brincadeiras”.
Crianças de 6 a 12 anos: “A recomendação é de que o tempo de tela não ultrapasse 2h por dia, incluindo o tempo gasto em atividades escolares e de lazer. Os pais devem monitorar o conteúdo, garantindo que seja apropriado para a idade e promovam o aprendizado e a criatividade. É fundamental que o tempo de tela seja equilibrado com outras atividades, como esportes, leitura e interação social”.
Adolescentes (13 a 18 anos): “Para adolescentes, as recomendações são mais flexíveis, mas ainda assim sugerem a importância de monitorar o tempo de tela e promover um equilíbrio saudável. O foco deve estar na qualidade do conteúdo e no impacto sobre o bem-estar geral, incluindo sono, atividades físicas e vida social. Os pais devem estar atentos ao uso excessivo e ao impacto potencial na saúde mental e emocional”.
Intervenções
Estabeleça limites claros
Defina regras sobre o tempo de tela diário e semanal. Utilize ferramentas e configurações de controle parental para ajudar a monitorar e limitar o tempo de uso.
Promova atividades alternativas
Incentive atividades não relacionadas a telas, como leitura, jogos ao ar livre, esportes e hobbies criativos. Isso ajuda a garantir que as crianças se engajem em uma variedade de experiências.
Seja um modelo positivo
Demonstre hábitos saudáveis de uso de tecnologia. Crianças tendem a imitar o comportamento dos pais, então é importante que os adultos também pratiquem um uso equilibrado das telas.
Crie regras para o uso de telas
Estabeleça regras para o uso de telas em casa, como não usar dispositivos durante as refeições ou antes de dormir ou permitir o uso apenas após completar as suas tarefas. Isso ajuda a criar uma rotina que prioriza o tempo de qualidade em família e um sono adequado.
Engaje-se ativamente
Sempre que possível, participe das atividades de tela com seus filhos. Isso permite que você monitore o conteúdo e aproveite a oportunidade para discutir o que estão vendo e aprendendo.