Virginia dá castigo a filha de 2 anos: por que a prática não é recomendada?
Para psicóloga castigo "pode afetar negativamente seu desenvolvimento emocional"
O castigo disciplinar pode afetar negativamente o desenvolvimento emocional de crianças pequenas, segundo a psicóloga Fernanda Fuso. Ela recomenda que pais tratem a disciplina como um momento para ensinar, em vez de punir.
O castigo que Virgínia Fonseca impôs à sua filha mais velha, Maria Alice, de 2 anos, elevou o debate sobre os impactos da punição em crianças pequenas, já que a influenciadora é seguida por 46,5 milhões de pessoas somente no Instagram. A primogênita empurrou a irmã, Maria Flor, de 1 ano, duas vezes porque a caçula teria natação antes dela. Por isso, a mãe proibiu Maria Alice de brincar na piscina.
Ao Terra, a psicóloga infanto-juvenil Fernanda Fusco defende que a prática do castigo não é recomendável, pois nessa idade a capacidade de compreensão de conceitos relacionados à moralidade é limitada e as crianças ainda estão formando a base de como interagir com os outros.
Castigo pode afetar desenvolvimento emocional
A psicóloga especializada em tratamento de pais explica que o castigo, especialmente se for isolado e sem uma explicação compreensível, não é eficaz. "A criança pode não associar o castigo com o comportamento específico que levou a essa consequência. Mais do que isso, pode se sentir rejeitada ou incompreendida, o que pode afetar negativamente seu desenvolvimento emocional."
Nesta fase da vida, as crianças estão aprendendo sobre confiança, segurança e como gerenciar o que estão sentindo. Quando o castigo é aplicado sem a devida explicação ou conexão clara com o comportamento, a criança pode se sentir confusa. "Isso pode levar a problemas de autoestima e dificuldades nas relações sociais, pois a criança pode começar a ver o mundo como um lugar ameaçador", explica.
Oportunidades de ensino
A psicóloga recomenda que esses momentos devem ser usados como oportunidades de ensino, "explicando de forma simples e clara por que o comportamento é inapropriado". A ideia é ajudar a criança a entender as emoções envolvidas no conflito e compreender a importância de tratar os outros com respeito e cuidado.
Pais também são afetados com castigo
Virgínia disse que ficou sentida por ter colocado Maria Alice de castigo. “Eu odeio, porque castigo dói mais na gente do que na criança, né? É um saco, é pior para nós, mães, do que para eles. Mas faz parte, ela não está sabendo lidar com as emoções e acredito que seja um processo e um desafio", declarou a influenciadora em suas redes sociais.
A psicóloga Fernanda Fusco explica que, além dos impactos diretos nas crianças, os castigos realmente reverberam nos pais. "Primeiramente, pode ser emocionalmente difícil para os pais administrar a disciplina de maneira consistente, o que pode gerar sentimentos de culpa ou dúvida sobre suas habilidades parentais. Além disso, se o castigo não resultar em uma mudança de comportamento, isso pode levar a um ciclo frustrante de mais castigos e potencial tensão na relação pai-filho".
Guiar, não punir
De acordo com a especialista, os pais devem focar em "ensinar e guiar, em vez de punir". A medida ajuda a fortalecer a relação entre pais e filhos. "Métodos como conversar sobre o comportamento, explicar as consequências de suas ações de maneira que elas possam entender, e encorajar a empatia e a reparação (como pedir desculpas ou ajudar a consertar um erro), são muito mais eficazes para o desenvolvimento de habilidades sociais e emocionais saudáveis em crianças pequenas", afirma.
Conforto e resolução
A intervenção de um adulto pode ser crucial para ajudar as crianças a aprenderem como manejar seus sentimentos de maneira construtiva. Por exemplo, é importante ensinar as crianças a esperarem a sua vez. "Isso ajuda a desenvolver a paciência e o respeito pelo outro", explica a psicóloga.
Deixar claro que as crianças têm onde buscar conforto quando estiverem tristes é muito importante. Um exemplo prático é dizer ao pequeno que se ele estiver triste, pode vir dar um abraço, pois encontrarão uma solução juntos.
Se o conflito for resolvido, é recomendável reforçar positivamente a capacidade da criança em resolver a questão. "Quando as crianças conseguem resolver seus conflitos ou gerenciar suas emoções de forma positiva, elas devem ser elogiadas. Isso reforça o comportamento desejado e as encoraja a repeti-lo no futuro", diz a psicóloga.