A Copa do copo: confira a degustação de doze vodcas do mundo
Formamos uma seleção com rótulos de diferentes países, convocamos um time de degustadores e marcamos o jogo para um campo neutro. O embate foi às cegas e o placar você confere aqui
Degustar vodca é como uma brincadeira de esconde-esconde: tentar encontrar aquilo que quer se esconder. A busca por aromas num destilado que é produzido e comercializado como neutro não é uma tarefa exatamente fácil. O alto nível alcoólico e o fato de a bebida ser servida gelada dificultam ainda mais a análise, pois ajudam a ocultar sabores e aromas.
Os russos, seus criadores e maiores consumidores, tomam na refeição, em pequenos goles, geralmente acompanhando pratos e petiscos gordurosos.
Mas, apesar de produtores pelo mundo todo tentarem fazer a bebida da forma mais neutra possível, quando o destilado está em temperatura ambiente é possível mapear aromas e principalmente analisar texturas na boca, captando a personalidade de cada rótulo. Como a bebida pode ser destilada com diversas matérias-primas, o resultado final pode ser bem heterogêneo.
Reunimos 12 rótulos disponíveis no mercado nacional, provenientes de sete países: Brasil, França, Suécia,
Finlândia, Rússia, Polônia e Holanda. Formamos o grupo com a participação da bartender e consultora Adriana Pino; do sócio da Cia. Tradicional de Comércio Ricardo Garrido; do coordenador de bar do Astor, Lucivaldo Pereira; do repórter do Estado Gilberto Amendola; do designer do Estado Adriano Araújo; e dos repórteres do Paladar Carla Peralva e Matheus Prado. Reservamos uma mesa no Astor do shopping JK e começamos os trabalhos, às cegas. Ou seja, provamos e comparamos as vodcas sem saber quais eram.
Confira os resultados
Finlandia
À base de cevada, a escandinava Finlandia é macia e equilibrada na boca, mas extremamente alcoólica no primeiro gole e no nariz. Revela doçura no final. Joga bem o básico. R$ 90 (1 l) na Casa Santa Luzia.
TiiV
Vodca brasileira e orgânica a base de cana-de-açúcar, a TiiV não faz feio no nariz. Tem perfume agradável e cítrico. Na boca é picante. Boa promessa para a próxima disputa. R$ 79 (1 l) na Casa Santa Luzia.
Standard
A Standard, russa de São Petersburgo e feita com trigo de inverno, tem perfil tradicional – é neutra. Leve e pouco complexa, mas persiste. Não empolga a torcida. R$ 99,90 (1 l) no Empório Frei Caneca.
Wyborowa
De uma escola clássica de vodca, a polonesa Wyborowa esconde o jogo no nariz, mas entrega seu perfil na boca. Produzida à base de centeio, é macia, com equilíbrio. R$ 49,90 (1 l) no Empório Frei Caneca.
Absolut
A gigante sueca até investe em versões com sabores, mas seu rótulo tradicional é, com justiça, a base da marca. Joga bem, mas não é craque. Tem aroma leve e fresco, é docinha e desaparece devagar do paladar. R$ 84,99 (1 l) no Imigrantes Bebidas.
Stolichnaya
A russa Stolichnaya, de trigo e centeio, diz logo ao que veio. É mais pontuda que suas concorrentes nesta degustação e tem um aroma fortemente alcoólico – vai bem em drinques. É a marca mais forte da seleção russa no mundo todo. R$ 99,90 (750 ml) no St. Marché.
Kalvelage
Esta é a vodca nacional mais premiada. Produzida em Santa Catarina e lançada em 2013, na degustação levou cartão amarelo devido ao forte aroma alcoólico, que “lembra acetona”. Na boca é adocicada. R$ 104 (750 ml) no Empório Alto dos Pinheiros.
Grey Goose
Redonda, honrou a camisa em campo. O saborosa vodca feita na França, à base de trigo, é agradável no nariz e uma festa na boca. É herbal e estruturada, com muita personalidade. R$ 127,99 (750 ml) no Imigrantes Bebidas.
Cîroc
A craque da degustação. No nariz, a francesa é frutada e floral, sem perder delicadeza. Na boca, sabor de uva (base da bebida), persistência e retrogosto agradável. R$ 99 (750 ml) no St. Marché.
Ketel One
A representante holandesa da prova, feita à base de trigo e de produção artesanal. Um pouco apimentada na boca, mas neutra em campo. Seca. R$ 79 (1 l) no St. Marché.
Belvedere
Gol da Polônia! A Belvedere – de centeio – entrega o que se pede de uma boa vodca: corpo, persistência e textura aveludada na boca. R$ 168 (700 ml) no St. Marché.
Smirnoff
Receita russa feita no Brasil, tem sabor familiar, mas não se destaca no nariz nem na boca. Fica no banco. Boa para drinques. R$ 34,99 (998 ml) no Imigrantes Bebidas.
No freezer, na geladeira ou no armário ?
Tanto faz. Se for guardada na geladeira ou no freezer, fica mais fácil de beber, porque a temperatura baixa atenua seu teor alcoólico e seus sabores. Apesar disso, esse tipo de conservação nada agrega ao perfil do destilado. Quer dizer, pode deixar no armário, mesmo. O único cuidado é que a garrafa fique longe da exposição de luz.
Qual é o copo ideal?
Especialista em cachaça e destilados, Isadora Bello Fornari explica que a bebida vai bem num copo shot - especialmente se a ideia é neutralizar a força da vodca, como é tradicional com o destilado. Para degustar e identificar o perfil da vodca, o copo indicado é a taça ISO, que permite uma maior valorização dos sabores.
O que procurar numa vodca?
Apesar de ser vendida como neutra e andar escondida em diversos coquetéis, a vodca possui diferentes personalidades. Existem rótulos secos, picantes, amanteigados, florais. Para encontrar os sabores, é necessário que a bebida não esteja gelada e que o copo seja abaulado entre o bojo e a boca, como a taça ISO, para promover os aromas.