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Culpa: qual a função dela na nossa mente?

Apesar de desconfortável, sentir culpa pode ser muito útil para a nossa mente Quem não sentiu culpa, um dia vai sentir. Tendo motivos ou não, por incrível que pareça, sentir-se culpado pode ser uma importante ferramenta de melhora pessoal, desde que a pessoa não fique travada nesse sentimento e principalmente desde que não fuja dele. […]

6 nov 2024 - 16h43
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Apesar de desconfortável, sentir culpa pode ser muito útil para a nossa mente

Quem não sentiu culpa, um dia vai sentir. Tendo motivos ou não, por incrível que pareça, sentir-se culpado pode ser uma importante ferramenta de melhora pessoal, desde que a pessoa não fique travada nesse sentimento e principalmente desde que não fuja dele. Para entender melhor o porquê desse sentimento tão doloroso e como lidar com ele de forma mais saudável, conversamos com os psicólogos Romanni Souza e Anne Crunfli.

Foto: Pixabay / Revista Malu

Mas espera, o que é a culpa?

Romanni: "A culpa é um sentimento frequentemente associado a violações de normas sociais, morais ou pessoais. Do ponto de vista psicológico, ela surge quando comparamos nossas ações com um padrão ideal de comportamento, e percebemos uma discrepância entre o que fizemos e o que deveríamos ter feito. Essa discrepância gera um desconforto emocional que buscamos aliviar".

E por que sentimos culpa?

Anne: "Como seres biológicos, enfrentamos ameaças o tempo todo no mundo e as emoções negativas são o nosso sistema emocional de detecção de possíveis ameaças. Nisso, todas as emoções negativas são importantes porque são como bússolas comportamentais. No caso da culpa, ela auxilia na alteração do nosso comportamento. Por exemplo, quando você sente culpa por ter feito algo que tenha magoado alguém, a culpa nesse contexto serve para redirecionar sua postura atual, te fazendo prestar atenção em seus comportamentos e ações. Se ela não existisse, você não teria empatia pela dor do outro".

Mas se é um sentimento importante, por que o evitamos?

Romanni: "Para não ferir nossa própria identidade, já que a culpa é um sentimento muito pessoal, relacionado a um eu idealizado. Uma pessoa que se vê como honesta, por exemplo, vai evitar comportamentos que ela julgue desonestos para se proteger da sensação ruim que a quebra desses valores trarão para ela. É por isso que vão ter pessoas que cometem atos violentos e não se sentem culpadas, enquanto outras vão se arrepender de terem simplesmente feito uma crítica a alguém".

Anne: "Na maioria das vezes, se a pessoa evita a culpa, ela evita emoções negativas de uma forma geral. E isso pode estar associado a psicopatologias como Transtorno de Personalidade Antissocial, Transtorno de Personalidade Narcisista ou, ainda que não configure uma doença, pode demonstrar uma grande desregulação emocional. Ter ciência das próprias emoções permite-se transitar por elas, e é uma maneira muito eficiente para o autoconhecimento".

Os mecanismos de defesa da mente

Mecanismos de defesa são estratégias psicológicas inconscientes que utilizamos para nos proteger de sentimentos dolorosos, como a culpa. Segundo Romanni, alguns dos mecanismos mais comuns nesse contexto são: 

  • Negação: a pessoa nega que tenha feito algo errado ou minimiza a gravidade de suas ações; 
  • Racionalização: a pessoa encontra justificativas lógicas para seu comportamento, buscando torná-lo aceitável; 
  • Projeção: a pessoa atribui seus próprios sentimentos de culpa a outras pessoas; 
  • Deslocamento: a pessoa direciona sua culpa para um alvo diferente, como culpando outra pessoa pela situação.

Quais são as consequências de evitar a culpa ao longo prazo?

Romanni: "Podem haver diversas consequências negativas, como isolamento social, já que a pessoa pode evitar relacionamentos por medo de ser julgada. A culpa reprimida também pode manifestar-se em forma de ansiedade, depressão e outros transtornos ou até na dificuldade em construir relacionamentos saudáveis, confiar nos outros e em se abrir emocionalmente. Fora o risco de comportamento repetitivo, já que ao evitar lidar com a culpa, a pessoa pode repetir os mesmos erros no futuro".

Anne: "Algumas estratégias de evitação clássica são excessos no sexo, comida, bebida, limpar compulsivamente, buscar estimulações ou tornar-se viciado em trabalho, etc. A longo prazo, evitar a culpa ou demais emoções negativas pode trazer prejuízos funcionais, relacionais, e comportamento evitativo. Quanto maior for a fuga emocional, maiores serão os prejuízos para a vida do indivíduo, além de um profundo desconhecimento de si".

Então, como lidar com a culpa de maneira saudável?

Romanni: "Com autoconhecimento e amadurecimento. Mais do que técnicas terapêuticas, é preciso que a pessoa se conheça, se entenda, reconecte-se com sua identidade. Para cada um, isso pode funcionar de uma forma diferente, mas caso haja dificuldade nesse processo o ideal é buscar pela terapia, e cada abordagem terapêutica terá uma estratégia diferente para direcionar essa pessoa. Em alguns casos, pode-se inclusive misturar abordagens. O essencial é compreender: se eu sinto culpa, é porque estou tentando melhorar algo".

Diferentes abordagens terapêuticas para a culpa

  • Terapia Cognitivo-Comportamental: Essa abordagem ajuda a identificar e modificar pensamentos e comportamentos disfuncionais relacionados à culpa. Pode-se fazer uso, por exemplo, de um diário de humor, para registrar os padrões emocionais, facilitando a reflexão sobre eles.
  • Mindfulness: Práticas de mindfulness, como a meditação, podem ajudar a aumentar a autoconsciência e a aceitação dos próprios sentimentos.
  • Neopsicologia: combina psicologia clínica e educacional oferecendo suporte contínuo e personalizado com olhar além dos sintomas e que possa integrar diversas abordagens de forma moderna.
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