Bebidas alcoólicas no frio: tentar se esquentar pode ter efeito contrário
Risco de hipotermia após abuso de bebidas alcoólicas no frio é grande. Entenda os riscos que isso pode provocar para a saúde
Assim que a temperatura lá fora começa a abaixar, é comum que algumas pessoas tenham a ideia de tomar alguma bebida alcoólica para espantar a sensação de frio. Seja através de um bom vinho ou do destilado de sua preferência, esse hábito realmente costuma surtir efeito. Aquele incômodo gerado pela queda de temperatura ambiente tende a ir embora. Mas, é justamente esse o perigo.
Apesar de ser calórico e até ter a capacidade de elevar um pouco nossa temperatura corporal, o álcool costuma "espantar" o frio por outro motivo. Ele reduz a capacidade do organismo de sentir e reagir às baixas temperaturas. Faz, portanto, que você se sinta confortável durante o frio e não se proteja adequadamente. Nessas condições, o risco de hipotermia - quando a temperatura do corpo se encontra abaixo dos 35°C - costuma ser alto. Algo que pode, inclusive, provocar a morte.
Mas, além disso, as bebidas alcoólicas no frio ainda podem gerar diversos outros prejuízos para a saúde. "Muito utilizado para aquecer o corpo, o álcool causa desidratação, o que não é nada bom para o organismo. O ideal é optar por bebidas quentes e pouco calóricas, como chás. Não aconselho o uso de bebidas alcoólicas e nem muito calóricas e gordurosas, pois causam sobrepeso e obesidade", diz a cardiologista, Dra. Priscilla Gianotto Tosello.
Confira outros cinco motivos para não abusar das bebidas alcoólicas no frio, ou em qualquer outra temperatura ambiente:
1 - Reduz o metabolismo e engorda
"O fígado trabalha diariamente quebrando as gorduras da sua alimentação e eliminando as toxinas. Quando você bebe álcool, acaba adicionando mais uma tarefa na função do órgão. Dessa forma, seu fígado não consegue processar a gordura de maneira tão rápida e eficientemente, pois estará, também, trabalhando para expelir o álcool. Como consequência, ocorre a desaceleração do metabolismo, levando, inclusive, ao acúmulo de gordura", explica a médica nutróloga, Dra. Marcella Garcez, diretora e professora da Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN).
2 - Estraga a pele
"A pele também é um dos tecidos periféricos de onde o organismo retira água para metabolizar o álcool. Como resultado, o tecido cutâneo pode sofrer com desidratação, descamação e perda de viço e brilho", afirma a dermatologista Dra. Paola Pomerantzeff, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD).
3 - Provoca inflamações
"A inflamação crônica promovida pelo álcool piora a qualidade da pele, prejudicando sua firmeza e elasticidade e acelerando o envelhecimento cutâneo, além de favorecer o surgimento de doenças como acne, psoríase, rosácea e dermatite seborreica", afirma o dermatologista Dr. Daniel Cassiano, membro da SBD.
4 - Compromete a circulação sanguínea
"Ficamos mais inchados e a pressão sobre as veias e artérias aumenta, o que pode contribuir para o surgimento de problemas vasculares como varizes e trombose", destaca a cirurgiã vascular Dra. Aline Lamaita, membro da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular (SBACV).
5 - Prejudica a saúde bucal
"O processo de desidratação causado pelo álcool provoca a diminuição da produção de saliva. Como resultado, ficamos mais suscetíveis ao desenvolvimento de doenças como cáries, gengivites e erosão dental, visto que uma das principais funções da saliva é, justamente, proteger os dentes e as mucosas orais", revela o Dr. Hugo Lewgoy, cirurgião-dentista e doutor em Odontologia.