Arroz, feijão, farofa e até brigadeiro: o que os atletas brasileiros vão comer na Olimpíada
Base do Time Brasil na França conta com culinária caseira e sabores brasileiros
O Brasil conta uma delegação formada por 276 atletas de diversas modalidades esportivas nos Jogos Olímpicos de Paris 2024: futebol feminino, skate, atletismo, canoagem, ginástica artística, basquete e vôlei são apenas algumas.
Para ter um bom desempenho e entrar na disputa de medalhas, além de treino, preparação e talento, é preciso manter uma alimentação equilibrada e reforçada.
Degusta conversou com a nutricionista Renata Parra, Coordenadora de Nutrição do COB (Comitê Olímpico Brasileiro), que deu detalhes sobre quais são os alimentos que fazem parte da refeição diária dos atletas brasileiros no Time Brasil, uma base criada desde 2012, que conta com uma chef de cozinha e culinária brasileira. Diariamente são preparados cerca de 16 quilos de arroz e feijão.
"A nossa premissa é tentar trazer os atletas o mais próximo possível de casa, oferecendo uma comida mais brasileira e também pensando no valor nutricional necessário para o atleta. A gente sempre coloca no cardápio um arrozinho, um feijãozinho, uma farofa, proteínas, saladas, vegetais cozidos, assados, uma massa... Variedade de sabores, de alimentos, mas que contemplam em todas as necessidades do atleta", explica.
As refeições, segundo a profissional, são saborosas e com gosto de tempero caseiro. "A comida não é muito condimentada, sempre quando colocamos uma preparação que tenha molho, como por exemplo uma massa, ele vai à parte".
A atleta do vôlei Gabriela Guimarães elegeu a feijoada vegana como seu prato favorito na base do Brasil em Paris.
Os alimentos também são servidos em preparações grelhadas, cozidas, assadas - sem fritura, para tentar reduzir o consumo de gordura. Além do menu bem brasileiro, os atletas também tèm frutas da França de sobremesa, sorvete, açaí e tapioca.
"Sempre tem docinho para também trazer aquele conforto emocional para os atletas. Varia desde uma coisa mais saudável, como um pudim de chia, de manga com coco, até um brigadeiro, uma mousse, uma torta de chocolate", revela.
A Vila Olímpica, local de hospedagem dos atletas, também oferece refeições com uma culinária variada e sem muito controle da equipe do Brasil, já que é destinada aos atletas de todo mundo, e bem disputada, muitas vezes com fila de espera para montar os pratos.
"Todos os atletas do Brasil, antes de entrarem na Vila - ou durante mesmo a sua estadia da Vila - têm a opção de comerem na nossa base do Time Brasil, que fica a 500 metros da vila, e a gente serve duas refeições lá, almoço e jantar", complementa a nutricionista.
Renata Parra elaborou o cardápio com a ajuda de uma chef de cozinha brasileira, que mora na França. "O que não pode faltar no cardápio do almoço e jantar é comida gostosa, mas também uma comida bem equilibrada", conta a nutricionista.
Os atletas têm acessso a um buffet variado, com fontes de carboidratos diferentes como batata, farofa, massa, arroz, arroz branco, integral, massa comum e integral, duas fontes de proteína, uma vermelha e uma de carne branca - seja um frango ou peixe, além de uma proteína vegetal, como hambúrguer de grãos.
Soja, legumes variados, verduras e vegetais cozidos para uma bela salada também estão presentes todos os dias no cardápio.
"A gente contempla todos os ingredientes tentando equilibrar de acordo com a demanda energética que o esporte traz, tendo sempre bastante fonte de carboidrato e não esquecendo da proteína".
Comida internacional na Vila Olímpica
Diferente da base do Time Brasil, a Vila Olímpica abrange os atletas de todos os países e oferece um cardápio com culinária internacional, além da francesa.
"Tem uma comida mais condimentada, mais gordurosa, existem frituras, mas também tem a parte mais saudável, opções sem glúten, sem lactose, vegana, salada, legumes, verduras... Mas a forma de preparo, a gente não tem muito controle, a forma que eles condimentam também não. E por ser uma vila com uma espera, uma demora na reposição dos alimentos, então a vantagem que eu vejo da nossa base é essa", explica Renata Parra.
O que não pode faltar?
Segundo a nutricionista, a base da alimentação do atleta, principalmente no período competitivo, é o carboidrato. "Então não podem faltar fruta, cereal, um melzinho, geléia, um pão, pensando em lanche e café da manhã. E já no almoço e no jantar não podem faltar um arroz, uma massa, batata, sem deixar de lado a proteína, que é super importante para a recuperação do atleta, seja a proteína animal ou a vegetal".
Além disso, a profissional ressalta que, pensando na recuperação do atleta, os legumes e as verduras são fundamentais. "São riquíssimos em nutrientes, fonte de antioxidantes", diz.
Dieta para dias de competições
Algumas categorias esportivas exigem uma alimentação especial no dia de competiões. "Se a gente estiver falando de uma modalidade de luta, que vai fazer uma pesagem no dia seguinte ou no dia da luta, esse atleta não pode comer muito. Ele vai estar mais restrito em água, em alimento, vai estar com uma dieta mais hipocalórica", explica Renata.
No geral, em dias de jogos e competiões, é necessário aumentar a hidratação e o consumo de carboidrato. " E não esquecer o consumo de proteína e fazer uma dieta bem equilibrada, comendo em intervalos curtos. Com essa preocupação de reposição energética", conclui.