Bares de vinho se espalham por São Paulo; veja onde tomar uma taça
A maioria destes bares traz a ideia de pequenos pratos para acompanhar a bebida
Os bares de vinho são, com o perdão do trocadilho, a taça da vez. Do pioneiro Bardega, que trouxe, em 2012, o conceito de vários rótulos disponíveis em taças ao mesmo tempo, ao recém-inaugurado Plou, com cerca de 500 vinhos naturais na prateleira, os bares focados na bebida preferida do deus pagão Baco nunca tiveram tanta evidência em São Paulo. A lista é grande: Beverino, também um pioneiro; Sede 261, que trouxe descontração com seus vinhos servidos na calçada, Clementina, talvez o campeão de filas na porta atualmente, Notre Vin, com música ao vivo, entre tantos outros, numa lista que não para de crescer.
"Os bares de vinho não são uma tendência global, mas o crescimento do consumo do vinho no Brasil durante a pandemia mostrou que existe um interesse pela bebida e, assim, este modelo aparece como um caminho natural", analisa Rodrigo Lanari, que representa no Brasil a consultoria inglesa Wine Intelligence, de pesquisa do setor do vinho. Somado ao interesse pela bebida, há o crescimento do fã clube dos vinhos naturais, como são chamados aqueles brancos e tintos elaborados com a menor intervenção enológica possível. E explica porque a maioria dos novos bares tem foco neste estilo de bebida.
O próprio Plou representa essa tendência. Analu Torres, sócia no projeto, tem no currículo o Jardim dos Vinhos Vivos, um bar que funcionou de 2016 a 2019 em um quintal arborizado na Vila Madalena. No novo endereço, agora uma simpática casa, que tem espaço também para as aulas de degustação em francês, que ela ministra, Analu traz o mesmo conceito. São vinhos que ela foi garimpando ao longo da sua carreira, a grande maioria naturais, biodinâmicos ou de baixa intervenção, acompanhados por comidinhas criadas pelo chef Samuel Rocha. "São os vinhos que eu gosto de beber", resume ela. A carta começa com preços a partir de R$ 150, no caso do chileno Pipeño, da Yumbel, e chega até os R$ 2.300, em alguns Borgonhas especiais. As opções em taça variam de R$ 38 a R$ 100, e são definidas diariamente.
A maioria destes bares traz a ideia de pequenos pratos para acompanhar a bebida. "O brasileiro espera algo a mais do que apenas os vinhos", afirma Leandro Mattiuz, sócio do Elevado, bar com dois endereços na região central de São Paulo. No início, conta ele, a ideia era servir apenas tostadas para acompanhar uma carta com mais de 120 rótulos e 30 opções em taças. Mas nestes quatro anos de funcionamento, acabou migrando para um conceito de "wine bistrô", como ele define, com receitas como mexilhão, paellas, entre outras receitas.
Claro que há exceções como Sede 261, talvez o wine bar de maior sucesso em São Paulo, pilotado pelas sommelierès Daniela Bravin e Cassia Campos. O bar funciona em uma garagem em uma rua pacata de Pinheiros, mas lota com as cadeiras de praia que são espalhadas pela calçada aos finais de semana. Muitas das comidinhas são pedidas pelos próprios clientes pelos aplicativos e, sempre que viável, as sócias preparam algumas surpresas: não raro, por exemplo, há um bar de ostras aos finais de semana.
Outro destaque de vários wines bar são a música ao vivo como atrativo. O Notre Vin, que abriu em Pinheiros no início do ano, lota às terças, com uma apresentação de blues, e quinta e sábado, com jazz. Com taças a partir R$ 30 e garrafas entre R$ 160 e R$ 680, o sócio Danilo Camargo conta que é preciso oferecer mais opções para os clientes, onde ele inclui a música e uma comida de qualidade - na casa, o foco são os ingredientes de pequenos produtores. "Cada vez mais o jovem se interessa por beber bem, mas quer também um bom acompanhamento", afirma ele.
A música ao vivo, ao menos uma vez por semana, é também a aposta do Vino!, atualmente a maior rede de bar de vinhos com 62 unidades, muitas delas franquias, espalhadas por 25 cidades brasileiras. No modelo, a maioria dos vinhos é de importação direta e o consumidor pode optar por provar em taça quase todos os vinhos (a exceção são os espumantes), pagando por uma dose de 150 ml o equivalente a um quinto do preço da garrafa.
Estes diferenciais contrastam com os modelos de wine bar europeus, que foram a inspiração para estas casas. Lá, o comum é uma taça de vinho acompanhada de aperitivos simples, como porções de amêndoas ou azeitonas. Aqui, comida e música ganham força e são também importantes para manter a rentabilidade do local, até pelo preço dos vinhos praticados no mercado brasileiro. E a semelhança com estes bares de outros países está na carta de vinhos mais informal: na maioria das casas, tanto aqui como lá, não raro os vinhos em taça são descritos em louças e as opções mudam a cada semana. "Nossa carta não é escrita. Recorro a uma prateleira onde figuram as garrafas disponíveis", afirma Bruno Bertoli, sócio do Beverino, um espaço pequeno e aconchegante na região central de São Paulo, com foco, também nos rótulos de baixa intervenção.
Um pequeno roteiro dos bares de vinho em São Paulo
Bardega
O pioneiro, aberto em 2012, que trouxe ao Brasil as máquinas Enomatic. Elas permitem servir vinhos em doses (30, 60 e 120 ml) ao mesmo tempo que garante maior tempo de conservação da garrafa depois de aberta, sem oxidar o vinho.
Rua Doutor Alceu de Campos Rodrigues, 218 - Itaim Bibi - (11) 2691-7578
Sede 261
Um bar descontraído, com disputadas cadeiras de praia na calçada. Ao chegar, o cliente recebe uma taça e as sommelierès Cassia Campos e Daniela Bravin selecionam as opções dos vinhos, que oferecem aos presentes.
Rua Benjamim Egas, 261 - Pinheiros
Plou
Recém-aberto e com foco nos vinhos naturais e de baixa intervenção, se destaca pelo tamanho da carta (cerca de 500 rótulos) e pelo espaço para aulas de vinho em francês e degustações.
Rua Original, 141 - Vila Madalena
Beverino
Pequena casa do sommelier Bruno Bertoli, com foco nos vinhos de baixa intervenção enológica e boas receitas para acompanhar os vinhos.
Rua General Jardim, 702 - Vila Buarque - (11) 98438-3597
Elevado Bar
No projeto de Leandro Mattiuz com sócios, os vinhos podem ser provados no balcão ou em mesas coletivas. A segunda unidade, na Bela Vista, foca também em música ao vivo.
Rua Jesuíno Pascoal, 16 - Vila Buarque - (11) 4172-9749
Prosa e Vinho
Ambiente descontraído, com vinhos de boa relação qualidade-preço, são os destaques deste bar no centro de São Paulo.
Av. São Luis, 187, piso 3, loja 1 - (11) 3151-3692
Saída de emergência
O destaque são as doses de 140 ml (em geral, o padrão é 120 ml), o que permite dividir o vinho em duas taças. São cerca de 200 rótulos, com 150 disponíveis em taças.
Rua dos Pinheiros, 808 - Pinheiros.
Baco Divino
Em uma casinha no Jardins, este bar tem cerca de 60 rótulos, entre orgânicos, biodinâmicos e de baixa intervenção, e 15 vinhos em taças. No menu, cardápio enxuto com foco nos queijos e na charcutaria.
Alameda Itu, 1306 - Jardim Paulista - (11) 93039-1306
Notre Vin
Aberto no início deste ano e com vários ambientes, a casa mescla vinhos em garrafas e em taças com música ao vivo.
Rua João Moura, 1086 - Pinheiros
Clementina
Ambiente pequeno e intimista, traz vinhos de baixa intervenção, que podem ser harmonizados com entradinhas e também pizzas.
Rua João Moura, 613 - Pinheiros
Iaiá Cave à Mange
O chef Benoit Mathurin, também do restaurante Esther Rooftop, tem o seu bar de vinhos, nesta simpática casinha no Itaim. Os pratos são criações do chef, que cada vez mais foca nos rótulos brasileiros.
Rua Iaiá, 44 - Itaim Bibi - (11) 99573-1810
Vino!
O projeto nasceu em Curitiba e hoje conta com mais de 60 unidades espalhadas por 25 cidades brasileiras. A quantidade dos vinhos oferecidos depende de cada franqueado, mas todas as garrafas podem ser abertas e cada dose de 150 ml representa 1/5 do valor da garrafa.
Rua Fradique Coutinho, 47 - Pinheiros - (11) 2614-0145