Carioca? Lei que torna o acarajé patrimônio do Rio de Janeiro incomoda boa parte dos baianos
Texto foi aprovado pela Alerj e sancionado pelo governador Cláudio Castro
A aprovação de uma nova lei que considera a produção e a comercialização do acarajé patrimônios de valor histórico e cultural do Estado do Rio de Janeiro está polemizando nas redes sociais.
A iguaria, de origem africana e famosa e tradicional na Bahia, virou patrimônio carioca na lei 10.157/23, de autoria dos deputados Renata Souza (Psol), Dani Monteiro (Psol) e Átila Nunes (MDB), sancionada pelo governador Cláudio Castro e publicada na edição do dia 25 de outubro no Diário Oficial.
O Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (IPAC) fez uma postagem no Instagram citando que o ofício da baiana do acarajé é patrimônio imaterial do estado da Bahia desde 2012, mas o alimento, pelo visto não é protegido ainda por lei, o que preocupa parte dos baianos.
"Isso simbolizou um importante avanço para a preservação, reconhecimento e valorização das práticas e conhecimentos populares envolvidos nesse ofício. O comércio de rua permitiu que mulheres escravas e libertas garantissem o sustento de suas famílias com seus tabuleiros, além de viabilizar o cumprimento de suas obrigações religiosas nos terreiros de candomblé", diz um trecho da publicação.
"Entendo que o tombamento do ofício das baianas é uma coisa, mas o tombamento do alimento Acarajé é outra coisa. Precisa ser regulamentado", disse uma seguidora.
"Mas o Acarajé que nacionalmente é conhecido como comida típica baiana não é mais baiano, agora carioca. Como fica essa situação?", questionou outro seguidor.
Segundo a publicação do IPAC, o ofício da Baiana consiste, entre outras coisas, na elaboração do acarajé, um bolinho feito de feijão fradinho e cebola, frito no azeite de dendê e servido com pimenta, camarão, vatapá, caruru e salada.
"As baianas, com suas saias rodadas, panos da costa, torso na cabeça, bata e os colares com as cores dos seus orixás, estão sempre acompanhadas por seus tabuleiros, que contêm não apenas acarajé, mas também outras comidas como abará, lelê, queijada, passarinha, bolinho de estudante, cocada branca e preta", diz o texto.
No X, antigo Twitter, o tema também rendeu comentários e defesas de que o acarajé é típico da Bahia.
Sinto muito, caros @renatasouzario, @danimontpsol, e @atilanunesrj, mas o acarajé é NOTORIAMENTE uma referência da BAHIA! Quem o produz? A “BAIANA de Acarajé”! E ainda que uma baiana se pique pro Rio, o acarajé não chega aos pés do nosso pq não tem nosso dendê, camarão seco.. (+) pic.twitter.com/kbgVFZgkQz
— Érica Saraiva (@EricaSaraiva) October 31, 2023
Oxeee onde já se viu? O acarajé é nosso papai #tamojuntodmd pic.twitter.com/AlPOfhov97
— Odete Damasceno (@OdeteDamasceno) October 31, 2023
já não basta o samba, agora eles querem nosso acarajé tb? juro não é possível pic.twitter.com/lbmO0lL6KY
— ًmay 🍜 (@ideatears) October 29, 2023
já não basta o samba, agora eles querem nosso acarajé tb? juro não é possível pic.twitter.com/lbmO0lL6KY
— ًmay 🍜 (@ideatears) October 29, 2023