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Chocolate mais caro: o que há por trás do aumento no preço do cacau?

Tonelada do fruto está sendo negociada a mais de R$ 48 mil, um dos maiores valores já vistos nas últimas décadas

13 ago 2024 - 12h55
(atualizado às 13h03)
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Chocolate, principal produto do cacau
Chocolate, principal produto do cacau
Foto: iStock

O preço do cacau está nas alturas. A tonelada do fruto, hoje, está sendo negociada a mais de US$ 8,8 mil (cerca de R$ 48,3 mil na cotação atual) -- chegou a US$ 11,6 mil (cerca de 63,7 mil na cotação atual) em abril, mas depois estagnou no valor atual, segundo cotação do Mercado do Cacau.

Para efeito de comparação, em 2023, o preço do cacau não ia além de US$ 4 mil (R$ 22 mil na cotação atual). Até que passou pelo processo inflacionário em fevereiro e nunca voltou aos patamares de antes. É natural que surja uma dúvida: o que aconteceu?

Seu Mororó, da Mendoá, na plantação de cacau da empresa
Seu Mororó, da Mendoá, na plantação de cacau da empresa
Foto: Lucas Andrade/Chocolat Festival/Divulgação / Estadão

Por que o preço do cacau está tão alto?

Segundo os produtores entrevistados por Paladar, a produção de cacau na África foi muito afetada pelo aquecimento global -- cacaueiros precisam de "sombra e água fresca" para dar bons frutos, o que não aconteceu com um aumento generalizado da temperatura nos países produtores. Além disso, a praga da vassoura-de-bruxa continua atrapalhando a produção.

"Tem versões de quem planta, de quem vende, de quem produz. Mas o que acontece é uma alta demanda por cacau e não tem produção para suprir isso", explica Daniel Dantas, gerente de produção da Dengo Chocolates em Ilhéus. "A África, que é a maior produtora de cacau do mundo, está em um momento muito difícil. E aí o preço subiu por não ter cacau".

Nesta velha dinâmica da oferta versus demanda, o preço do cacau disparou. A Europa, que consome 50% de todo o chocolate no mundo, pressiona por mais cacau, que não existe. Com temperaturas mais elevadas e com a vassoura-de-bruxa ainda matando boa parte da plantação, países como Costa do Marfim e Gana simplesmente não conseguem entregar.

"Gana e Costa do Marfim, juntos, produzem cerca de 78% de todo o cacau do mundo", diz Raimundo Mororó, da Mendoá. "Se algo acontece nesses países, afeta o preço no mundo".

Quando o preço do cacau vai cair?

Carlos Tomich, proprietário da fazenda Capela Velha e da marca DoCacao, explica que o valor do cacau dificilmente vai retornar ao que era antes. "O valor do cacau estava reprimido. Não vai voltar a ser o que era antes", explica o mineiro, dono da plantação e da fábrica de chocolate bean-to-bar em Ilhéus. "Não vai voltar a ser o preço que era antes".

Além disso, vale ressaltar que, além das dificuldades na África, outros grandes produtores de cacau também enfrentam problemas. Pra começar, houve um foco de uma doença que devasta plantações de cacau entre 2022 e 2023 -- a monilíase do cacaueiro -- atrapalhando a produção do fruto na América Latina. Com isso, aumenta a dependência da África.

E mesmo com uma produção de cacau mais sustentável, que diminui os impactos do aquecimento global no fruto, há consequências sentidas pelos produtores por conta das temperaturas mais altas. "Nós tivemos nossa produção bastante prejudicada nas últimas safras, quase pela metade", diz Carlos. "Dificilmente as coisas voltarão a ser como era antes. Agora, é precificar o produto e ver quais são os próximos passos".

* Repórter viajou para Ilhéus a convite da organização do Chocolat Festival Ilhéus.

Estadão
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