Conheça a feira livre da Vila Sabrina, frequentada pelo chef Rodrigo Oliveira
O renomado cozinheiro levou o Paladar para uma visita à feira que frequenta desde a infância
A história das feiras livres nas cidades ainda possui uma série de incógnitas. Acredita-se que o costume das vendas a céu aberto tenha começado na região da Mesopotâmia ou no Oriente Médio com fins religiosos.
Apesar da névoa que paira sobre a origem do modelo de comércio, até hoje ela desempenha um papel importante no cotidiano de grande parte dos brasileiros, que marcam dia e horário para realizar compras em suas unidades favoritas. Não só o público geral possui esse costume, mas chefs de cozinha e outras personalidades relacionadas à gastronomia também frequentam feiras livres, seja pela qualidade dos produtos ou pela praticidade.
O chef Rodrigo Oliveira visita a feira da rua Geolândia, na Vila Sabrina, localizada a alguns metros do restaurante Mocotó, desde que consegue se lembrar. Não se sabe ao certo há quanto tempo os negócios operam ali, mas Fernando Gimenez, vendedor de carnes e amigo do cozinheiro, garante que os boxes operam na região há pelo menos 50 anos.
"Eu estou aqui há 47 anos. Comecei a trabalhar aqui na feira com meu pai, e depois meu filho veio comigo. Sinto que é uma cultura que, muitas vezes, acaba passando de geração para geração", explica ele sobre como funciona a operação das bancas.
Quem iniciou o hábito de frequentar o ambiente foi o pai do chef, que realizava a compra de insumos para o preparo dos pratos do então restaurante familiar.
"Eu comecei a vir para a feira com o meu pai quando era criança, sobretudo para ajudar a carregar os caixotes cheios de ingredientes para levar para o Mocotó", explica ele à Paladar enquanto inicia sua jornada entre as bancas.
A feira da Vila Sabrina segue os moldes já conhecidos pelos brasileiros: espaço amplo e a céu aberto, com três corredores repletos de boxes que transbordam frutas, verduras, legumes e ervas frescas que chegam de diversas regiões do país.
Dentre jargões típicos de feira e gritos de promoções, o ambiente convida o consumidor a se aproximar não só de quem vende, mas também da cadeia produtiva dos ingredientes comercializados.
"São as pessoas quem fazem a feira acontecer. O contato entre o fornecedor e consumidor faz muita diferença na hora de levar o produto para casa, não só pela propaganda que se pode fazer aqui, mas porque cria-se uma atmosfera ao redor das vendas. As pessoas conseguem se relacionar. Todo mundo tem suas bancas favoritas", explica o cozinheiro.
O que comprar na feira da Vila Sabrina
Na hora da escolha dos produtos, é importante prestar atenção em todos os aspectos do alimento, desde as cores até as texturas. Frutas, folhas e verduras devem estar firmes e com poucos machucados, além de aroma fresco. "Carnes precisam estar sempre bem limpas e avermelhadas, isso demonstra que estão frescas", explica o chef.
Além dos produtos típicos de feiras e hortifruti, a feira da Vila Sabrina conta com uma gama de produtos nordestinos como pitomba, seriguela, plantada majoritariamente na região do Ceará e fruta de palma, muitas vezes descartada, porém comestível e de grande valia para quem se interessa por gastronomia.
"Lá no nordeste pouco se come essa fruta, mas aqui é supervalorizada. Só olharmos o preço com atenção. Mas é um produto riquíssimo", explica. Vale ressaltar, ainda que é possível consumir a polpa da fruta crua, ou pode ser utilizada para a produção de geleias e sucos.
Experiência gastronômica da feira da Vila Sabrina
Não ficam para trás as típicas barraquinhas de comida da feira livre da Vila Sabrina.
A barraca de pastel situada no início da feira é a grande pedida de Rodrigo Oliveira para o fim de uma visita ao local.
De massa sequinha e crocante, as iguarias são apresentadas em tantos sabores que é fácil se perder na hora de escolher.
"Na época em que eu frequentava a feira com meu pai, os únicos sabores de pastel que existiam eram queijo e carne. Minha recomendação é a segunda, tenho boas memórias deste sabor", explica.
Outras apostas que fazem sucesso entre a clientela assídua são carne-seca e frango, que levam generosa quantidade de recheio e tempero na medida. Já para quem quiser experimentar um sabor que vá além da carne, boa pedida é o de escarola com bacon.