Hambúrguer vegetariano é mesmo mais saudável? Há controvérsias

As carnes à base de plantas encontraram seu lugar na dieta das pessoas. Avalia-se que dois em cada cinco consumidores dos EUA relatam comer pelo menos semanalmente. Ao mesmo tempo, os compradores têm sentimentos conflitantes sobre se hambúrgueres à base de plantas são saudáveis. 

Os especialistas nos dizem para comer uma dieta mais baseada em plantas, mas também nos dizem para evitar qualquer coisa processada. As alternativas de carne podem se encaixar em ambas as categorias, então, os hambúrgueres feitos à base de plantas são saudáveis ou não?

Notícias relacionadas

11 alimentos que foram extintos ao longo da História

5 alimentos que seu cachorro não deve comer de jeito nenhum

Portabilidade de carências: a busca por plano de saúde mais barato

O que é claro é que, para reduzir seu impacto climático, os cientistas concordam que os alimentos à base de plantas são uma alternativa melhor para carne bovina e laticínios ― e precisam representar a maior parte do que comemos para garantir um futuro habitável. Mas a saúde dos hambúrgueres vegetarianos é mais uma área cinzenta, e tudo por causa do debate sobre o que torna um alimento "processado", sem mencionar a nova categoria "ultraprocessada".

Tudo, desde tomates enlatados até cenouras bebês, é tecnicamente "processado". Muitos especialistas em nutrição são unânimes em considerar os alimentos ultraprocessados como algo que precisa ser a todo custo evitado. Alimentos minimamente processados podem formar a base de uma dieta saudável, enquanto os últimos devem ser consumidos apenas em pequenas quantidades. Mas os hambúrgueres à base de plantas são ultraprocessados e ― mais importante ― são mesmo mais saudáveis?

Alimentos processados podem ser saudáveis?

A maioria das pessoas se preocupa que os alimentos processados não possam fazer parte de uma dieta saudável, no entanto, ao mesmo tempo, a maioria do que comemos se enquadra nessa categoria.

O problema é que "processado" é uma definição um tanto sem sentido. Ele inclui praticamente qualquer coisa que mude a forma natural de um alimento ― incluindo corte, limpeza, cozimento, enlatamento, congelamento, pasteurização, secagem, desidratação, mistura e embalagem.

A maioria dos especialistas pode apontar para uma série de alimentos à base de plantas minimamente processados, como feijão enlatado e aveia em flocos, por exemplo. Alguns especialistas em nutrição também argumentam que leite de soja sem açúcar, iogurte de soja e outras alternativas lácteas nutritivas também devem ser considerados "minimamente processados".

Há mais de uma década, uma equipe de pesquisadores desenvolveu o que é chamado de Sistema de Classificação de Alimentos NOVA para distinguir entre diferentes tipos de alimentos processados e destacar uma categoria de alimentos chamados "ultraprocessados". Esses alimentos são particularmente insalubres devido aos altos níveis de açúcares e gorduras adicionados.

O que são afinal os alimentos ultraprocessados?

Os alimentos ultraprocessados foram modificados de maneiras que tornam impossível discernir os alimentos integrais originais que foram usados. Os ingredientes mais comuns dos alimentos ultraprocessados são gorduras, amidos e açúcares derivados de plantas de alto rendimento, como milho, trigo, cana-de-açúcar ou beterraba, soja ― bem como ingredientes derivados de animais de fazendas industriais lotadas. Alimentos ultraprocessados também frequentemente contêm aditivos destinados a melhorar seu sabor, aparência, textura e vida útil.

A lista de alimentos ultraprocessados, tanto à base de plantas quanto não, é incrivelmente longa. Ela inclui refrigerantes, doces, pães e bolos embalados, cereais matinais açucarados, salsichas, bacon e lanches açucarados, gordurosos e salgados ― seja um salgadinho à base de plantas ou uma torresmo à base de carne.

Os hambúrgueres à base de plantas são ultraprocessados?

Alternativas de carne e laticínios à base de plantas vêm em muitas formas diferentes, então não faz sentido categorizá-las todas como uma coisa ou outra, apesar de alguns pesquisadores de saúde estarem agrupando-as como "ultraprocessadas".

Alimentos como leite de soja, tofu e hambúrgueres de feijão são minimamente processados e têm apenas alguns ingredientes. Enquanto isso, outros hambúrgueres e carnes à base de plantas têm uma lista de ingredientes muito mais longa ― como proteína extraída de soja ou ervilhas, sal, gorduras, açúcar, sabores artificiais, conservantes e outros aditivos. É provável que seja por causa desses ingredientes que os pesquisadores do NOVA classificaram os hambúrgueres à base de plantas como "ultraprocessados".

No entanto, esses mesmos pesquisadores não esclareceram se o tofu e o tempeh (alimento fermentado) devem ser considerados "minimamente processados". A Fundação Heart and Stroke do Canadá também coloca o tofu nessa categoria, observando que o processamento não tem efeitos adversos à saúde.

Há pesquisas que questionam a classificação genérica de "ultraprocessados" para as alternativas à base de plantas. Comparando-se o leite e a carne bovina com o leite de soja e os hambúrgueres à base de plantas, descobre-se que as alternativas à base de plantas contêm nutrientes semelhantes, menos calorias e até um pouco de fibra.

Além disso, um estudo recente sugere que substituir carne vermelha ou processada ― que vem com seus próprios riscos à saúde ― por alternativas de carne não causa muitas das preocupações associadas aos alimentos ultraprocessados. Sim, é um estudo pequeno (apenas 36 pessoas), mas um dos poucos que examinou essa questão. Os pesquisadores descobriram que aqueles que trocaram carne por alternativas de carne por oito semanas não relataram impactos negativos na saúde e até mesmo perderam um pouco de peso. E apresentaram números mais baixos de colesterol LDL.

O ponto principal é que a substituição da carne bovina por marcas de hambúrgueres à base de plantas significa que você está obtendo nutrientes semelhantes, para melhor ou para pior. Sim, as lentilhas são mais saudáveis, mas esses hambúrgueres vegetarianos podem ser um compromisso necessário para ajudar a sociedade a comer muito menos carne. 

Publicado inicialmente em abril de 2023 via Sentient Media e republicado com autorização.