Jacó, na Vila Madalena, é um lugar de comida e bebida boa e autoral
Com o chef Iago Jacomussi na cozinha, casa tem clima despojado e bar aberto até à 1h às sextas e sábados
Iago Jacomussi, anote esse nome e sobrenome. Talvez você não tenha ouvido falar dele, mas, se me permite um palpite, ele ainda vai dar o que falar nas rodinhas gastronômicas em 2024 (bem, se janeiro é o mês das apostas, essa é a minha para esse ano). Com apenas 25 anos, já passou pelas cozinhas do Evvai, do Maní e dos duplamente estrelados Belcanto, em Portugal, e Jordnær, na Dinamarca. Agora, assume a alcunha de chef no Jacó, que acaba de abrir as portas no coração da Vila Madalena.
Em resumo, o Jacó é um lugar de comida e bebida boa e autoral. Enquanto Jacomussi está na batuta dos fogões, a carta de coquetéis é assinada por Chula Barmaid, que já tem dado o que falar nas barras da cidade (é ela quem assina a carta do cineclube Cortina). A cozinha e o bar, por sinal, operam lado a lado, e ficam abertos para o salão. Das mesas, é possível espiar a dança das panelas, que privilegia ingredientes vegetais, ainda que haja ótimas opções com carnes, peixes e frutos do mar.
A segunda dica para ir ao Jacó (a primeira foi para não deixar de pedir um drinque, caso não tenha ficado claro) é ir acompanhado. Assim, você consegue compartilhar e provar mais pratos do cardápio, que não tem uma divisão rígida entre entradas e principais. A ideia é que você vá pedindo conforme a fome e a vontade de comer. Eu e minha dupla, que também é boa de garfo, por três pratos, não gabaritamos o cardápio. Foram seis pratos salgados, além do pão com manteiga de pistache (divina) e azeite Sabiá - e ninguém saiu rolando do restaurante).
O alho-poró, que estrela uma das pedidas do menu, é trabalhado de diferentes formas para brilhar no prato (R$ 56). O ingrediente é, antes, confitado em manteiga ácida e, depois, empanado e frito como tempurá. Com a manteiga que sobra, Jacomussi prepara um bernaise de alho-poró, que acompanha a fritura, delicada e sequinha, junto com picles de pimenta-de-cheiro e pó de alho-poró.
Não deixe de pedir o crudo de peixe do dia (vermelho-dentão, na ocasião; R$ 58), que vem marinado num molho potente e saboroso, que te obriga a usar a colher posta à mesa para tomar até a última gota. Uma maionese de katsuobushi e um creme ácido de avocado complementam o sabor do prato, que vem coroado com um crocante de beterraba. Já o camarão (R$ 78) vem com molho de sobrasada e pururuca, numa clássica combinação mar e terra.
A pancetta (R$ 78), tenra e carnuda, dá as caras com um interessante roux de porco e canela, acompanhada por um sedoso creme de milho. Mais leve e fresco, o enoki também é empanado e incrementado com boursin e cebola assada.
De sobremesa, escolha entre o indecente brioche frito (ele derrete na boca) com mousse de café forte e sorvete de doce de leite de ovelha (R$ 38) e a tortinha de limão (R$ 36), que pode te parecer sem graça, mas não é. Ela tem o topo tostado, feito um crème brûlée, e é finalizada com queijo de cabra ralado à mesa.
Os drinques? O boheme (R$ 53), mais docinho, combina lichia, sabugueiro e gim, o inusitado whisky e mel (R$ 53), opção mais fresca, junta cenoura, laranjas, uísque escocês e mel de gengibre, já o jalapenho e jamaica (R$ 38), com tequila, pimenta-jamaica, jalapenho e limão, é uma explosão de umami, bom para abrir o apetite.
Serviço
Jacó
Onde: R. Fidalga, 357, Vila Madalena
Funcionamento: 19h/23h (sex. e sáb. bar até 1h); dom. 12h/16h; fecha 2ª e 3ª