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“Mukbang”: vídeo de pessoas comendo exageradamente é moda no mundo todo

Este fenômeno começou na Coreia de Sul e há anos faz sucesso no mundo inteiro; descubra mais sobre esses vídeos bizarros

12 jan 2023 - 09h34
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A youtuber sul-coreana Boki ficou famosa publicando vídeos comendo quantidades absurdas de comida
A youtuber sul-coreana Boki ficou famosa publicando vídeos comendo quantidades absurdas de comida
Foto: Eat with Boki

Você já se deparou com um vídeo de uma pessoa comendo quantidades absurdas de comida em suas redes sociais? Esse fenômeno (um tanto quanto bizarro) chamado Mukbang surgiu na Coreia do Sul no final dos anos 2000 e se espalhou por todo mundo. Basicamente, são vídeos em que uma pessoa come quantidades exageradas de comida da forma mais natural possível. Ao longo dos anos esse conteúdo foi arrecadando mais e mais fãs e hoje em dia é um sucesso em muitas regiões. 

A expressão mukbang junta as palavras “comer” (muk-da) com “transmissão” (bang-song). Isso porque, quando surgiu, os vídeos eram transmitidos ao vivo por uma plataforma chamada AfreecaTV, hoje em dia podem ser encontrados no TikTok, Instagram, Youtube e Facebook

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Nos vídeos, ao vivo ou gravados, os produtores de conteúdo consomem os mais variados tipos de comida, desde pizza e miojo até iguarias regionais e completamente desconhecidas. Muitos influenciadores desse nicho se tornaram celebridades, acumulando milhões de seguidores nas redes sociais. O mukbang se mostrou uma fonte de renda bastante lucrativa. 

Um youtuber ucraniano residente nos EUA chamado Nikocado Avocado engordou 100 kgs em 5 anos depois que começou a fazer vídeos comendo quantidades absurdas de comida, que serviriam facilmente uma família inteira. Nesse tempo, ele arrecadou mais de 3 milhões de seguidores, mas, ao mesmo tempo, levantou o questionamento de que esse tipo de conteúdo incentiva uma relação nem um pouco saudável com a comida. 

Nikocado Avocado antes e depois de produzir vídeos estilo "mukbang"
Nikocado Avocado antes e depois de produzir vídeos estilo "mukbang"
Foto:

Porque o mukbang faz tanto sucesso?

De acordo com neurocientistas, muitos fatores podem influenciar uma pessoa a assistir esse tipo de vídeo, como estímulos sensoriais, psicológicos, emocionais e neurológicos. A maior parte da explicação está no ASMR (resposta sensorial autônoma do meridiano), que é a sensação de formigamento na parte de trás da cabeça ou pescoço, que muitas pessoas consideram relaxante. Sons familiares como mastigação podem desencadear essa sensação nos espectadores. 

Foto: Sulgi

Outra explicação para o sucesso do mukbang é a questão social, já que esse conteúdo pode aliviar a solidão do espectador. Porém, outra crítica feita aos vídeos é que eles podem acabar substituindo experiências sociais, além de gerar transtornos alimentares, tanto no produtor de conteúdo quanto nos fãs. 

No Brasil, 4,7% da população sofre com transtorno de compulsão alimentar (TCA), a parcela mais afetada são jovens mulheres, de 14 a 18 anos. Este número representa quase o dobro da média mundial, que gira em torno de 2,6% da população. E vídeos como esse podem ser nocivos para essa parcela mais atingida da sociedade. 

Medo da solidão

Um quarto dos sul-coreanos vivem sozinhos, apesar disso, fazer refeições sem a companhia de outras pessoas é considerado um tabu no país. Por isso, os vídeos se tornam válvula de escape para quem busca não se sentir sozinho enquanto come.

A cada ano o número de pessoas que vivem sozinhas na Coreia do Sul aumenta, por isso, o hábito de fazer refeições acompanhado está se perdendo. Enquanto ainda é tabu, cada vez mais influenciadores ganham dinheiro, visualizações e seguidores investindo nesse nicho. 

Segundo Chang May Choon, correspondente na Coreia do Sul do jornal The Strait Times em entrevista para a BBC, mulheres atraentes que fazem mukbang possuem muito mais espectadores que homens. "Mulheres atraentes são muito populares nos canais de mukbang, principalmente porque a cultura sul-coreana exige que as jovens sejam delicadas, educadas e contidas em seu comportamento. Há algo provocante e estranhamente excitante em ver uma jovem exceder essas limitações em seu canal”, explica. 

Há mais de uma década os vídeos das comilanças fazem muito sucesso e já provaram que vieram para ficar. Caso você tenha agonia de som de mastigação, este tipo de conteúdo não é recomendado para você, mas saiba que você pode acabar esbarrando em algum vídeo assim pelas redes sociais. 

Redação Degusta
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