Nada de misto quente: hotel de luxo oferece comida de chef na beira da cama
Paladar testa a comfort food da chef Vivi Gonçalves, o novo luxo do hotel 5 estrelas Emiliano
Ficar em um hotel luxuoso implica uma série de regalias: espumante de boas-vindas, cama com lençóis de milhares de fios de algodão de estirpe e múltiplos travesseiros, cosméticos exclusivos e, claro, deveria incluir comida de excelência.
A verdade, porém, é que, não raro, o hóspede que não desce ao restaurante precisa se contentar com club sandwichs e misto quentes esquecíveis. Se isso já aconteceu no Emiliano, certamente não acontece mais. Como garantia, agora o cinco estrelas tem Viviane Gonçalves renovando suas experiências comestíveis.
"Imagino o hóspede na melhor extensão de sua casa e o room service tem que trazer esse conforto. Você está no coração dos Jardins, com os melhores restaurantes e não quer ou não pode sair do quarto. A comida tem que te dar um abraço e ser bela ao mesmo tempo. Tem que ser bem-feita, ter sabor e energizar", justifica ela.
Há 12 em São Paulo com o premiado Chef Vivi, a cozinheira que fez fama na China firmou-se com pratos minimalistas, de sabores precisos, preparados como manda a cartilha da slow food. Sem abandonar seu restaurante na Vila Madalena, leva, devagarinho, sua bagagem ao Emiliano.
Na prática, já acena com abraços gastronômicos, como comprova o cappelletti in brodo (R$ 72). O caldo bovino, transparente e intenso, sobre a massa fininha e recheadíssima desembarcam ainda fumegantes ao quarto, graças ao serviço à la minute. Vale inclusive negociar brodo extra para acompanhar os pãezinhos de beterraba e as focaccias que estão sendo produzidas na casa.
"Depois da cocção lenta da carne, a gente abre a massa e molda um por um cada cappelletti. É um prato complexo, feito por muitas mãos, em várias etapas, que aporta memórias para quem tem descendência italiana e calma para quem precisa relaxar. É chave para esse novo room service do Emiliano", explica a chef.
O cuidado se nota mesmo nas saladas, caso da clássica caprese, agora feita com mozarela de búfala fresca, rasgada à mão, para ressaltar a consistência de suas camadas. Além do tomate italiano e do manjericão, ela ainda ganha cebola roxa crocante, folhas de mizuna e de rúcula e azeite temperado (R$ 67).
Dentre os principais, o nhoque de mandioquinha com cogumelos salteados, manteiga e limão-siciliano (R$ 88) combina textura aveludada e frescor, princípios que se aplicam ao pescado suculento, acompanhado de legumes salteados e espinafre europeu (R$ 128).
Mais substancioso, igualmente elegante, é o medalhão de filé mignon com batatas asterix coradas, brócolis, mini cenouras e molho rôti (R$ 132). Qualquer uma das escolhas convida a um docinho equilibrado, como a tortinha de chocolate intensa com calda de chocolate amargo e chantili de mascarpone (R$ 48).
Antes gratidão do que esnobismo, uma refeição assim, no aconchego do quarto, antes ou depois de um banho na banheira preparada com flores, frutas e óleos essenciais, é dos maiores luxos que um comensal pode receber.
Tanto assim que, dificilmente, quem desfrutar essa vivência vai querer, na manhã seguinte, descer para o café da manhã. Até porque, os pães de queijos podem chegar quentinhos, as gemas dos ovos beneditinos escorrendo para encorpar o molho hollandaise e a rabanada tostadinha bem à beira da cama.
"Assumir um hotel não é sobre mudar menu e criar receita, é entregar um serviço bacana, uma comida extremamente honesta, gostosa e verdadeira. Quero fazer comida com alma, não assinar cardápio e quero que quem coma sinta isso", comenta Vivi.
Hoje o Emiliano conta com mulheres em 70% dos cargos de liderança, no entanto, ao longo de seus 22 anos ainda não tinha tido nenhuma no comando da cozinha: "A Vivi é partidária dos melhores ingredientes, do manejo sustentável e da comida vibrante, mas descomplicada. Era tudo o que queríamos: acolher, nutrir e despertar o prazer de uma deliciosa refeição", garante Gustavo Filgueiras, CEO do hotel.
Hotel Emiliano
R. Oscar Freire, 384, Jardim Paulista, tel.: (11) 3728-2000