Nestlé reconhece que menos da metade de seus produtos são saudáveis
Um relatório mostrou que 54% da linha de alimentos e bebidas da empresa não pode ser considerada benéfica à saúde
A fabricante Nestlé, maior empresa de alimentos do mundo, divulgou pela primeira vez um relatório que mostra o valor nutricional de sua linha de alimentos e bebidas com base na definição HSR (Health Star Rating).
E o resultado foi que 54% dos produtos vendidos pela companhia não podem ser considerados saudáveis. Vale lembrar que a empresa é detentora de marcas muito famosas aqui no Brasil como KitKat, Nespresso, Maggi e Nesquik.
O sistema HSR funciona de forma bem simples, as classificações variam de meia estrela até cinco estrelas; quanto mais estrela o produto tiver, mais saudável ele é. Produtos que tenham nota abaixo de 3,5 não são considerados “geralmente saudáveis”, de acordo com a Access to Nutrition Initiative.
Ela leva em conta níveis de açúcar, sal e gorduras saturadas, fibras, frutas e vegetais, e assim consegue classificar o que possui bom nível nutricional para consumo.
A Nestlé divulgou suas notas, são elas:
- 17% dos produtos tiveram classificação inferior a 1,5;
- 18% tiveram classificação entre 1,5 e 3,5;
- 30% tiveram classificação de pelo menos 3,5;
- Os 35% restantes são produtos para pets e outros, que não se aplicam na classificação.
Apesar dos níveis preocupantes, a Nestlé afirma que foi a primeira empresa do setor a abrir para o público dados de valor nutricional de todo o seu portfólio global e que já fez um grande progresso na redução de sódio, açúcar e gorduras saturadas em suas linhas.
O CEO da multinacional, Mark Schneider, se pronunciou sobre o assunto durante a apresentação dos resultados: "é claro que, embora o trabalho continue, há limites. Categorias relacionadas ao prazer (como confeitaria) não serão transformadas em categorias relacionadas à saúde”, afirmou.
Os dados divulgados reabriram uma discussão – que vem sendo pauta há muito tempo – sobre a responsabilidade dos fabricantes de alimentos processados pela obesidade e outros problemas de saúde relacionados a má alimentação, como doenças cardiovasculares. Inclusive, este ano, a organização independente World Action on Salt, Sugar & Health (WASSH), começou uma investigação que mostrou que várias empresas, incluindo Kraft e Unilever, produzem alimentos não saudáveis. Então, o problema é muito maior que apenas uma empresa.
O atlas 2023 da Federação Mundial da Obesidade prevê que 51% do mundo (mais de 4 bilhões de pessoas) serão obesas ou terão sobrepeso nos próximos 12 anos.
Por conta de dados como estes, grandes grupos estão enfrentando pressões crescentes de governos e autoridades de saúde, que vem aplicando impostos mais frequentes sobre produtos altamente açucarados.