Novas regiões produtoras de vinho trazem diversidade ao mercado
Produtores de vinhos de estados como Minas Gerais, São Paulo e Bahia mostrarão novidades na Wine South America, que ocorre em setembro
Com seus vinhos e espumantes reconhecidos e premiados, o Rio Grande do Sul domina o cenário vitivinícola nacional e abrange as duas principais regiões produtoras do segmento (a Serra e a Campanha Gaúcha, respectivamente). Somados aos celebrados exemplares de regiões de Santa Catarina (como Vinhos de Altitude e Vale da Uva Goethe), novos terroirs despontam no mercado brasileiro ano a ano, proporcionando ao consumidor conhecer a diversidade e a qualidade do vinho nacional.
Essas opções de rótulos e estilos da bebida poderão ser conferidas de perto durante a Wine South America – feira de negócios do mundo do vinho que ocorre em setembro, em Bento Gonçalves, na Serra Gaúcha.
Uma das atrações do evento que promete demonstrar na prática como a produção de uvas e vinhos brasileiros se espalhou por todo o Brasil é o estande Terroir Brasil, viabilizado pelo Sebrae Nacional. A iniciativa vai reunir 20 vinícolas expositoras de estados como Paraná, Minas Gerais, São Paulo, Espírito Santo, Bahia e Pernambuco.
“Esse espaço pretende representar a diversidade de regiões do Brasil que produzem vinhos com a participação de pequenos empresários de diversos estados. O estande deve fortalecer a regionalidade e as características dos vinhos produzidos em diferentes territórios”, adianta Victor Ferreira, analista de Competitividade do Sebrae Nacional.
Oportunidade para empreendimentos menores
Além de valorizar os diferentes terroirs brasileiros, o espaço também traz oportunidades importantes para os empreendimentos menores da cadeia vitivinícola. Estimativas do setor apontam que cerca de 90% das vinícolas brasileiras são micro ou pequenas.
“Nosso principal objetivo com essa iniciativa é valorizar os vinhos nacionais e trazer oportunidades de negócios para pequenas vinícolas de diferentes regiões. Estamos beneficiando pequenos produtores de uva que têm empreendido nesta cultura e que estão gerando emprego e renda para o produtor rural. Com a participação na feira, temos a expectativa na geração de negócios e no aumento de canais de comercialização das vinícolas”, completa Ferreira.
Sudeste apresenta os “vinhos de inverno”
Quem passar pelo estande do Sebrae Nacional durante a WSA vai poder degustar os chamados “vinhos de inverno”, que são produzidos na região Sudeste do Brasil. Esses rótulos são elaborados por meio do sistema conhecido como “dupla poda”, que inverte a colheita da uva para o inverno.
Dessa forma, ao contrário do Sul, que colhe as uvas de janeiro a março, o Sudeste realiza o processo em meses como julho e agosto.
“Com a dupla poda, a gente traz o momento da maturação da uva para o melhor clima do Sudeste, que é no inverno. Nessa época, praticamente não temos chuva e temos os dias ensolarados, com o solo seco, e as noites frias. Esse é o clima perfeito para a produção de uvas, com uma amplitude térmica bem interessante. Conseguimos alcançar níveis de qualidade muito altos especialmente quando falamos de vinhos tintos”, explica Ricardo Baldo, diretor da Vinícola Terras Altas, de Ribeirão Preto-SP.
Além do ciclo invertido, outro diferencial de mercado dos vinhos do Sudeste é a logística. Luiz Porto Jr., diretor-presidente da Luiz Porto Vinhos Finos, ressalta que a região fica localizada bem no centro do país: “Estamos no coração do mercado consumidor, então podemos causar uma boa experiência de compra e visita para os clientes. No nosso caso, por exemplo, temos nossos vinhedos no Sul de Minas, em Cordislândia, que abrange um cenário de montanhas muito bonito. E nossa vinícola fica em Tiradentes, que conta com um belo turismo e uma rede hoteleira bem estruturada”, detalha.
Feito histórico para a vitivinicultura brasileira
O final de 2022 foi marcado por um feito histórico para a vitivinicultura do país com o reconhecimento da primeira Indicação de Procedência de vinhos tropicais. A concessão da indicação geográfica Vale do São Francisco foi feita pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) e baseada em requisitos equivalentes aos da União Europeia.
Desde então, o vinho fino, o vinho nobre, o espumante natural e o vinho moscatel espumante elaborados pelas vinícolas que estão dentro da região do Vale do São Francisco e seguem as normas contidas no Caderno de Especificações Técnicas podem utilizar o selo da nova Indicação Geográfica (IG) em seus produtos.
Esse é o caso da Vinícola Vinum Sancti Benedictus (VSB), que também estará presente na WSA, fazendo parte do estande do Sebrae Nacional. A conquista recente ainda está sendo bastante celebrada pelo diretor e sommelier da vinícola, José Figueiredo.
“É a 1ª e única IP de vinhos tropicais porque realmente o nosso terroir é algo único no mundo. Por aqui, nós temos produção de qualidade o ano todo, não falamos em safra. É realmente fantástico. Dentro de uma mesma produção, o visitante pode conferir os vinhedos em diferentes fases, é sempre um banho de conhecimento. Além disso, tudo isso resulta em vinhos incríveis”, reforça.
Fonte: Agência Sebrae