O que come a equipe de um bom restaurante?
Os chefs Renata Vanzetto e Fellipe Zanuto não só respondem - servem as receitas aos clientes
Nesta semana, a brigada do Corrutela, na Vila Madalena, postou um mimo do chef Cesar Costa: um cinnamon roll gigante ainda quentinho. Coisa parecida acontecia há quase uma década, quando o chef Alberto Landgraf fazia às sextas-feiras o seu famoso bolo de chocolate para a equipe do extinto Épice, nos Jardins.
Na época, a vizinha da rua de trás, Renata Vanzetto, confessava que planejar a refeição do time do seu restaurante autoral, o então novato Ema, não era tarefa facinha: "Todo dia é uma briga sobre o que vai ser servido. Metade quer coisas light, metade quer comida gorda. Mas existe uma regra: sempre ter um carboidrato, uma proteína e uma verdura. E, no fim, sempre nos surpreendemos com um jantar super gostoso".
Quer dizer, antigamente tinha noite que os funcionários estavam tão tomados que... "Às vezes todo mundo se atrasa ou surge um problema e... Cadê o jantar? Ninguém conseguiu preparar. Então alguém sai correndo para a padaria e vira o clássico pão com mortadela e Coca-Cola", confessou a chef.
Com o tempo, um pouco de traquejo pela tripla maternidade, outro tanto pela intervenção de seu braço direito, Cony Pinheiro, a coisa foi se tornando mais cartesiana. A ponto de, no ano passado, a dupla ter a ideia de "abrir o nosso rango para o público".
Implementada sob a forma de bufê somente às quintas-feiras, das 12h às 14h, o "Rango dos Funças" (R$ 68) muda semanalmente. Já houve sobrecoxa ao molho de laranja, parmegiana de frango com batata frita (o predileto de Cony), frango ao curry (o queridinho da Renata), moqueca vegetariana, cuscuz marroquino e sempre cafezinho com bolo para terminar.
"É comida caseira, simples e deliciosa", define a chef, que garante que o "rango" de seus "funças", via de regra, é "bem servido" e tem arroz, feijão, farofas e saladas - o que nunca impediu a própria de improvisar um lámen ou uma macarronada para eles.
A novidade do Ema é uma realidade no Hospedaria, na Mooca, desde 2018. "A gente tinha um cliente que almoçava lá diariamente. Um dia ele perguntou o que os funcionários tinham comido e pediu para experimentar. Eu deixei, né? Foi caminho sem volta", relembra o chef Fellipe Zanuto.
O prato do staff, "exatamente como os funcionários comem no restaurante", virou uma alternativa ainda mais econômica do que o menu executivo. "É ideal para quem quer algo rápido: vem tudo junto no prato, gasta-se pouco e a qualidade é a mesma", aposta Fellipe.
A saber, às segundas há picadinho de carne com legumes, arroz, farofa de milho com bacon, pastel de vento e ovo mole; às quintas, moqueca paulistana de peixe, por exemplo. O valor durante a semana não muda, é sempre R$ 42.
Já aos sábados tem "feijuca" completa, com direito à bisteca e pururuca; aos domingos, como manda a tradição de família de imigrantes italianos, macarronada com almôndegas no forno a lenha. Vale dizer que, aos finais de semana, os pratos podem ser pedido individualmente (R$ 69) ou para duas pessoas (R$ 125).
Ema
R. Bela Cintra, 1551, Consolação. Qui., das 12h às 14h. Tel.: (11) 98232-7677
Hospedaria
Rua Borges de Figueiredo, 82, Mooca. Seg. a sex., das 12h às 15h; sáb., das 12h às 16h; dom., das 12h às 17h. Tel.: (11) 2291-5629