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Os melhores restaurantes de Buenos Aires no momento

Graças ao câmbio favorável, a Argentina está propícia para brasileiros que gostam de comer e beber; Palermo concentra boa parte dos restaurantes que valem a pena

3 out 2022 - 08h30
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O momento em Buenos Aires é propício para os brasileiros que gostam de comer, com uma combinação de excelentes restaurantes - sob o comando de chefs jovens e talentosos - e ótimos preços, graças ao câmbio favorável. Come-se bem, gastando muito menos do que nas cidades brasileiras. Boa parte dessas casas está em Palermo, o bairro histórico, nos arredores da estação de trem, que no passado concentrava os armazéns de vinhos que seriam distribuídos para todo o país. O lugar, que já foi barra pesada, hoje atrai artistas, lojas, restaurantes, galerias, cafés e butiques (nem se anime, os preços de roupas estão altíssimos). A transformação de Palermo se intensificou nos últimos dez anos. Hoje o bairro se divide entre viejo e soho e as atrações se espalham entre os dois.

Com estilos diferentes mas geralmente com ambientes modernos e despojados, os restaurantes de Palermo têm algo em comum: quase todos servem apenas vinhos argentinos (a bons preços ) e água local: filtrada e gaseificada na casa com um filtro especial e servida em garrafinhas de vidro jateado com a palavra LOCAL orgulhosamente estampada. Drinques bem elaborados à base de ingredientes argentinos também estão em alta. Poucos restaurantes oferecem café depois da refeição; e a oferta de sobremesas também é mínima. A explicação, aparentemente, é que café e sobremesa impactam pouco o faturamento da casa e muito a espera pela mesa…

Confira um roteiro dos melhores restaurantes de Buenos Aires no momento.

Carniceria

Muito além da parrilla

Foto: Instagram @xlacarniceriax

O ambiente é caótico e divertido - repare nas luminárias de neón do tipo que se usava antigamente para espantar moscas nos açougues. O Carniceria ocupa uma esquina de Palermo que costumava ser frequentada por motoristas de táxi, em busca de parrilla e comida caseira. Os novos donos quiseram manter o espírito do lugar, mas com cardápio de carnes produzidas na fazenda de um dos sócios, e preparadas com excelência técnica. Comece pela morcilla feita na casa, servida com compota de maçãs com limão e favas em escabeche com pancetta e batatas bolinha fritas. Ou peça o tutano, que chega escoltado por pão de fermentação natural fresquinho. As mojellas com emulsão de alho negro, iogurte e bolo de milho são um clássico local. Entre as carnes, procure saber qual o prato da Coleção de Açougueiros (Carnicero de Coleccion) em cartaz. O Flat Iron estava impecável, com a crosta levemente crocante e o interior rosado. Grande pedida é o corte parrilla: ojo de bife ou bife de chorizo com abóbora cabotiá e chimichurri. Não deixe de reservar, o lugar é pequeno e concorrido.

Calle Thames 2317. De segunda a sexta, das 20h às 24h; fim de semana das 13h às 16h e das 20h às 24h. Os pratos custam de 880 pesos as entradas (equivalente a R$ 18,70) a $4.200 corte parrilla (equivalente a R$ 89).

Gran Dabbang

Indiano descolado e minúsculo

Minúsculo, o Grand Dabbaang é imperdível para quem gosta de sabores indianos. A ideia ali é compartilhar os pratos e porções instigantes, com toques autorais precisos do chef-proprietário Mariano Ramon, que ocupa a 48ª posição na lista dos 50 Melhores da America Latina 2021. Comece pelo espetacular espaguete de grão de bico, servido com coalhada labanie, chutney de uva passa, romã e abacate - quebre os espaguetes, misture tudo e seja feliz. Também ficou na minha memória o tempurá de acelga com molho de tomate, gergelim, banana e folhas frescas. Outra boa pedida são os aspargos verdes frescos, cozidos, servidos com raiz de lótus, purê de goiaba e alho-poró; também tem dosa de tomate e gergelim…

Calle Scalabrini Ortiz 1543. Segunda à sexta, das 19h45 às 24h. Sábado das 13h às 17h e das 19h45 às 24h. Pratos de $750 (equivalente a R$ 15,95) a $2300 (equivalente a $48).

Pakoras de acelga com chutney de zanahoria
Pakoras de acelga com chutney de zanahoria
Foto: Divulgação / Estadão

Mengano

Bodegón revisitado com talento

O Mengano, fica num casarão em Palermo, com pé direito alto, janelões, decoração bastante simpática e acolhedora. É um lugar agradável, mas o ambiente está longe de ser o maior atrativo. A comida de bodegón revisitada com talento pelo jovem chef-proprietário Facundo Keleman é cheia de sabor, com temperos equilibrados e pontos de cocção acertados, feita com toques autorais. Mas sem ser afetada. É boa, simples, bem feita. As micro-empanadas de carne picantes são obrigatórias para começar. Peça o tartare de cordeiro com marmelo e alcaparras fritas, servido com pedaços de massa de pastel…Tem uma ótima salada de maçãs, endívias e aipo rábano, bem temperada e levemente picante. Nhoque de mandioca, truta defumada, matambre com pizza e faina, straciatella e tomates…mas o ponto alto do cardápio é o arroz crocante com mariscos - alguma coisa entre o sucarat espanhol e o risotto italiano, esse arroz frito é feito com cítricos fermentados, pimenta, vieiras e camarões. Delicioso.

Não entendi exatamente se Mengano quer dizer fulano, beltrano ou sicrano no lunfardo, a gíria falada pelos malandros de outros tempos na Argentina. Mas seja qual for, vale a visita.

Jose A Cabrera 5172, Palermo. Abre de terça a sábado, das 20h às 24h. Fecha domingo e segunda-feira. Pratos custam de $860, a porção de empanaditas (o equivalente a R$ 18,29) a $ 2340 o arroz crocante (equivalente a R$49,78).

Alos's Bistro

Suburbano cheio de estilo

Tire a tarde para conhecer San Isidro, um bairro elegante no subúrbio de Buenos Aires, em que o simples passeio pelas ruas com mansões já vale a visita. Mas o ponto alto da programação é o almoço no Alo's, um restaurante muito charmoso, decorado a base de madeira clara e vidro. A indispensável parrilla fica na cozinha aberta, logo na entrada. Boa parte dos pratos do chef-proprietário Alejandro Féraud, o Alo, passa por ali. Inaugurado há nove anos, esse restaurante fora do circuito ocupa a posição 97 no ranking dos melhores da América Latina. As massas são feitas na casa, numa cozinha separada. Conservas, manteigas, molhos, compotas são todos artesanais, feitos à base de produtos garimpados em diferentes partes do país.

Não dispense o couvert, com pão de fermentação natural servido com manteiga tostada e patê de fígado de pato com pêra e Cointreau. As mini empanadas são delicadíssimas, recheadas com carne de pato ou filé mignon. As vieiras seladas fazem bela parceria com curry de cenouras, um contraste de sabores, texturas e cores. Duas massas, frescas, recheadas na hora e servidas à moda antiga, em travessas de louça com molho farto valem a pedida: com recheio de couve-flor e molho de trufas negras, e de cogumelos, com molho cremoso.

Na sobremesa, não deixe de pedir o alfajor artesanal com massa de chocolate recheio de panna cotta com chocolate, uma maravilha. Ao lado do restaurante fica uma lojinha, com os produtos feitos na casa.

Avenida Alte Blanco Encalada 2120, San Isidro 1609, Buenos Aires. De terça a sábado, das 09h às 15h, das 20h às 23h30. Fecha domingo e segunda-feira. Entre 2200 e 3800 pesos se come à la carte. O menu-degustação custa 15 mil pesos.

Don Julio

O mais concorrido restaurante da cidade no momento, é uma parrilla especializada em carnes maturadas, da raça Aberdeen Angus. Eleito o Melhor Restaurante da América Latina em 2020, tem comida excelente, cardápio amplo, carta de vinhos com rótulos de todo o país, em diferentes faixas de preços, além de estrangeiros. Filas inevitáveis. Mas vale a visita.

Guatemala, 4691, Palermo. Abre todos os dias, das 12h às 16h das 19h à 01h. Reserva obrigatória.

Chila

Alta cozinha, produtos autóctones, pratos elaborados, servidos em menu degustação contemporâneo, voltado ao estímulo de diferentes sentidos, do olfato à audição. Ambiente elegante, cozinha à vista protegida por vidro. Lugar bonito, ambiente sofisticado.

Av. Alicia Moreau de Justo 1160. Abre de quarta a domingo, das 20h às 23h (fecha de seg. e ter.). Menu-degustação 25 mil pesos.

Estadão
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