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Realmente existe café colhido das fezes de animais?

Existem alguns tipos de cafés exóticos que são colhidos dessa forma e que podem ser vendidos por preços altíssimos; confira

15 fev 2023 - 11h25
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Você com certeza já ouviu falar que existe um café de altíssima qualidade colhido a partir das fezes de um animal. Mas, será que isso é verdade ou é apenas um mito?

É verdade! Na realidade, existem alguns cafés de ótima qualidade que são colhidos a partir das fezes de animais. O mais famoso é o Kopi Luwak, um café colhido das fezes de um animal chamado civeta, uma espécie de gato herbívoro, que é encontrado na Indonésia e se alimenta desses grãos. 

Foto: mesut zengin / iStock

No Brasil

No entanto, no Brasil, o café mais comum deste tipo é colhido a partir das fezes do Jacu, uma ave silvestre encontrada na América do Sul e na América Central em florestas próximas a cafezais, principalmente. Apesar de serem utilizadas para este fim, são aves silvestres e não são adaptadas para convívio com humanos, por isso, nenhum produtor de café mantém o Jacu em cativeiro

Jacu: animal que colhe os melhores grãos de café
Jacu: animal que colhe os melhores grãos de café
Foto: jptinoco / iStock

Todo o processo acontece de forma natural. O jacu se alimenta dos frutos maduros do café, diretamente do pé, e neste momento ele escolhe os melhores frutos, não aceitando os que estão podres ou verdes, ele seleciona apenas os melhores. Após esse processo, basta que o produtor espere ele expelir o grão, que permanece intacto, já que a ave se alimenta apenas da polpa e da casca do fruto. 

Assim, quando as partes são separadas pelo sistema digestivo do bicho, melhora as características sensoriais do grão pela fermentação natural, assim, o café acaba se tornando exótico e ainda melhor. Graças a esse processo o café fica com aroma frutado, notas de amora, morango e cereja.

Para pegar os grãos que estão nas fezes do Jacu, cada produtor escolhe um processo. Alguns vão pegando durante a safra e separando da colheita tradicional e outros limpam as áreas onde percebem a presença da ave. O processo é bem rápido e pode render um café de ótima qualidade

Durante muito tempo os produtores de café achavam que o Jacu destruía a safra, porém, depois de um tempo, ele acabou se tornando parte do negócio e é muito bem-vindo.

Na última etapa, os grãos que são encontrados ainda estão com as fezes do animal, então, as sementes são separadas das fezes e é retirada a película que não é digestiva. Após esse processo, o grão já está pronto para ser torrado e comercializado.

É possível encontrar o café selecionado pelo Jacu em sites de produtores nacionais

No Mundo

Apesar do Jacu ser o animal mais comum a fazer este processo no Brasil, ainda existem outros animais pelo mundo que desempenham essa mesma função. Como falado acima, o café Kopi Luwak é o mais famoso, uma xícara deste café pode custar até 50 libras (aproximadamente R$ 315) no Reino Unido. Além disso, no Japão, na Europa e nos Estados Unidos, esse tipo de café também é bem famoso. 

Civeta, animal utilizado para produzir o café Kopi Luwak
Civeta, animal utilizado para produzir o café Kopi Luwak
Foto: Cavan Images / iStock

O processo de produção é bem parecido, a civeta seleciona os frutos maduros do café e come, apenas a polpa é digerida, então os grãos continuam intactos ao passar pelo sistema digestivo. Após isso, os grãos são higienizados, tratados, torrados e comercializados. Esse processo, um tanto quanto diferente, faz com que os grãos fiquem com um sabor especial de chocolate e suco de uva, tornando-o menos ácido e amargo do que outros cafés. 

Também há um café conhecido pelo nome de “marfim preto” ou café Black Ivory, que é colhido a partir das fezes de elefantes na Tailândia. Nesse caso os grãos são misturados à ração dos elefantes, ele passa intacto pelo sistema digestivo e depois é expelido. Esse processo faz com que o café tenha um sabor suave. Para se ter uma ideia, um quilo do café Black Ivory já chegou a custar U$1.200 (ou R$ 6.238,08 na cotação atual).

Elefantes também são utilizados para produzir cafés exoticos
Elefantes também são utilizados para produzir cafés exoticos
Foto: KenCanning / iStock

Por último, mas não menos importante, há o Coffee Monkey, um café que é colhido após o crivo de macacos, na Índia e em Taiwan. Mas há uma diferença, nesse caso os macacos possuem o hábito de comer os frutos maduros do café, mas não ingerem o grão. Na verdade, eles tiram o caroço (semente) antes de engolir e depois de colher os frutos mais doces, mastigam lentamente e cospem. Então, o produtor recolhe esses grãos que são lavados, secos, torrados e estão prontos para serem vendidos. 

Um quilo do Coffee Monkey já foi vendido por U$700 (ou R$ 3638,88 na cotação atual).

Vale ressaltar, que apesar de parecerem exóticos em um nível muito alto, não há porque se preocupar, os grãos de todos esses tipos de café são higienizados em altas temperaturas e torrados antes de serem comercializados, processos que garantem segurança alimentar para o consumidor.

Redação Degusta
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