O vinho chegou ao Brasil com os primeiros exploradores portugueses. Desde então, a viticultura veio se desenvolvendo até que, há pouco mais de uma década, ganhou mais corpo, com a popularização da cultura do vinho.
"Estamos evoluindo e, ao resultado de cada safra, descobrimos as características do nosso terroir, conjunto de características que envolve clima e solo dos vinhedos, as melhores uvas, o que é economicamente viável e o que agrada o consumidor brasileiro, entre outras características às quais os produtores estão sempre atentos", diz Marcelo Rosa, sommelier, proprietário da enoteca O Melhor Vinho do Mundo.
Segundo ele, as vinícolas brasileiras estão evoluindo por dois caminhos distintos: um com grande produção e outra com trabalho artesanal. "Ambas com o mesmo objetivo, produzir cada vez mais vinhos de ótima qualidade, com bom custo benefício e que atendam o paladar dos consumidores brasileiros", ressalta.
Conheça um pouco dessa trajetória, saiba como anda o paladar do brasileiro e confira produtos.
Segundo registros históricos, as primeiras videiras chegaram com exploradores portugueses, mas a planta não se adaptou às condições do país
Foto: Divulgação
O primeiro vinho foi produzido em solo nacional em 1551, por um membro da expedição de Martim Afonso de Souza, chamado Brás Cubas. Mas suas plantações não duram muito
Foto: Getty Images
No século 17, os jesuítas disseminaram a cultura do vinho já que a bebida faz parte dos rituais da igreja católica. Imigrantes de outros países também trouxeram vinhos, como os portugueses
Foto: Getty Images
Um produtor de vinhos na região de Rio Pardo, no Rio Grande do Sul, ganha a primeira carta-patente para a produção da bebida o país, concedida pela Junta do Comércio do Rio de Janeiro, em 1835
Foto: Getty Images
Novos tipos de uvas chegam ao país com imigrantes alemães no século 19
Foto: Getty Images
O primeiro registro de produção de vinho no Vale dos Vinhedos, no Rio Grande do Sul, data de 1881
Foto: Getty Images
Algumas das principais empresas do ramo do país já completaram um século de vida e começaram no ramo com a chegada de imigrantes italianos ao Brasil, principalmente na região sul, a mais importante na produção da bebida
Foto: Getty Images
A Salton, por exemplo, começou a produzir vinhos com mudas trazidas pela família da terra natal. No começo, a atividade não estava nos planos dos imigrantes, instalados na Colônia Dona Isabel desde 1878
Foto: Divulgação
Em 1910, Paulo e seus irmãos, Ângelo, João, José, Cezar, Luiz e Antônio Salton fundaram uma sociedade com o nome de "Paulo Salton Armazéns Gerais" atuando no ramo de comercialização de cereais, além de fiambreria e secos e molhados em geral. Percebendo a boa adaptação das vinhas ao clima brasileiro, pouco tempo depois, mudam de ramo, passando a dedicar-se exclusivamente à cultura de uvas e à elaboração de vinhos, espumantes e vermutes, com a denominação social de "Paulo Salton & Irmãos"
Foto: Divulgação
Apesar de antigas, as empresas viram seus negócios crescerem nos anos 1990 e 2000 quando a cultura do vinho começou a ficar popular no mundo e no Brasil
Foto: Getty Images
O crescimento do mercado nacional e mundial impulsionou antigos produtores a criar uma marca. É o caso da Miolo, cuja família está no ramo desde 1897, mas partiu para a produção comercial de vinhos somente em 1990. O primeiro vinho da marca Miolo foi um merlot produzido com as uvas do Vale dos Vinhedos, sede da empresa
Foto: Divulgação
A Salton, por exemplo, implantou em 2004 sua vinícola em Bento Gonçalves, com uvas importadas e aclimatadas e equipamentos de ponta
Foto: Divulgação
Em 2006, a Miolo passou a ser chamada de Miolo Wine Group. Atualmente elabora mais de 100 rótulos produzidos em sete projetos vitivinícolas no Brasil, em diferentes regiões, incluindo as parcerias internacionais com Argentina, Chile, Espanha, Itália e França. As empresas do grupo elaboram 12 milhões de litros de vinhos finos, em sete projetos em seis regiões vitivinícolas brasileiras: Vinícola Miolo, Seival Estate, Vinícola Almadén, RAR, Lovara Vinhas e Vinhos, Bellavista Estate e Vinícola Ouro Verde. Além disso, conta também com seis acordos de joint ventures internacionais: Costa Pacífico (Chile), Osborne (Espanha), Los Nevados (Argentina), Henry Marionnet (França), além das vinícolas Podere San Cristoforo e Giovanni Rosso (Itália). Seus produtos estão presentes em mais de 30 países
Foto: Divulgação
Como o mercado ainda está em desenvolvimento, os principais produtores continuam investindo na ampliação de plantações de parreirais e construindo mais caves. Segundo a empresa Salton, em 2010, foram adquiridos 700 hectares em Santana do Livramento para plantar variedades para vinhos e espumantes nobres. Atualmente estão sendo plantadas 370 mil mudas das uvas Chardonnay e Pinot Noir. Até o momento, 110 hectares já foram plantados. A empresa conta também com parreirais próprios na Serra Gaúcha
Foto: Getty Images
Em 2012, a Miolo abriu loja na China e passou a ser a primeira vinícola brasileira a ter vinhos na China, em parceria com o seu importador local
Foto: Divulgação
Em 2009, o jornalista Galvão Bueno firmou parceria com a Miolo para produção de dois produtos: o tinto Paralelo 31 e o espumante Bueno Cuvée Prestige. A Vinícola Bellavista Estate Bueno está localizada na Campanha Gaúcha, no Paralelo 31, faixa do planeta onde se encontram algumas das melhores regiões vitivinícolas do mundo (Austrália, Nova Zelândia, África do Sul, Argentina e Chile) e reconhecida como uma das mais promissoras para o cultivo de uvas. No começo de 2013, foi anunciado que a família Bueno passa a compor o quadro acionário da empresa, junto às famílias proprietárias: Miolo, Benedetti/Tecchio e Randon
Foto: AgNews
No Brasil, não é apenas a região sul que vem se destacando na viticultura. O Vale do Rio São Francisco, entre Pernambuco e Bahia, tem se destacado como região produtora de vinhos, mesmo localizado em uma latitude (8 graus) considerada inapropriada à cultura de videiras. Produtores locais exportam quase que a totalidade de uvas de mesas e a produção de vinhos é de 5 milhões de litros por ano. Segundo o Ibravin (Instituto Brasileiro do Vinho), a vinicultura do Nordeste já detém 15% do mercado brasileiro e é a única região do mundo que produz duas safras e meia por ano
Foto: Divulgação
Lagoa Grande foi transformada em cidade em 1997 e é um destaques do Pólo Vitivinícola de Pernambuco. É a capital da uva e do vinho no Nordeste, com 10 vinícolas. O município possui uma produção anual de 20,5 milhões de kg de uvas e de 7 milhões de litros de vinho, exportando parte deste volume para outros países e diversos estados
Foto: Divulgação
Segundo o Ibravin, a melhoria das vinícolas ganhou impulso a partir da abertura econômica do Brasil. O acesso a diferentes estilos de vinhos e a concorrência com os importados levam os produtores nacionais a aumentar a qualidade
Foto: Getty Images
Dados do Instituto Brasileiro do Vinho mostram que a comercialização de vinho pelas empresas gaúchas gira em torno de 20 milhões de litros anuais desde 2004, com pequenas altas e quedas ao longo dos anos
Foto: Getty Images
Segundo Lucindo Colpat, enólogo da Salton, o paladar do consumidor brasileiro esta se tornando cada vez mais refinado. "Trata-se de uma tendência mundial e países como Alemanha e Estados Unidos passaram pela mesma mudança. Inicialmente o vinho mais doce é escolhido, pois o paladar é acostumado ao açúcar, porém a doçura mascara outros elementos do vinho e com o passar do tempo é despertado no consumidor a vontade de conhecer e degustar vinhos com sabor mais acentuado e menos doce, como os secos ou o brut", diz
Foto: Getty Images
A cultura do vinho criou também um novo segmento de viagens, o enoturismo. A Miolo, por exemplo, recebe visitantes nas vinícolas Miolo, Almadén, Lovara e Ouro Verde, com sala de degustação, visitação às caves, aos vinhedos, além de cursos de degustação. Há planos para incluir nos roteiros a Seival Estate, na Campanha Gaúcha, perto da fronteira com o Uruguai. A propriedade da família Miolo foi palco de uma das maiores batalhas travadas durante a Revolução Farroupilha. Foi lá que aconteceu a Proclamação da República Rio-Grandense. O projeto é uma tradicional fazenda dos Pampas Gaúchos. Possui criação de bovinos da raça Bradford e ovinos da raça Texel
Foto: Divulgação
Merlot Terroir, da Miolo, produzido no Vale dos Vinhedos, no Rio Grande do Sul, amadurecido durante 12 meses em barricas de carvalho R$ 74,83 (preço sugerido). Informações: 0800-9704165
Foto: Divulgação
Reserva Tannat, da Miolo, com aroma de fruta vermelha, menta, intenso, encorpado R$ 29,16 (preço sugerido). Informações: 0800-9704165
Foto: Divulgação
Castas Portuguesas, produzido com as uvas touriga nacional e tinta roriz, amadurecido em barricas de carvalho por 12 meses. R$ 54,66 (preço sugerido). Informações: 0800-9704165
Foto: Divulgação
Vallontano Cabernet Sauvignon, de vinícola de produz vinhos com garrafas numeradas. R$ 53,50, na Mistral. Informações: (11) 3372-3400
Foto: Divulgação
Vinho Classic Cabernet Sauvignon 2011, item da linha carro chefe da Salton. R$ 16,90 (preço sugerido). Informações: (11) 2281-3300
Foto: Divulgação
Reserva Merlot, envelhecido em carvalho por 12 meses, feito em Bento Gonçalves, no Rio Grande do Sul, na vinícola Vallontano. R$ 59,90, na Mistral. Informações: (11) 3372-3400
Foto: Divulgação
Salton Classic Reserva Especial 2011 Tannat, um dos vinhos carro-chefe da empresa.R$ 16,90 (preço sugerido). Informações: (11) 2281-3300
Foto: Divulgação
Classic Merlot 2011, da linha Salton Classic, um dos carro-chefe da empresa brasileira. R$ 16,90 (preço sugerido). Informações: (11) 2281-3300
Foto: Divulgação
Matiz Touriga Nacional 2011 (Vinícola Hermann) - Pinheiro Machado - Rio Grande do Sul. Composto por 75% Touriga Nacional e 25% Cabernet Sauvignon, este vinho amadurece 6 meses em barricas de carvalho francês. Combina bem com carnes, principalmente os pratos portugueses, como cordeiro. Ganhou medalha de prata no Concurso Internaciona de Vinhos Brasil 2012. O Melhor Vinho do Mundo, por R$ 49,90. Informações: (11) 4121-5576
Foto: Divulgação
Merlot Top Terragnolo DO 2010 - Vale dos Vinhedos - Rio Grande do Sul. Com Denominação de Origem, este vinho tem taninos domados, porém definidos, com bom equilíbrio entre acidez e álcool. A fruta está bem presente misturada a notas de chocolate no fim de boca. Boa evolução na garrafa nos próximos anos. O Melhor Vinho do Mundo, por R$ 148. Informações: (11) 4121-5576
Foto: Divulgação
Almaunica Syrah Reserva 2010 - Vale dos Vinhedos - Rio Grande do Sul. Com 100% de Syrah, permaneceu 12 meses em barricas de carvalho (50% carvalho francês e 50% carvalho americano), metade barrica novas e metade barrica de segundo uso. Isso marca a presença de taninos, porém macios, além de boa capacidade de envelhecimento. No paladar é encorpado e intenso, com notas de epeciarias (pimenta-do-reino), frutas escuras (framboesa, groselha e amora) e toques tostados. O Melhor Vinho do Mundo, por R$ 98. Informações: (11) 4121-5576
Foto: Divulgação
Storia Merlot 2008 Casa Valduga - Vale dos Vinhedos - Rio Grande do Sul. Este Merlot conquistou medalha de ouro no Mondial du Merlot (Suíça), o mais importante concurso deste varietal no mundo, como o Melhor Merlot do Brasil. De grande personalidade, é proveniente dos melhores vinhedos da Casa Valduga. Os aromas complexos lembram frutas vermelhas em geleia, com notas de café e chocolate. Edição limitada de 12.000 garrafas. O Melhor Vinho do Mundo, por R$ 180. Informações: (11) 4121-5576
Foto: Divulgação
Fausto Merlot Pizzato 2011 - Vale dos Vinhedos - Rio Grande do Sul. Sua breve passagem em barris de carvalho americano (10%) valoriza as características da fruta, ressaltando ameixas pretas complementadas por notas de mel e um toque sutil de couro. Apresenta taninos aveludados e prolongado final de boca. O Melhor Vinho do Mundo, por R$ 39,90 Informações: (11) 4121-5576