Faustão é como a pizza margherita, diz pizzaiolo da Globo
Amigo pessoal de Fausto Silva desde a década de 1980, o chef Massimo Ferrari é um dos nomes mais importantes da culinária italiana em São Paulo. Durante mais de 30 anos ele comandou o restaurante que leva seu nome, na Alameda Santos. Em 2007, após conflito com o irmão e sócio, decidiu seguir outro caminho. Tornou-se coordenador do restaurante da diretoria da Rede Globo e abriu a rotisseria Felice e Maria, na Vila Olímpia. Porém, levou a amizade com Faustão para o novo endereço. Em entrevista ao Terra ele não economiza elogios ao apresentador e até usa a carreira-bem sucedida do amigo como exemplo para falar do valor dos clássicos, como a pizza margherita.
Agora, o chef volta à cena com o livro Pizza do Faustão (Editora Globo), que lançou em parceria com o apresentador. A publicação reúne a história do tradicional prato italiano, 14 mandamentos de como se fazer uma boa pizza e 51 receitas. Dos sabores tradicionais aos doces, a dupla também selecionou algumas opções preferidas entre os famosos.
Confira a entrevista exclusiva com o chef Massimo Ferrari:
Terra - Seus pais, que dão nome a sua rotisseria, eram donos da churrascaria Cabana, muito famosa entre os anos 50 e 90. Como começou sua carreira como chef?
Massimo Ferrari
- Desde os 10 anos eu vivia na cozinha do restaurante. Ficar lá era um jeito de passar tempo ao lado do meu pai. Fazia lição de casa nas mesas da Cabana e ficava acompanhando tudo o que acontecia por lá. Para mim era uma brincadeira que virou uma paixão incontrolável. Mas, na verdade, não me considero exatamente um chef, tenho uma vocação e gosto da arte de receber pessoas e deixá-las felizes por meio da gastronomia.
T - Como nasceu o restaurante Massimo, que você dirigiu com seu irmão até 2007?
M - A Cabana era no centro de São Paulo e ficou com a família até 1993. Mas nos anos 70 percebemos que houve um esvaziamento do centro, muitas empresas se deslocaram da área, e meu pai achou que devíamos seguir o público que já nos conhecia. Foi aí que realizamos o sonho de montar o Massimo em 1976. Era uma proposta diferente em uma época em que não havia muitas opções de restaurantes italianos com essa cozinha refinada.
T - Como foi sair de um restaurante já tradicional e encarar o desfio de abrir a rotisseria Felice e Maria?
M - Saí de lá há seis anos depois de um conflito com meu irmão. Daí vi que era hora de seguir outros sonhos, de fazer coisas que antes não tive oportunidade de fazer. Montei a Felice e Maria, que levou esse nome em homenagem aos meus pais. Não gosto muito de falar sobre isso, mas acredito que como tenho um bom passado terei um bom futuro e tento manter o foco sempre nisso, meus novos projetos.
T - Há quanto tempo você conhece o Faustão? Como isso aconteceu?
M - O restaurante sempre foi o palco dos relacionamentos. Conheci o Fausto por volta do início dos anos 80, quando ele trabalhava no Estadão. Ele frequentava o restaurante, sempre foi um grande amante da cozinha italiana e fomos ficando mais próximos. Hoje ele é um grande amigo, quase um irmão.
T - Como a pizza apareceu na relação de vocês?
M - O Fausto tem uma cultura gastronômica invejável. É fã de comida italiana e especialmente pizza. Também adora receber os amigos em casa e esse é o prato preferido dele para isso. Também acho que a pizza é a melhor opção para confraternização. Outra vantagem é que pode ser feita com ingredientes locais, no nordeste você pode fazer uma com carne seca, por exemplo. Essa era uma paixão comum entre nós.
T - Você também trabalha na Globo. Tem uma boa relação com outras celebridades?
M - Como administro o restaurante coorporativo da diretoria da TV Globo e sou amigo do Fausto conheço bastante gente. Tenho uma boa relação com o pessoal de lá. Graças a Deus consigo agradar os outros por meio da minha cozinha.
T - No livro vocês também dão receitas das pizzas preferidas dos famosos. Qual é o seu sabor preferido?
M - Pode parecer clichê, mas para mim o melhor prato é aquele que respeita os ingredientes. Quando você coloca paixão, trata os ingredientes com ternura, o prato terá mais sabor. Clássico é clássico! Acredito que se chegou a esse status é porque provou que é bom, certo? Por isso, o Faustão é o apresentador que é hoje, ele é um exemplo desse mérito! Tomate, queijo, azeite e manjericão nasceram para ficar juntos. Coloque um toque picante e você terá um clássico.
T - Como surgiu a ideia de publicar o livro? Você já tinha vontade de publicar receitas?
M - O Massimo sempre foi um belo projeto e assim como acontece com as mulheres bonitas também era assediado. Já tinha sido procurado com propostas para lançar livros, mas meu irmão nunca quis. Então, já havia uma vontade latente. Daí o Fausto decidiu fazer esse livro em homenagem à pizza, aos amigos e a mim. Mamma mia! O Fausto me deu um presentão! Foi muito bom trabalhar com ele. O destino está me dando belos presentes.
T - Você pode passar alguma dica para fazer uma boa pizza?
M - Se eu pudesse dar um conselho escolheria o mais poético: nunca se esqueça de ver os ingredientes se transformarem dentro do forno. Observar o queijo derretendo, o tomate escurecendo, é mágico. Ser curioso e observador é essencial para se envolver na cozinha e fazer um prato com paixão e dedicação.
Veja uma das receitas do livro Pizza do Faustão:
Pizza aperitivo de queijo brie e geleia de pimenta
Ingredientes
- 1 colher (sopa) de geleia de pimenta
- 150 g de queijo brie cortado em fatias finas
Modo de preparo
Abra a massa e, numa metade, espalhe a geleia de pimenta. Acomode nessa porção as fatias de brie sobre a geleia. Cubra essa metade com a outra metade que ficou sem nada. Enrole a massa em formato de charuto, fechando bem as pontas. Leve ao forno para assar e depois corte em pedaços.
Dica
Coloque por cima do brie uma porção de amêndoas quebradas.