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Divórcio: a hora do fim e do reinício

Apesar de dolorosa, uma separação pode ser um processo necessário e restaurador Ninguém quer falar sobre, mas todo mundo conhece alguém que está passando por isso. Em 2024, o número de divórcios bateu recorde no Brasil desde 2007: foram 420 mil separações. Os motivos que levam um casamento ao fim são diversos, desde insatisfação com […]

27 mar 2025 - 16h09
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Apesar de dolorosa, uma separação pode ser um processo necessário e restaurador

Ninguém quer falar sobre, mas todo mundo conhece alguém que está passando por isso. Em 2024, o número de divórcios bateu recorde no Brasil desde 2007: foram 420 mil separações. Os motivos que levam um casamento ao fim são diversos, desde insatisfação com a convivência diária, questões financeiras, infidelidade e o desgaste emocional. E, embora pensar em uma separação possa ser assustador para muita gente, nem sempre manter um relacionamento é possível. Por isso, a Malu conversou com três especialistas sobre tudo de essencial que você precisa saber sobre o divórcio.

A primeira coisa que deve ser avaliada antes de se tomar uma decisão tão grande é justamente se o divórcio é, de fato, a única saída
A primeira coisa que deve ser avaliada antes de se tomar uma decisão tão grande é justamente se o divórcio é, de fato, a única saída
Foto: Revista Malu

Nem sempre é o único caminho

A primeira coisa que deve ser avaliada antes de se tomar uma decisão tão grande é justamente se a separação é, de fato, a única saída. "Idealmente, primeiro seria preciso avaliar os motivos que estão levando ao desejo de separação. Se são razões irreconciliáveis, ou se envolve algo que pode ser realinhado em uma terapia de casal, por exemplo", inicia Wanderson Neves de Araújo, psicólogo clínico do grupo Mantevida.

Isso porque, mesmo quando é a única opção, uma separação é um processo doloroso, que deve ser avaliado com cuidado. "Entre os desafios mais comuns estão a solidão, a sensação de fracasso, o medo do futuro e a dificuldade em se adaptar a uma nova rotina. Podem existir ressentimentos, mágoa em relação ao ex-parceiro e insegurança para recomeçar a vida amorosa, por exemplo", explica a psicóloga clínica Larissa Fonseca.

Da mesma forma como alguém enfrentando a perda de um ente querido, o divórcio pode envolver esse mesmo processo de luto. A profissional contextualiza que essa dor é natural. "É comum vivenciar um processo de luto pela relação, pela mudança de rotina e pela necessidade de reconstrução da própria identidade. Quando nos separamos, nos despedimos também de uma parte nossa que não vai existir novamente e, por esse motivo, também é um luto parcial de si. O desgaste emocional pode ser intenso, especialmente se há filhos no casamento ou quando a separação acontece em crise e conflitos."

E nem sempre envolve um processo longo!

Desde a criação da Lei no 11.441/2007, há a possibilidade de um divórcio extrajudicial, ou seja, que envolve apenas o cartório de notas. "A referida lei previu tal procedimento quando não há filhos menores ou incapazes, porém o CNJ - Conselho Nacional de Justiça -, atualizando em 2024 a Resolução No 35 de 24/04/2007, permitiu que casais com filhos menores de idade também possam optar por esse tipo de divórcio, desde que questões como guarda, visitação e pensão alimentícia já tenham sido definidas judicialmente", orienta William Bastos, advogado especialista em Direito da Família da RGBH Advogados.

Já a divisão de bens irá depender principalmente da forma como foi estabelecida no casamento civil,

embora normalmente seja a comunhão parcial (onde somente os bens adquiridos após o casamento entram na partilha). "Se não houver acordo, é possível que os bens sejam enviados para venda forçada, partilhando o resultado financeiro de forma igualitária. Se houver filhos, a pensão alimentícia será determinada conforme a necessidade dos mesmos e a capacidade financeira dos genitores. Normalmente, o juiz estabelece no início do processo, como uma obrigação para o cônjuge que não está com a guarda de fato do filho. O dever de colaborar para a educação e bem-estar dos filhos é também uma responsabilidade compartilhada", esclarece o advogado.

O que levar em consideração?

Por mais que ninguém queira se preparar para um divórcio, é preciso avaliar a situação com cuidado, pensando racionalmente e mantendo o respeito mútuo. "É essencial ponderar a qualidade da relação, apoio emocional, compatibilidade nos valores de vida e se há união entre o casal, avaliando inclusive se o relacionamento impacta negativamente a autoestima, a saúde física e mental", aconselha Larissa.

Já do ponto de vista jurídico, William reforça que é essencial que, antes de tomar essa decisão, o casal deve avaliar a possibilidade de reconciliação, considerando o impacto emocional, financeiro e social da separação. "É fundamental conversar sobre a guarda dos filhos, a divisão de bens, pensões e outras questões práticas. Ultrapassadas essas questões, lembre-se que buscar o divórcio consensual sempre é a opção mais célere e menos desgastante", afirma.

Optando pela separação, o primeiro passo é buscar por um advogado especializado. "É ele quem pode ajudar a compreender melhor seus direitos e o impacto financeiro da separação. Para facilitar o processo, o ideal é já ter feito um levantamento detalhado dos bens e dívidas do casal", complementa.

Divórcio litigioso?

Sabemos que, durante um processo tão delicado, o ideal seria que ambas as partes soubessem lidar com a situação da forma mais leve e madura possível. Como nem sempre isso acontece, a lei brasileira estabelece alguns processos para o chamado divórcio litigioso. "Ele ocorre quando não há consenso entre as partes em algum nível, então a decisão é tomada pelo juiz, após a análise de provas e argumentos", complementa William.

E em casos mais graves, como após violência doméstica? "A vítima também pode solicitar uma medida protetiva, que pode incluir o afastamento do agressor, proibição de contato e até a guarda provisória dos filhos."

Há vida após a separação, sim!

O luto pelo divórcio, como já explicamos, é natural. O que não é natural é que essa dor se torne incapacitante ou dure eternamente. Se parece difícil demais reconstruir sua identidade, o conselho é o mesmo de sempre: terapia. "A terapia oferece um espaço para lidar com as emoções do término, sem críticas e inclusive desmistificando os próprios julgamentos sobre a separação do casamento e crenças de família para ressignificar a experiência e fortalecer a própria autoestima", explica Larissa.

O acompanhamento psicológico também auxilia na identificação de padrões de relacionamento, no desenvolvimento da autonomia emocional e na construção de novos planos de vida, permitindo que a pessoa siga em frente de maneira mais saudável. "Após a separação, a dificuldade em se reconhecer é comum. E a terapia ajuda justamente nesse aspecto, de desenvolvimento da autoestima, enfrentar o medo do futuro e aceitar que, apesar de desafiador, é plenamente possível ser feliz nessa nova vida", conclui Wanderson Neves.

E como ficam as crianças?

Uma separação que envolve apenas o casal já pode ser complicada, mas tudo se aprofunda quando envolve também filhos. E ainda que, por vezes, esse divórcio seja o melhor para a família a longo prazo, o impacto inicial pode sim afetar as crianças. "É possível que aconteçam episódios de ansiedade, agressividade e estresse, por conta da mudança de rotina e da família como um todo. Especialmente quando há má comunicação entre os pais e os filhos, pode ainda acontecer um sentimento de culpa entre as crianças ou adolescentes, que, se não for tratada, ocasiona problemas até na vida adulta", alerta Wanderson Neves de Araújo, psicólogo clínico do grupo Mantevida.

Por isso, a comunicação aberta, empática e sincera é fundamental. E, idealmente, o ex-casal precisa estar disposto a cooperar para não prejudicar ainda mais a rotina dos filhos. "É preciso explicar para eles

o que está acontecendo com paciência. Mas de forma honesta, poupando a criança de detalhes desnecessários, como brigas com o ex-cônjuge. Ouça as preocupações dos seus filhos e não tenha medo de buscar orientação psicológica. Especialmente nos casos de agressividade, já que a criança está reprimindo sua dor e manifestando dessa forma violenta, o que é muito prejudicial no longo prazo", complementa o especialista.

Revista Malu Revista Malu
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