É possível diagnosticar o Alzheimer precocemente?
Médicos neurologistas explicam que existem formas de rastrear a condição; saiba mais sobre o Alzheimer precoce
O Alzheimer é uma doença neurodegenerativa progressiva que afeta as funções cognitivas como a memória, a concentração e o comportamento. Até o momento não existe cura, mas o acompanhamento das funções cognitivas é essencial para o diagnóstico precoce e os inúmeros benefícios a pacientes e familiares.
Mas, o diagnóstico precoce é possível? Na verdade, existem formas de rastrear a condição:
Consulta neurológica
Deve ser periódica. Assim como você faz check ups anuais, como o ginecológico e o cardiovascular, é ideal monitorar de forma preventiva e proativa da saúde do seu cérebro. Ou seja, não esperar aparecer uma condição, como situações de esquecimento no dia a dia, para procurar ajuda. Quem tem familiares com Alzheimer deve procurar um especialista para uma consulta e monitorar periodicamente a sua condição cognitiva.
"A avaliação neurológica é fundamental para identificar pessoas com riscos de desenvolver alguma doença neurológica. No caso das degenerativas, que afetam a parte cognitiva, pode permitir um planejamento terapêutico muito mais assertivo. Ao considerarmos o Alzheimer, sua detecção precoce permite que medidas terapêuticas possam ser executadas de forma muito mais adequada e individualizada para o paciente e seus familiares", diz o neurologista Marcos Lange.
Exame de rastreio cognitivo
Ao unir biomarcadores digitais, inteligência artificial e realidade aumentada imersiva, surgiu uma nova forma de investigação, como o sistema Altoida. O exame não invasivo é realizado a partir de um tablet ou celular, dura em torno de 10 minutos, e consegue identificar, por meio de padrões mentais e comportamentais, o declínio cognitivo precocemente.
Isso inclui não só o rastreio do Alzheimer, mas outras doenças neurodegenerativas e demenciais, como a frontotemporal (caso do ator Bruce Willis), a vascular e o Corpos de Lewy (caso do ator falecido Robin Williams).
Uma pesquisa publicada no Front Psychiatry, chamada Associations of digital neuro-signatures with molecular and neuroimaging measures of brain resilience: The ALTOIDA large cohort study, apontou que os médicos podem iniciar tratamentos precoces para demência com essa ferramenta e ainda retardar o declínio cognitivo.
"É um tipo de exame que auxilia no diagnóstico inicial, sendo de fácil realização e interpretação, permitindo ainda que o profissional possa monitorar as funções cognitivas periodicamente, entre seis meses a um ano. Neste cenário, além do auxílio diagnóstico, é útil para avaliar a resposta de medidas terapêuticas", avalia Ronald Lorentziadis, sócio-diretor da Biocare Sparkia, empresa voltada ao setor de healthcare.
Ressonância magnética
A pessoa entra em uma máquina que capta imagens detalhadas e pode detectar alterações nas estruturas cerebrais. "O mais importante do exame de ressonância é a exclusão de outras lesões que possam justificar os sintomas apresentados e ainda identificar sinais estruturais que ocorrem precocemente na demência", analisa o neurologista.
Teste genético
Realizado em laboratório, identifica genes que aumentam o risco do desenvolvimento da doença. Para a grande maioria das pessoas, mesmo ela tendo os genes, não significa que vai desenvolver a demência.
Vale lembrar que o Alzheimer também pode ter seu risco aumentado por outros fatores, como sedentarismo, obesidade, hipertensão e tabagismo. "Levar uma vida saudável, com bons hábitos e acompanhamento regular de sua saúde, é fundamental para ajudar a reduzir esses riscos", conclui Marcos Lange.