Essas dicas fogem do clichê: 4 formas de começar o ano com equilíbrio emocional
Com base em pesquisas científicas, especialistas revelam como driblar o estresse neste período e alcançar o tão desejado equilíbrio emocional
De acordo com um estudo publicado na revista Clinical Psychology Review (1), em 2023, aproximadamente 20% dos entrevistados experimentam algum nível de ansiedade no início do ano. A prevalência é maior entre mulheres, jovens adultos e pessoas com histórico de ansiedade.
O estudo, realizado com mais de 1.500 pessoas de vários países, identificou que as principais causas da ansiedade no começo do ano estão relacionadas a expectativas elevadas, pressão social e ao medo do desconhecido.
Segundo Monica Machado, psicóloga, fundadora da Clínica Ame.C e pós-graduada em Psicanálise e Saúde Mental pelo Instituto de Ensino e Pesquisa do Hospital Albert Einstein, o período é tido como um novo ciclo, algo que pode gerar um extremo desconforto para pessoas indecisas ou inseguras com o futuro.
"O ideal é identificar os gatilhos que provocam a sobrecarga emocional nesta época, mitigando sintomas como angústia, alterações de humor, insônia, ou sono em excesso, dores musculares constantes e fadiga", explica Monica Machado.
Para evitar que você experimente estes sintomas, especialistas selecionaram 4 dicas para manter o bem-estar e o conforto emocional.
4 maneiras de começar o ano com equilíbrio emocional
Distraia a mente com a leitura
Segundo um estudo publicado no periódico Trends in Cognitive Sciences, a leitura aumenta as conexões neurais, melhorando as funções cognitivas, diminuindo os níveis de cortisol (o "hormônio do estresse"), desacelerando os batimentos cardíacos e o ritmo da respiração, e minimizando os sintomas do Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG).
De acordo com Danielle H. Admoni, psiquiatra geral, supervisora na residência da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP/EPM) e especialista pela ABP (Associação Brasileira de Psiquiatria), dentre as funções cognitivas, destacam-se a consciência, a orientação, a sensopercepção e a concentração.
"Daí a importância de escolher livros com temas que sejam de seu interesse, para que prendam sua atenção e direcionem sua concentração somente no livro. Uma vez envolvida na história, a pessoa se desliga do mundo externo e, consequentemente, dos agentes estressores", explica,
Durma em boa companhia
Segundo um estudo da Universidade do Arizona, nos Estados Unidos, pessoas que dividem a cama com seu(sua) parceiro(a) têm menos insônia, menos fadiga, mais horas de sono de qualidade, menores índices de depressão, ansiedade e estresse, além de sentirem maior suporte emocional e satisfação com a vida.
"A presença física do(a) parceiro(a) na cama diminui os níveis de cortisol, proporcionando sensação de segurança, conforto e confiança", afirma Bárbara Bastos, sexóloga clínica e educacional pela FASEX, e pós-graduanda em Sexualidade Humana pelo Child Behavior Institute of Miami
Conforme a sexóloga, que também é especialista em Terapia Cognitiva Sexual, dormir a dois libera ainda a ocitocina, o "hormônio do amor", que gera extremo bem-estar em resposta a estímulos prazerosos, como abraços, carícias, troca de olhares e beijos. "Vale lembrar que estes efeitos só ocorrem se você e o(a) companheiro(a) de cama realmente tiverem uma conexão emocional verdadeira", alerta Bárbara Bastos.
Pratique solidariedade
Um estudo da Harvard Business School, feito em 136 países, apontou que pessoas generosas são as mais felizes, principalmente quando praticam ações solidárias de forma contínua. Segundo Monica Machado, a prática da generosidade libera hormônios responsáveis por emoções como prazer, bem-estar e recompensa.
"Quando você percebe que suas atitudes realmente fizeram a diferença na vida de alguém, a dopamina promove uma sensação de euforia tão intensa que os pesquisadores a chamam de 'o barato da generosidade'", conta a psicóloga.
Reforce a vitamina B6
De acordo com Paula Molari Abdo, farmacêutica pela USP, diretora técnica da Formularium, especialista em Atenção Farmacêutica pela USP e membro da ANFARMAG (Associação Nacional de Farmacêuticos Magistrais), a deficiência da vitamina B6 pode comprometer o funcionamento do organismo e o desempenho do sistema nervoso central.
"A B6 participa da síntese de hormônios como dopamina, serotonina, noradrenalina, melatonina e ácido gama-aminobutírico (mais conhecido como GABA, que bloqueia os impulsos entre as células nervosas do cérebro). Todos eles regulam o bom humor, prazer, bem-estar e relaxamento, bem como inibem ansiedade, estresse, dor e até depressão", diz.
Uma pesquisa da Universidade de Reading, do Reino Unido, confirmou estes efeitos. Após consumir doses diárias de vitamina B6 durante 30 dias, um grupo de adultos jovens teve uma diminuição significativa dos sintomas de ansiedade e depressão já diagnosticados antes do estudo.
"Vale lembrar que nosso corpo não consegue sintetizar sozinho as vitaminas do complexo B. Daí a importância do consumo de suplementos, com orientação médica, ou alimentos que contenham a vitamina, como carne, leite, ovos, abacate, soja, aveia, tomate, nozes, entre outros", finaliza Paula Molari Abdo.
(1) Estudo: "The Prevalence and Correlates of New Year's Anxiety"
Publicação: Clinical Psychology Review
Autores: Michael A. Tolin, Ph.D. Eric M. A. Storch, Ph.D. Michael J. Franklin, Ph.D. Thomas G. Ollendick, Ph.D.