Estresse e insatisfação no trabalho aumentam em 97% risco cardíaco, diz estudo
Os cientistas acompanharam dados de quase seis mil trabalhadores assalariados no Canadá durante 18 anos; descoberta foi publicada no Journal of the American Heart Association
Estresse no trabalho e insatisfação com a profissão podem ser mais prejudiciais para a saúde do que se imagina. Um recente estudo publicado no Journal of the American Heart Association no último dia 14 revelou que esses fatores aumentam consideravelmente o risco de desenvolver fibrilação atrial, uma arritmia cardíaca que pode ter sérias consequências.
A fibrilação atrial afeta entre 2% a 4% da população global e é conhecida por causar batimentos cardíacos irregulares e rápidos. Os sinais incluem palpitações, fraqueza, falta de ar e dor no peito. Essa condição pode levar a quadros críticos, como AVC e insuficiência cardíaca se não monitorada adequadamente.
Até então, o estresse no ambiente de trabalho era geralmente vinculado a doenças cardíacas. No entanto, a pesquisa é a primeira a observar especificamente como a combinação de alta pressão no trabalho e desequilíbrio entre esforço e recompensa impacta a probabilidade de desenvolver fibrilação atrial.
Os cientistas acompanharam dados de quase seis mil trabalhadores assalariados no Canadá durante 18 anos. Eles descobriram que o alto estresse no trabalho elevava em 83% o risco de fibrilação atrial. A sensação de desequilíbrio entre o esforço despendido e a recompensa recebida também aumentava o risco em 44%. Quando ambos os fatores estavam presentes, o risco subia para 97%.
O que significa alta pressão no trabalho?
Alta pressão no trabalho é descrita como uma situação onde os empregados enfrentam altas exigências e prazos curtos, mas possuem pouco controle sobre suas tarefas e decisões. O estudo também abordou o desequilíbrio entre esforço e recompensa, evidenciado quando o esforço do trabalhador não é proporcional ao salário, reconhecimento ou segurança no emprego.
Xavier Trudel, epidemiologista ocupacional e cardiovascular e professor associado da Universidade Laval, em Quebec, no Canadá, destaca a importância de identificar esses estressores. "Reconhecer e abordar estressores psicossociais no trabalho são necessários para promover ambientes de trabalho saudáveis que beneficiem tanto os indivíduos quanto as organizações onde trabalham", afirmou em comunicado à imprensa.
Como as empresas podem melhorar o ambiente profissional?
Para mitigar os efeitos negativos do estresse no trabalho, as empresas podem adotar medidas como a redução da carga de trabalho em grandes projetos, evitando a sobrecarga dos funcionários. Além disso, a implementação de horários mais flexíveis contribui para o equilíbrio entre vida pessoal e profissional. Também é essencial promover reuniões frequentes entre gerentes e equipes, a fim de identificar e resolver problemas de forma eficaz.
Se você está sentindo os sinais de fibrilação atrial ou acredita que o estresse no trabalho está afetando sua saúde, consulte um médico. Intervenções precoces podem evitar complicações maiores no futuro.
*Matéria originalmente publicada em Perfil Brasil