Hepatite misteriosa: 5 informações sobre a doença
Acometendo principalmente crianças, a hepatite misteriosa já está presente em mais de 20 países; veja como proteger os filhos
Mais uma doença vem acendendo o alerta em pais e mães de todo o Brasil: o surto da "hepatite misteriosa". A condição carrega esse nome por conta de sua origem desconhecida e pode trazer sérias consequências como o transplante de fígado.
A doença afeta crianças e já foi registrada em cerca de 20 países como o Reino Unido — onde está a maioria dos casos —, Espanha, Estados Unidos, França, Noruega e Argentina. O Brasil também já possui casos registrados, mas todos estão sob investigação.
A hepatite misteriosa também está sendo investigada pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Contudo, já existe uma certeza: não existe causa entre a doença e a vacinação infantil contra a Covid-19.
O que se sabe sobre a doença?
Como a hepatite ainda não possui uma causa concreta, a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), descreveu com detalhes o que já se sabe a respeito dessa doença. Há também algumas suspeitas e sintomas que podem dar um sinal de que há algo de errado. Confira abaixo de forma resumida:
1.O que é essa hepatite aguda ou "hepatite misteriosa"?
De forma técnica, a síndrome clínica entre os casos identificados é a hepatite aguda (inflamação do fígado de forma abrupta) com enzimas hepáticas acentuadamente elevadas. O adenovírus foi detectado em pelo menos 74 casos; em 18 casos, testes moleculares identificaram a presença do adenovírus F tipo 41 e em 20 foi identificada a presença do SARS-CoV-2. Além disso, em 19 houve uma coinfecção por SARS-CoV-2 e adenovírus.
O que envolve esse mistério entre os casos de hepatite detectados nessas crianças é que os vírus comuns que causam hepatite viral aguda (como os vírus da hepatite A, B, C, D e E) não foram detectados em nenhum desses casos.
Viagens internacionais ou conexões em outros países não foram identificados como fatores da doença. Por isso, sua real causa ainda está sob investigação pela OMS.
2. Quais são os sintomas e o tratamento?
Entre os casos já detectados com a hepatite misteriosa, os principais sintomas eram: sintomas gastrointestinais, incluindo dor abdominal, diarreia e vômitos e aumento dos níveis de enzimas hepáticas, além de icterícia — coloração amarelada na pele, olhos e/ou mucosa — e ausência de febre.
Por não ter uma causa determinada, o tratamento atual da doença visa alívio dos sintomas, além de manejo e estabilização em casos graves. Assim que a hepatite tiver uma origem determinada, esses tratamentos poderão ser aprimorados.
3. Por quê o surto de hepatite em crianças? Tem a ver com o adenovírus?
Uma das hipóteses trabalhadas como a causa para a hepatite é a infecção pelo adenovírus, já que muitas crianças apresentaram a presença deste vírus. Sendo um vírus comum, o adenovírus pode causar sintomas respiratórios, vômitos e diarreia, e, geralmente, a infecção é de duração limitada e não evoluindo para quadros mais graves.
Houve casos raros de infecções graves por adenovírus que causaram hepatite em pacientes imunocomprometidos ou transplantados, por exemplo. No entanto, as crianças infectadas eram anteriormente saudáveis.
4. A hepatite misteriosa possui relação com a Covid-19 ou com a vacina?
Conforme as informações atuais da OMS, a maioria das crianças detectadas com a hepatite aguda não receberam a vacina de Covid-19, descartando assim uma ligação entre os casos da doença e a vacinação infantil. Entretanto, existe uma linha de investigação que considera o coronavírus, já que, em alguns dos casos, foi detectada o vírus SARS-CoV-2 em crianças.
5. Como proteger os filhos dessa hepatite?
Segundo a OPAS, o mais importante é ficar atento aos sintomas, como diarreia ou vômito, e aos sinais de icterícia — quando a pele e a parte branca dos olhos ficam amareladas. Nestes casos, deve-se procurar atendimento médico imediatamente.
A recomendação também inclui o uso de medidas básicas de higiene, como lavar as mãos e cobrir a boca ao tossir ou espirrar para prevenir infecções, que também podem proteger contra a transmissão do adenovírus.
Por fim, a recomendação principal para pais preocupados com a saúde dos filhos, é que se mantenham informados e em estado de monitoramento. Enquanto isso, as atividades competentes como a OMS e a OPAS continuarão em estado de investigação da hepatite.