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Uva Teroldego resgata identidade no sul do País

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A questão da identidade e cultura nos vinhos é parte do repertório dos enólogos. Para quem se preocupa com os aspectos culturais da produção de vinhos da região de Bento Gonçalves, no Rio Grande do Sul, a uva Teroldego tem importância singular. Segundo a obra de Nicolas Belfrage, Barolo to Valpolicella-the wines from northen Italy (Mitchell Baezley, 2004), a Teroldego tem origem no Vêneto, mas hoje pouco se vê dela por lá. Seu cultivo está atualmente mais ao norte, no Trento. Ambas as regiões foram pólos de onde saíram imigrantes italianos para o Brasil do segundo reinado, em 1875, que se tornaram colonos de terras na região de Bento Gonçalves e cercanias.

Detalhe do gaúcho Barcarola
Detalhe do gaúcho Barcarola
Foto: Carlos Alberto Barbosa / Especial para Terra
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Não foi com a simples chegada dos imigrantes italianos que a Teroldego se tornou uma uva cultivada e vinificada em solo brasileiro. Seu uso na vinificação comercial no País se deve às gerações de enólogos, descendentes das primeiras levas de colonos italianos, que realizaram o caminho de volta para as regiões de origem de suas famílias a fim de ter contato com sua própria história e buscar formação especializada. No Trento, onde a Teroldego está presente, ela pode dar vinhos estruturados e ricos em taninos quando o cultivo adequado garante baixo rendimento das vinhas. Se no solo trentino a Teroldego é presença certa, no Brasil ela não é uma uva de destaque, mas é para muitos vinicultores a presença de aromas e sabores que povoam a lembrança tênue das raízes familiares que ficaram no solo do Vêneto e do Trento.

A busca dessas raízes familiares é também parte da história dos irmãos César e Marcelo Petroli, da vinícola Barcarola. César teve sua formação em enologia na Universidade de Engenharia de Trento e na Universidade de Udine, além de ter realizado estágio e atuado profissionalmente em vinícolas da região. Lá trabalhou com as castas Teroldego e Lagrein, duas cepas cultivadas e vinificadas pelos irmãos Petroli no Vale Aurora, em Bento Gonçalves. Além do varietal da uva Teroldego, já engarrafado e comercializado pela Barcarola, os irmãos Petroli também continuam a experimentar a casta, fazendo testes em barricas. Um dos testes, ainda não comercializado, expressa boa complexidade com madeira e fruta muito bem harmonizadas.

Também na vinícola Angheben, de família igualmente originária da região do Trento, um bom exemplar da Teroldego. Um vinho para se beber com atenção. Ele possui boa complexidade com notas terrosas, frutas vermelhas e um toque animal.

Enquanto se luta pela Denominação de Origem Vale dos Vinhedos, apontando como possibilidade da Merlot ser a uva símbolo da região, outras variedades resultam em vinhos de resgate histórico, que também podem ser uma alternativa para os apreciadores que queiram fugir do lugar comum. É esperar para ver as próximas safras.

Veja algumas vinícolas que vinificam a casta Teroldego:

Angheben: (54) 34591261

Milantino Vinhos Finos: (54) 3459-1331

Vinícola Barcarola: (54) 3451-2478

Vinícola Salton: (54) 2105-1000

Fonte: Especial para Terra
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