A importância das escolhas para a transformação pessoal
Devemos aprender a transformar o que há de mais negativo e assustador em possibilidade de germinação e florescimento
Não existe nada mais compensador e prazeroso na vida, do que estar atento e consciente dos nossos processos internos, nossas armadilhas inconscientes. Vivemos uma série de acontecimentos diários que, muitas vezes, não nos apercebemos de que forma estamos agindo ou reagindo às situações, que querendo ou não, gostando ou não, cruzam nosso caminho. Os trânsitos astrológicos nos dão um norte, uma direção, nos organizam internamente.
Quando escolhemos o caminho espiritual como prioridade em nossas vidas, devemos saber que uma série de acontecimentos vão surgir, seremos testados em nossos limites, para sabermos e sabe-se lá quem mais, até onde podemos ou não chegar. Costumo dizer que o mapa astral é como uma peça de teatro, onde colocamos no palco alguns planetas (arquétipos) e outros nos bastidores, ou seja, parte de nós fica sob a luz da consciência, parte distante, mais próximo de nossas sombras.
O mais importante em todo processo de nossas vidas, ou seja, durante todo nosso processo evolutivo, é que devemos estar atentos às nossas motivações inconscientes. A máxima “Conhece a ti mesmo” mostra que essa premissa é fundamental para seguirmos nesse processo. Todos os que escolhem o caminho espiritual possuem, de uma maneira ou outra, a vontade de servir. Mas o que não devemos perder de vista é que cada um de nós tem uma função nesse servir, que é naturalmente criada a partir da nossa personalidade e escolha de nossa alma.
Quase sempre sabemos sobre essa função, no que diz respeito à nossa personalidade, no entanto, quando falamos em alma, nossa percepção muitas vezes se confunde. Perceba que quando sonhamos por muito tempo que algo está prestes a acontecer, muitos dos nossos sentimentos inconscientes afloram com grande força, e nos colocam em situações que pensávamos estar solucionadas. Muitos processos infantis afloram como quando a sujeira emerge do ralo entupido. Nesse momento, a única coisa que podemos fazer é enfrentar o que deve ser enfrentado e transformar o que deve ser transformado.
Os principais sentimentos que enfrentamos nesse processo, sem nenhuma dúvida, são os nossos medos. Em toda busca e processo evolutivo, seja individual ou coletivo, existe a necessidade de nos depararmos com a nossa sombra, com o que mais nos causa mais medo, e certamente é do que mais nos atemoriza que costumamos fugir.
Nossa capacidade de suportar algumas situações é testada frequentemente, até o momento que sentimos que, de fato, estamos mais fortes, pois percebemos que algumas situações que anteriormente eram mais difíceis, se tornam corriqueiras. Todos sofremos de alguns medos agudos, uns mais, outros menos, mas inevitavelmente, em nossas provações durante a vida, devemos nos confrontar com nossos fantasmas, nossos demônios pessoais, nossa sombra.
Nossa coragem e capacidade de entrega são testadas e, por falar em entrega, na maioria dos casos, a entrega parece ser um dos nossos maiores obstáculos, porque ela nos remete ao grande teste do desapego e de nossa fé! Entenda o significado do desapego, pois desapego está longe de significar falta de amor e de vínculos.
Nesse processo de aprendizado, do desapego e da entrega, não podemos exercer nenhum controle, devemos evitar o medo e a ansiedade. A única coisa que devemos controlar, é o nosso medo e angústia. Como se faz isso? Não é tão difícil quando temos consciência do significado do aprendizado. Devemos saber o que é, qual a origem desses medos e só nesse momento podemos enfrentá-lo e entender que ele não passa de uma forma pensamento criada por nós mesmos.
Criamos sim nossa própria realidade a partir de nossos pensamentos, que são responsáveis pelo nascimento dessas formas pensamentos. Essa é mais uma passagem pelo umbral na senda espiritual, o enfrentamento com nossos demônios pessoais, criados a partir dos nossos sentimentos e pensamentos.
Para que as flores cresçam e espalhem perfume em nosso jardim interno, devemos semear a terra e colocar as mãos no adubo puro que nós mesmos criamos para nós. Devemos apenas aprender, nesse processo, a transformar o que há de mais negativo e assustador em possibilidade de germinação e florescimento.